sábado, 31 de dezembro de 2011

FELIZ ANO NOVO



O meu APPLE resolveu despedir-se do ano velho, avariando. Culpa minha que entornei chá quente por cima do keyboard. Acende, mas depois não abre os sites ....é dramático para uma PC freak como eu. Estou a usar o da minha filha, mas não tenho aqui fotos, nem grandes possibilidades...apenas quadros meus...este já de 2010.

Desejo-vos a todos um ano de 2012 o melhor possível e que a crise vos não afecte muito, acreditem e tentem superar as expectativas - as positivas , claro.

Um abraço para todos os leitores

Até para o ano!

quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

Lisa Gerrard

É uma cantora australiana pouco conhecida,
mas que uma vez ouvida, nunca mais se esquece. Tem uma voz fabulosa e uma expressividade inegualável.


Ouvi-a pela primeira vez há uns dez anos quando era fã de música alternativa e em especial duma banda, que nasceu e morreu nos anos 90, creio, os Dead Can Dance, criadores de albuns de música gótica
melodiosa e quase viciante. Passava horas a ouvir CDs deles , que fui comprando. Tenho uns cinco e gosto de todos.

Lisa era a vocalista feminina da banda, separando-se depois deles e cantando a solo. Também comprei os CDs todos dela e quando oiço a música de alguns filmes como The Insider ou Gladiator, até sinto um calafrio na espinha.
Uma vez num forum, há muitos anos escrevi que Bach era para mim uma prova da existência de Deus.Um amigo meu respondeu: E a Lisa Gerrard?

Oiçam esta peça e digam-me lá se não é divinal?

Árias

terça-feira, 27 de dezembro de 2011

Musica da velha Rússia

Ontem fui a um espectáculo diferente na Casa da Música com o meu ex- e a minha filha. Prometia: coros, orquestra e bailados do exército de S. Petersburgo. Muito esplendoroso, com pedacinhos de tonalidade eslava, cantados por homens, sussurrados como os barqueiros costumam fazer, assobios, ritmo alucinante, elasticidade dos movimentos, cores garridas e solistas de voz potente. A Casa da Música aqueceu - é uma das salas mais frias que conheço, apesar de linda - e as tantas já todos batiam palmas ao ritmo da balalaika. Uma experiência única e bastante excitante. Talvez não tão fulgurante como esperava, mas mesmo assim interessante e agradável.

Como diz a publicidade ao evento:

Cem artistas, deslumbrantes vestuários, impressionantes coreografias, um coro imponente de vozes masculinas, fazem do "Exército Russo" uma apaixonante viagem à Rússia Ancestral. A origem dos conjuntos de Coros e Danças do Exército Russo remonta às guerras mundiais, quando estas formações levavam canções de amor e esperança aos soldados do fronte e aos hospitais. Após a chegada da paz, aquelas vozes e muitas outras converteram-se num dos espetáculos russos mais aplaudidos do mundo.
O Coro, Ballet e Orquestra do Exército Russo de São Petersburgo,
integra uma centena de artistas, e constitui uma das melhores representações do folclore e da arte vocal e coreográfica da Rússia.O Ballet, com deslumbrantes vestuários e originais coreografias, apresenta danças que falam da vida
agrícola, de amor e de batalhas enquanto a Orquestra, que é composta por 30 músicos, nos traz a música das populares balalaikas e acordeões.


Fica aqui a melodia mais conhecida: KALINKA.

