sábado, 17 de novembro de 2012

British jewels

Os ingleses sabem viver.

Pelo menos exportam toda uma cultura de lifestyle, que já não será o deles actualmente, mas que nos transmite uma imagem de conforto, bem estar e tradição preservada.

Não podemos esquecer que a nossa gastronomia é riquíssima e a deles o que se sabe.
No entanto, há preciosidades e receitas que todos nós apreciamos, pois têm aquele sabor inglês único.

Dantes quando ia a Inglaterra não resistia às tartes várias, aos shortbreads, aos pastries ou bolos de fatia, quase todos fabricados com manteiga. Tudo isso é calórico e aumenta o colesterol, de modo que ultimamente já me coibia de ceder à tentação. Mas a imagem do chá tradicional, que em nossa casa eram hábito de fim de semana, ficou-me na memória.

A minha filha foi hoje ao Bazar de Natal no Clube Inglês, aqui perto de nossa casa e trouxe de lá, para meu deleite, shortbread de gengibre e lemon curd.

Sei fazer ambas as coisas, mas  nunca ficam com este sabor....

Fiz um chazinho de cidreira, acompanhei-o com estas iguarias e pareceu-me que estava numa sala à inglesa, com a lareira acesa, biblioteca recheada de boa leitura e conforto espiritual. Só faltava uma das personagens de Dickens a fazer-me companhia, de preferência Miss Trotwood do David Copperfield:).

sexta-feira, 16 de novembro de 2012

cores

Poderia pintar cem quadros que nunca me satisfariam...

As cores do Outono são demasiado voláteis, entram e saem da nossa visão sem as conseguirmos agarrar.

E o pincel queixa-se.



quinta-feira, 15 de novembro de 2012

Embalada pelo piano

O meu filho encontrou em casa duma das minhas irmãs uma relíquia familiar, que colocou no Facebook e nos comoveu a todos, sobretudo aos que conheceram os meus avós, o casal mais original, mais carismático ( para mim) e mais carinhoso que jamais conhecerei.

Já aqui falei dos meus antepassados, sempre com orgulho; talvez a distância e a poeira do tempo me façam embelezar o quadro familiar, esfumando as neblinas que tenham porventura existido. Há muito que as saudades me impedem de ser racional. Vejo tudo cor de rosa.






Esta dedicatória que aqui vêem foi escrita, em 1927, pelo meu Avô numa partitura que  ofereceu à minha Avó, recordando os belos momentos em que a ouvira tocar "divinamente" aos 17 anos na saleta à meia-luz. Casaram dois anos depois.

O meu Avô tinha mais 17 anos que ela, mas ninguém reparava nisso, tal era a sua juventude de espírito, alegria de viver e encanto pessoal. Ele era o que se chama uma "força da Natureza" e talvez a pessoa que mais me influenciou em toda a minha vida, embora tenha falecido tinha eu 17 anos. Amava-nos a todos, conhecía-nos melhor do que nós próprios, escreveu os nossos perfis com uma clarividência espantosa, Ainda hoje me impressiono quando leio certa coisas que escreveu e vejo como éramos importantes para ele.

Não sei se este Arabesque é o de Debussy,  uma das peças que o meu filho toca no piano a meu pedido, pois a minha Mãe constumava tocá-lo depois de almoço, quando se sentava ao piano, há mais de 40 anos...um peça lindíssima, que me faz vir as lágrimas aos olhos.

Oiço Baremboim a tocar Liszt, os dedos sobre as teclas e penso na sorte que tive - e ainda tenho de nunca ter estado longe dum piano e de alguém que o tocasse.




terça-feira, 13 de novembro de 2012

O Outono a morrer no botanico

Hoje vi o Outono a morrer...apesar do sol radioso que iluminava o meu jardim.

Há árvores que ainda se julgam no Verão e aguardam não sei que milagre para não amarelecerem nem perderem as suas folhas, outras das quais já só se vêem os troncos esguios, filamentos negros no céu azul, rendas eternas, infinitas.

Este jardim é uma imagem de perenidade e de vulnerabilidade, simultaneamente. É a nossa imagem, afinal, perenes naquele momento em que, por milagre, resistimos a tudo e a todos, mas vulneráveis em tantos outros, em que nos faltam forças e quereríamos que tudo terminasse.
Cedros, ciprestes, arbustos como as camélias, buxos e mesmo os nenufares mantém-se bem vivos e verdes, como que a assegurar-nos de que a nossa vida pode manter a juventude até mais longe...   mas, depois, há os áceres, os castanheiros, os plátanos, a vinha virgem, a glicínea, as dálias, as rosas a morrer ou a despedir-se, atapetando os caminhos, as áleas, as fontes, as estátuas e as ruas, dizendo adeus até para o ano, ou adeus para sempre. 
Os áceres são as mais bonitas, em contraluz, dir-se ia que estamos na igreja diante de vitrais de todas as cores. Nenhuma fotografia consegue apanhar o irisado das folhas douradas e vermelhas, tremelicando ao vento ou reflectidas no lago, numa dansa maravilhosa mas macabra...

Não há dia, nem hora em que a Natureza seja igual, já tirei mais de 500 fotografias neste local e descubro sempre novos temas, novas nuances, matizes e diversidade infinita.

Andar meia hora aqui faz-me bem à alma. Quisera que as minhas cinzas um dia fossem deitadas junto à palmeira da minha Avó na Luz, mas agora que a palmeira morreu, julgo que preferia ficar neste lugar mágico, perto de gente, crianças e árvores que nunca morrem...

Hoje, dia 13, o meu filho mais novo celebra os seus 32 anos.

Foi um dos dias mais difíceis da minha vida...mas ele cá está para minha alegria e eterno agradecimento.

Aleluia! Viva a VIDA!







domingo, 11 de novembro de 2012

Armistício - 11 de Novembro de 1918



Hoje é o Poppy Day, o dia do Armistício, em que foram seladas tréguas entre a Alemanha e os países Aliados, acabando com uma carnificina que durava há quatro anos e fez milhões de mortos e feridos.

Em Inglaterra, comemora-se com pompa e circunstância, daí eu pôr aqui o vídeo da célebre peça de Elgar, infelizmente conotada cá com campanhas eleitorais oportunistas.


Esta foto foi tirada em Leeds há uns anos. O memorial fica em frente ao Museu Municipal na Headrow, a avenida mais frequentada da cidade.