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domingo, 20 de junho de 2010

Homenagem póstuma a Saramago


POEMA A BOCA FECHADA



Não direi:

Que o silêncio me sufoca- e amordaça.

Calado estou, calado ficarei,

Pois que a língua que falo é doutra raça.



Palavras consumidas se acumulam,

Se represam, cisterna de águas mortas,

Ácidas mágoas em limos transformadas,

Vasa de fundo em que há raízes tortas.



Não direi:

Que nem sequer o esforço de as dizer merecem,

Palavras que não digam quanto sei

Neste retiro em que me não conhecem.



Nem só lodos se arrastam, nem só lamas,

Nem só animais boiam, mortos, medos,

Túrgidos frutos em cachos se entrelaçam

No negro poço de onde sobem dedos.



Só direi,

Crispadamente recolhido e mudo,

Que quem se cala quanto me calei

Não poderá morrer sem dizer tudo.

sexta-feira, 18 de junho de 2010

Adeus, Saramago



Hoje faleceu José Saramago. Escolheu viver longe de Portugal numa ilha, cercado de mar por todos os lados. Lanzarote foi o seu refúgio. Não gostava de Portugal. Lá teria as suas razões...como Maria João Pires e outros grandes vultos da nossa cultura, achava-se mal amado no nosso país. Não era persona grata, por muito que agora todos os amem e exaltem.
Nunca fui apologista das suas obras, so li duas e gostei: Todos os Nomes e O Ano da Morte de Ricardo Reis, mas houve outras , entre os quais o Memorial do Convento que deixei a meio ou a 1/4. Não vou aqui homenageá-lo, acredito que foi uma personalidade única na cultura portuguesa e será sempre lembrado como pessoa corajosa e polémica. Não sei se todos os que compram os seus livros os lêem...tenho dúvidas. Mas há jovens que o lêem e gostam. Ainda bem.