O exército russo

domingo, 25 de dezembro de 2011

Dia de Natal

Há uns anos que o meu dia 25 é assim: calmo, sereno, passado em casa com o cheiro do cozido e das rabanadas da véspera, música já menos natalícia e mas sempre calma, filhos solteiros por aqui, lareira acesa, pinhas vermelhas e a crepitar...
Penso com nostalgia , mas também com alívio, nos dias de Natal de antigamente, quando depois da consoada com bacalhau na minha casa, saíamos de manhã pelas 11 do Porto, parávamos na Mealhada para almoçar - o leitãzinho era sagrado e o meu marido adorava aquela cerimónia - chegávamos a Lisboa pelas 4, dirigíamo-nos a casa da minha Mãe, onde ainda só estavam algumas pessoas da família. A minha Mãe e a minha Avó, que viveu até aos 94 anos, gostavam das minhas rabanadas e eu fazia uma calda para deitar por cima, pois já estavam um pouco secas. Bebíamos uma chazada. O chá do grande bule beige parecia diferente dos chás que se bebem por aí...ou então era a minha saudade da Índia, latente nos meus genes, que me fazia bebê-lo com mais prazer.
Aos poucos, a casa ia-se enchendo de gente, manos e manas, sobrinhos, namorados por vezes, bébés pequeninos que eram arrancados ao sossego de repente e confrontados com os seus parentes barulhentos e a algazarra inerente, as prendas que enchiam metade da sala à volta do pinheiro enfeitado pelo meu irmão mais novo, os beijinhos, as conversas de ocasião, as roupas bonitas, os risos e os choros...
O jantar era lauto com iguarias trazidas por todos, nunca faltando a sopa de peixe da minha irmã e o caril de porco, assim como a tarte da Anke ( espécie de mars em bolo), que fazia as delícias dos primeiros que a conseguiam comer.

Depois tínhamos a cerimónia das prendas, que levava quase duas horas pois todos gostávamos de ver o que cada um recebia ou dava. Tornava-se uma pasmaceira um pouco ridícula e a pouco e pouco, fomos encurtando e simplificando a logística da troca.
Por vezes havia discursos, a minha Mãe fez o último em 2002, falecendo em Maio de 2003. Insistira para que a festa ainda fosse em sua casa e nós fizémos-lhe a vontade, talvez já com um pressentimento de que seria o último.
Não apreciava muito estar com a família toda reunida e havia sempre picardias, choros ou desentendimentos - como nos filmes de Woody Allen , nada do que parece é - sentia sempre grande desilusão, pois fora criando uma imagem da família diferente na minha imaginação... e a realidade e, sobretudo o meu afastamento, tinham-me marcado indelevelmente.
Depois de dois dias em Lisboa, estava ansiosa por voltar ao Porto, ao meu lar, ao sossego da minha família pequenina...a viagem de regresso era diabólica...mas
ainda tinha uns dias de férias e o Natal, felizmente, já era...

quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

Christmas cards

Já lá vai o tempo em que as pessoas comunicavam no Natal através dos correios tradicionais e de forma mais cuidada.Ainda me lembro das horas que os meus pais passavam sentados na mes da sala de jantar a escrever a todos os seus amigos estrangeiros e de irmos ao correio na véspera de Natal.
Hoje contam-se pelos dedos os cartões de BF que recebo todos os anos e muitos deles são de bancos, lojas ou editoras, sem grande significado, nem texto, muitas vezes quase só publicidade.


Hoje recebi um que me comoveu especialmente porque veio da Alemanha duma amiga que foi professora dos meus três filhos no Colégio Alemão e com quem trabalhei em projectos Comenius mais tarde, e que ainda se dá ao trabalho de comprar um cartão bonito, escrevê-lo em Português que ela não domina, pois só viveu cá cinco anos, e trazer-me um sorriso que os anos não a fazem perder. Fiquei comovida e puz o cartão em lugar de destaque, num passepartout que trouxe de Leeds e que coloco sempre em cima da lareira, como podem ver.

Entretanto tenho recebido múltiplos emails a responder ao convite que enviei para a expo de fotografia, receio que o Vivacidade não tenha espaço para tantos amigos meus...alguns são umas sumidades do Woophy, que tiram fotos espectaculares, muito melhores que eu alguma vez ousarei tirar.

É bom sentir o calor dos outros nesta época de Natal.

Christmas cards

terça-feira, 20 de dezembro de 2011

O presépio

Fiz ontem o meu presépio, antes de a minha filha chegar de Leeds. Queria ter tudo lindo para ela ter uma surpresa ao entrar na sala ( de olhos fechados). Os meus filhos ainda gostam destas coisas e enquanto eu puder, sei que vale mais do que as prendas que eventualmente lhes dou.

Há quase 40 anos que é assim, sou sempre eu que enfeito a casa e se não a tinha enfeitava a dos outros, como aconteceu quando andei pela província. Muito me custa estar numa casa vazia de natal...nisso sou completamente infantil, adoro o ambiente, o cheiro das velas, a caruma e as pinhas que ainda hoje fui apanhar ao botânico e que estão cheias de resina. Dantes até tinha sempre um pinheiro a sério, mas ja há dois anos que faço a árvore com um artificial e o efeito não é menos bonito. Nunca gasto dinheiro em enfeites, apanho folhas, pedrinhas, ramos de pinheiro aqui da rua e com algumas folhas de cameleira, armo o local onde vou pousar o estábulo e as figurinhas antigas, que comprei quando vim para o Porto há 32 anos. Sóo musgo é que é comprado e vem bem fresquinho ainda verde a cheirar a montes.

Também gosto de pequenos bibelots, anjinhos, pais natais, bonequinhos comprados nos bazares do Colégio Alemão ou do Clube inglês, feitos à mão.

Visto-me de vermelho, oiço Christmas Carols e sinto o Natal a sério. Boas Festas!

domingo, 18 de dezembro de 2011

Expo: Jogos de Luz

Hoje fui buscar as 30 fotografias que mandei imprimir e encaixilhar para a minha primeira exposição de fotografia.
Tinha duvidas em aceitar esta proposta do Vivacidade. Mas depois de as ver, penso que não me envergonham:)

Comecei a tirar fotografias com uma máquina que podem ver aqui. O meu Pai ofereceu-ma e durante anos tirei fotos 6x6
a cores e a preto e branco, colocando as fotos em albuns. Os meus filhos adoram folheá-los e verem as suas poses desde que nasceram até à adolescência. É claro que, a certa altura, comprei uma máquina mais prática, uma Olympus, que já tirava rolos maiores e fotos 10x15. Usei-a muitos anos porque não tinha dinheiro para comprar uma melhor.
Nos anos 90, um fotógrafo da Porto editora propôs-me a compra duma Canon EOS-50. Foi a minha coqueluche. Adorava esta máquina e como viajava bastante, as melhores fotos que tenho foram tiradas nos Alpes, em Munique, em Veneza,
onde passei dois dias maravilhosos, em NY.
Também viajei para terras exóticas como a Tunísia, Egipto, Israel, Petra, etc., e fiz albuns que me fazem recordar esses locais como nenhum outro documentário. Nem todas essas fotos estão digitalizadas. Para melhorar ainda mais a minha performance, comprei uma teleobjectiva que alcançava uma distância excelente e podia tirar fotos de muito longe.
Já nos anos 2000 comprei então uma Canon digital, pequena, com a qual tirei fotos excelentes, muitas delas estão ainda no portfolio do Woophy e é facil para mim ir á buscá-las. Tenho mais de 1500 fotos nesse maravilhoso site.
Há dois anos, enamorei-me pela Leica digital, que é um pouco melhor do que a Canon. Considero-a um dos meus bens mais preciosos e faço experiências múltiplas com ela. Tem uma definição extraordinária. Esta exposição é um exemplo disso. A colagem
acima consta do convite.
Estou feliz. Mas mais estarei no dia 5 de Janeiro quando vir as minhas fotografias. expostas e os meus filhos e netos a fazer música para mim.

quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

the moors 2

A paisagem do Yorkshire varia muito conforme as estações, os castanhos transformam-se em verdes claros ou amarelos dourados, as florinhas campestres cobrem os vales em tons de lilaz, rosa, branco ou amarelo, até as pedras se vestem de novo, adquirindo tonalidades diferentes conforme a luz do céu. Não digo do sol, porque ele só brilha de longe em longe, chove bastante e mesmo quando não chove, o céu é ameaçador, as nuvens baixas, arroxeadas e em movimento constante.É uma paisagem lindíssima, em que o olhar se perde e nos faz sentir mais perto do céu. Sei que seria feliz se pudesse voar para lá de vez em quando, as imagens que tenho na minha retina são um bálsamo para quem só vê paisagem citadina.


Fica aqui mais um quadrinho inspirado por essa região.E uma música a condizer, cantada por uma das vozes mais puras que conheço e que a minha filha adora. O poema vem em inglês, do que peço desculpa.



When in the springtime of the year
When the trees are crowned with leaves
When the ash and oak, and the birch and yew
Are dressed in ribbons fair

When owls call the breathless moon
In the blue veil of the night
The shadows of the trees appear
Amidst the lantern light

We've been rambling all the night
And some time of this day
Now returning back again
We bring a garland gay

Who will go down to those shady groves
And summon the shadows there
And tie a ribbon on those sheltering arms
In the springtime of the year

The songs of birds seem to fill the wood
That when the fiddler plays
All their voices can be heard
Long past their woodland days

And so they linked their hands and danced
Round in circles and in rows
And so the journey of the night descends
When all the shades are gone

"A garland gay we bring you here
And at your door we stand
It is a sprout well budded out
The work of Our Lord's hand"

the Moors - 2

A paisagem do Yorkshire varia muito conforme as estações, os castanhos transformam-se em verdes claros ou amarelos dourados, as florinhas campestres cobrem os vales em tons de lilaz, rosa, branco ou amarelo, até as pedras se vestem de novo, adquirindo tonalidades diferentes conforme a luz do céu. Não digo sol, porque ele só brilha de longe em longe, chove bastante e mesmo quando não chove, o céu é ameaçador, as nuvens baixas, arroxeadas e em movimento constante.É uma paisagem lindíssima, em que o olhar se perde e nos faz sentir mais perto do céu.

Fica aqui mais um quadrinho inspirado por essa região.E uma música a condizer.


When in the springtime of the year
When the trees are crowned with leaves
When the ash and oak, and the birch and yew
Are dressed in ribbons fair

When owls call the breathless moon
In the blue veil of the night
The shadows of the trees appear
Amidst the lantern light

We've been rambling all the night
And some time of this day
Now returning back again
We bring a garland gay

Who will go down to those shady groves
And summon the shadows there
And tie a ribbon on those sheltering arms
In the springtime of the year

The songs of birds seem to fill the wood
That when the fiddler plays
All their voices can be heard
Long past their woodland days

And so they linked their hands and danced
Round in circles and in rows
And so the journey of the night descends
When all the shades are gone

"A garland gay we bring you here
And at your door we stand
It is a sprout well budded out
The work of Our Lord's hand"

quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

O Natal

Ontem fiz a minha árvore de Natal,
mais cedo do que é habitual e talvez por mera necessidade de sentir algum calor e luz nesta época que, outrora, era de grande bulício e frenesim.
As aulas estavam a acabar depois dum período cansativo de três meses, os testes tinham de ser corrigidos , as avaliações feitas atempadamente, os níveis ou notas atribuídos, antes de se pensar em Natal, em enfeites, prendas ou o que quer que fosse. Deixava tudo para a última hora e os dias 22 e 23 eram passados a comprar coisinhas para a minha enorme família ou a acabar tricots que sempre ofereci aos meus sobrinhos ou filhos. Gostava daquela azáfama que só acabava no dia 26, depois de termos tido a consoada em minha casa, com a família do meu ex- a 24, e da corrida a Lisboa para o jantar de Natal, a 25, em casa da minha Mãe. Não aguentava aquela maratona e quase sempre o Natal acabava em lágrimas, sem qualquer razão especial.

Os dias a seguir eram de ressaca...nem Ano Novo queria festejar.

Sempre gostei de dar aos alunos uma réstea de magia e trazia filmes relacionados com a época, pedacinhos de ficção mais sugestivos, alguns jogos e muita , muita música de Natal no último dia de aulas. Fiz uma vez
um calendário de Advento com caixinhas de fósforos forradas de dourado e coladas a uma fita de papel crepe vermelho. Abria-se uma caixinha antes de começar a aula e dentro dela havia a foto de um dos alunos que, nesse dia, tinha de fazer qualquer "gracinha" para os colegas em inglês, antes de comer o chocolate ou rebuçado respectivo. Tudo isto trazia um colorido diferente para a Escola, onde não havia grandes manifestações de solidariedade.
Uma vez, resolvi trazer um leitor de cassetes e pôr a tocar música de Natal na sala de profs; depois de uma certa estranheza, houve vários colegas que se queixaram do "barulho", de modo que compreendi que era inútil, há pessoas que não vibram com nada...e que todos os dias é Natal...para elas!

Ainda não trouxe os meus netos a verem a árvore. Em geral eles gostam ainda mais do presépio
por causa dos bonecos espalhados pelos montes cobertos de musgo, dos cogumelos pequeninos que brotam aqui e ali, as pinhas prateadas e as velas. As figuras são antigas e todos os anos a decoração é diferente, conforme o material que tenho à mão. Não gasto dinheiro em enfeites.Está tudo guardado em caixas e só sai à liça nesta época.
As noites são escuras, mas há luz em minha casa.

segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Os "moors" da minha imaginação

No Yorkshire, condado que fica no norte da Inglaterra, à volta da cidade de York, um brinquinho com uma catedral de sonhos e lojinhas de tudo quanto há numa zona histórica do tipo shakespeareano, a natureza é agreste, os montes e vales escarpados, desdobrando-se em tons de castanhos, amarelos, verdes e azuis, com pedras seculares e vegetação rasa de todas as cores sobre o manto verde dos vales a perder de vista. Os céus são sempre acizentados, mas com manchas roxas e ameaçadoras, nuvens brancas de fímbrias prateadas a suavizar a chuva.

Só passeei por lá umas duas vezes, mas aquela paisagem fica entranhada na nossa imaginação e memória. Muitas das séries inglesas se passam naquela região, com palácios e manor houses lindíssimas, que ainda hoje estão bem conservadas e podem ser visitadas.

Hoje senti saudades dos passeios que dei com a minha filha há uns anos na zona de Ilkley, que fica a poucos kms de Leeds. Apetecia-me tanto lá voltar....mas só o poderia fazer em imaginação e com um pincel...

Pintei este quadrinho, figurativo, que exprime um microcosmos daquele local tão especial.

Visita inesperda

sábado, 10 de dezembro de 2011

Há quadros assim

que parecem levar uma eternidade a fazer...

esta é terceira vez que cubro a mesma tela de acrílico, mas espero que seja a última, porque ao vivo, está com um colorido lindo ( na minha opinião, claro). Levou impasto três vezes, verniz duas e tintas várias, verdes, azuis e brancos picotados, cortados, raspados, pincelados, dedilhados, etc.etc. O efeito de todo este rendilhado foi o seguinte:


Entretanto faltou a lu durante uma hora e meia aqui nesta zona do Porto e deixei-o a secar, pois nada mais podia fazer...veio a luz...e olhei de novo para ele, ainda estava bonito...

quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

Abstracto

Inspirada pelas exposições que vi, fiz este quadro em MDF. Usei muitas cores, impasto prévio e até pintei com os dedos.

Cores quentes

A magia de Serralves

Passei umas tres horas por ali...com o tempo acizentado,
sabe bem andar por entre as árvores despidas - nem todas - e respirar aquele ar puro. Serralves é tão grande e majestoso que, ao pé dele, o meu botânico parece mignon, um backyard ( quintal) da minha casa. As árvores são enormes , estendem-se a perder de vista, quase a tocar no céu.
O Museu é uma obra prima, já lá tirei muitas fotos e todos os dias encontro outros ângulos, facetas ou jogos de sombras originais. Tudo ali é Arte, a Natureza à volta e a Arte feita pelo Homem, nem sempre muito interessante, mas quase sempre impressionante.
As exposições são duma dimensão enorme, salas e salas,
espaços gigantescos, pinturas que encheriam uma parede do meu atelier, se lá coubessem. Tudo é duma outra dimensão e por isso nos fascina. A disposição dos quadros é excelente, nada se sobrepôe ou interfere, cada quadro ou escultura ou obra tem onde respirar e as pessoas não se acotovelam para as ver. O chão de madeira aumenta esta sensação de conforto e espaço. E depois há as janelas que se abrem sobre o parque e deixam entrever troncos, ramos, figuras esguias e acizentadas, elas também obras de arte.

Gostei das duas exposições. A de Eduardo Batarda é mais previsível,
já o conheço há quarenta anos de Lisboa, embora nunca o tivesse visto pessoalmente.
Não aprecio assim muito as suas ilustrações do tipo BD e grafitti, mas
gosto dos quadros grandes, quase monocolores, com muitos riscos e rabiscos e
efeitos surpreendentes.
A expo de Thomas Struth, que não me deixaram fotografar, é colossal.
Está dividida por temas e se as de fotografias urbanas não me encantaram, os retratos de famílias, as de museus a serem visitados e fotografados no local e as da Natureza paradisíaca,
são no mínimo extraordinárias. Um painel que enche uma anorme parede com 4 fotografias de uma sala de museu cheia de gente quase em tamanho natural,
é quase irreal, parece aqueles filmes IMAX. Tenho pena de que não haja mais sofás espalhados pelas salas para nos podermos sentar e admirar a arte com tempo e sem tanto cansaço das pernas.

Ainda passei pelo Bazar de Natal que me chocou ,
como sempre, pela inutilidade de objectos que expôem, bibelots supostamente com design original, tudo a preços infames em época de crise. Nisso sou proletária ou sumítica. detesto gastar dinheiro só para dizer que é peça comprada em Serralves. Porque não há-de ser um quadrinho meu mais valioso que um objecto igual a tantos outros, mesmo com assinatura do autor? Mas há gente para tudo e o bazar estava animado. Já a livraria, em contrapartida, não tinha quase ninguém.Os livros de arte são excessivamente caros, mas é bom folheá-los de vez em quando.

Entretanto o Mezzo transmite um recital: Bertrand Chamayou joue les Années de pèlerinage de Liszt . Vale a pena ouvir e fotografar a vista da minha janela com o reflexo do piano. Como diriam os jovens de hoje: Tasse bem!

quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

Missa de Haydn

O MEZZO enche-me as medidas sempre que ligo a Tv e escolho este canal, sobretudo à tarde. À noite, os programas são mais variados e há muitos programas de jazz e música do Mundo, de que não gosto tanto.

Hoje o programa é excepcional, um concerto fabuloso, gravado há muitos anos numa das Igrejas mais belas da Alemanha, em estilo rococo e barroco, numa exuberância de mármores e dourados velhos, estatuetas de santos e anjinhos papudos que nos enchem a vista e quase fazem uma orquestra inteira desaparecer no meio de tanta arte sacra. Nunca gostei muito de estilos pesados, gosto mais de igrejas romanas ou góticas ou mesmo modernas, mas para ouvir música barroca, não há dúvida de que este é o local ideal.

É isso mesmo que afirma o saudoso Leonard Bernstein antes de entrar em cena. Curiosamente e com certeza a pedido do mesmo, os espectadores não batem palmas à sua chegada, nem à orquestra, que se pôe de pé para o receber. A Missa começa com uma sobriedade intensamente espiritual.
Ouvir música assim é um bálsamo para o espírito.
Miguel Esteves Cardoso diz numa entrevista da RTP, apresentada no blogue Assim na Terra Como no Céu, que ler é essencial para preencher a solidão, quem lê nunca se sente só, seja o que for que leia.Concordo com ele, em parte, mas acho que já está desactualizado.
Muitas vezes, substituo a leitura pela música, ela enche-me as medidas, a toda a hora, faz com que veja e sinta as coisas com todos os meus sentidos, em êxtase, esquecida da fealdade que me rodeia, dos afectos que não recebo ou da saúde que me falha. Ela é insubstituível. O livro não.

Inspiração melancólica

Hoje resolvi pintar porque necessitava de fazer algo criativo com as mãos...apetecia-me mexer em papeis, cortar, trabalhos manuais, pinceis, sei lá. Há dias em que o trabalho intelectual não satisfaz, nem acalma os nervos.

Acabei por pintar 3 quadrinhos, no estilo transparente...quase só com águas de lavar pinceis (!!), muito ténues, quase aguarelas...

Gosto muito deles...dizem bem com a minha disposição actual ( os meus blues).



segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

Tonight we fly

Resolvi mudar o visual do blogue por já estar um pouco deja vu e por termos atingido as 200.000 visitas, que, em 17 dias aumentaram ainda mais 2300. É curioso ver como ele é lido em diversas partes do mundo e o tempo em que é mais ou menos lido.

Na realidade, há dias estive para o fechar. Ando cansada de vida virtual e infelizmente, também da real. Gosto do que faço, mas sinto uma tristeza e receio do futuro constante, que chega a afligir-me. Não preciso de distracção, penso que precisava de estar mais perto da Natureza mais vezes. Só nela me sinto realizada.

Este quadro foi feito em 2009 quando entrei para a Utopia. Faz parte dum tríptico. Chamei-lhe "Alado" porque me sugere asas num espaço azul infinito...

Para já voemos....com uma das mais lindas canções que conheço:

Photo collages

Gosto imenso de fazer colagens fotográficas. Parte da parede maior do meu atelier está agora forrada de fotos a preto e branco que imprimi em casa, para experimentar as que queria levar para a Expo Jogos de Luz, que terá lugar em Janeiro.
Ficou mesmo fotogénico e ao olhar para aquelas imagens, relembro momentos inesquecíveis que passei sozinha - a maioria - ou com os meus filhos em viagem.

Fiz uma outra - esta no próprio programa Picasa - de fotos que acho artísticas, escolhidas um pouco ao acaso. É fácil brincar aos fotógrafos, mesmo sem se saber muito de técnicas , nem de objectivas. A fotografia digital é um mundo e já sou um pouco "velha" para aprender muito mais. Sobretudo, recuso-me a andar com o material pesadíssimo que vejo aos meus amigos do Woophy nos nossos encontros anuais. Morreria ao fim do dia, se não tivesse um assistente ( um Ambrósio) que transportasse
tudo para mim:)

Nostalgia da infância

Hoje o meu neto ficou aqui em casa por estar doente - mas não parece, as dores desapareceram num ápice com cházinho, maçã cozida, pao de leite e iogurte. Mimos nunca são demais.
Lembro-me como era bom faltar às aulas - o meu neto detesta este facto, adora as aulas - ficar na cama a ler a Condessa de Segur, beber chazinho e comer torradinhas, com mimos especiais, tão raros numa família enorme! O meu Pai era muito rígido e não podíamos faltar , a não ser em casos de doença e febre.
Nesses tempos havia muito mais gripes e doenças contagiosas e volta e meia apanhávamos todos papeira ou varicela por arrasto.
Tive um período difícil com anginas - penso que é uma inflamação da faringe - e nessa altura passaram-me para o quarto dos pais pois estava mais à mão. Apanhei injecções de penicilina que doíam horrivelmente, mas dormia no quarto dos meus pais:))
Aos 6 anos num ataque de fúria com uma das minhas irmãs, furei a janela do quarto com um braço e cortei-me de tal modo que tive de ir para o hospital de S. Marta, onde levei sete pontos junto ao cotovelo, ficando sem praia todo o verão. Foi um castigo pior que a morte, pois adorava banhos de mar e nem podia lá chegar.
Também fui operada ao apêndice quando tinha 12 anos e isso foi mais uma aventura, pois tive de ser internada de urgência numa noite e operada numa Clínica que era mais para parturientes; só se ouviam bébés a chorar!!
O meu Pai levou para lá os assistentes e alunos,que estavam em reunião nessa noite, de modo que vi-me rodeada de batas brancas, tudo a olhar para mim, meio assustada, pois nem sequer sabia o que era o apêndice e fiquei enojada quando mo deram dentro dum frasco de formol. Aquela coisa viscosa tinha-me dado tantas dores que nem a podia ver.Uns amigos do meu irmão foram-me visitar e eu nem me podia rir por causa da cicatriz que era enorme.
O último acidente que tive em adolescente foi durante um retiro na Praia Grande em vésperas de Natal. Estávamos numa casa com uma vista soberba sobre o mar
e que tinha um portão grande para passar dum lado ao outro. Resolvi trepar por cima do muro em vez de abrir o portão - tinha 13 anos e era afoita - mas o problema é que caí em cima de saibro com um joelho e fiz um rasgão profundo. Não fui tratada - estávamos em retiro!! - e quando cheguei a casa, o joelho tinha inchado e a ferida estava horrível, o meu Pai ficou aborrecidissiomo e passei o Natal com a perna estendida, a chorar...

Foram os meus infortúnios mais graves...para uma maria-rapaz que era, até nem foi muito mau!!:))

sábado, 3 de dezembro de 2011

O FOGO

Hoje acendi a lareira pela primeira vez este ano. Já me tinha esquecido da beleza que é ver as pinhas entrar lentamente em combustão, brilhantes, vermelhas, passando depois o seu calor aos tarolos de lenha, que se resguardam, receosos de iniciar o seu processo de destruição.
Durante minutos sem fim, ouve-se como que uma música em surdina, um sopro de vento e os
estalos da madeira renitente à chama. Subitamente, um bailado initerrupto, enorme, espantoso, tremeluzente irrompe no meio do nada e uma sensação de bem estar

invade o ar.

Pouco faço...se não ouvir música de Bach baixinho...e olhar as chamas como que hipnotizada por tamanho milagre natural.