terça-feira, 6 de abril de 2010

Glow senses - nova revista



Há tempos a Vivacidade recebeu um e-mail desta revista que estaria interessada em publicar um artigo sobre a minha pintura - tinham visto anunciada a Exposição Cor em Movimento. Fiquei surpreendida com tal ideia, mas é claro disse que sim e que arranjaria um texto para acompanhar as fotos dos quadros. Entretanto falei com o meu professor, Domingos Loureiro e ele ofereceu-se para escrever um artigo sobre a minha pintura tal qual ele a /me vê. Num dia, apenas, redigiu o texto que podem ler a seguir.

Ontem sairam as revistas de Abril - GLOW - são uma colecção de cinco que se podem ler online como se tivéssemos a versão em papel, mas com as fotos em grande e com a possibilidade de aumentar e diminuir consoante se quiser. Procuram-se as páginas no índice e é fácil encontrar o sítio.Os pedaços das pinturas foram seleccionados a gosto dos editores.



Acho a ideia de uma revista online muito interessante e estou bastante orgulhosa por poder estar lá representada!!

É este o site:http://www.calameo.com/read/000246474379dfaa85972?authid=8Y9Qvf07TYex
Basta procurar as páginas 88-94 e ler.


E este o texto, que está anexo.


‘Momentos de (sens)acção’
Virgínia Barros é antes de qualquer outro desenvolvimento um ser emotivo!

Começo deste modo porque é demasiado importante que merece ser destacado antes de dizer qualquer outra coisa.

Esta introdução poderia ser atribuída a qualquer ser humano, principalmente aqueles que decidem explorar o seu lado mais criativo, mas será de certeza compreendido por quem lê este texto depois de observar os seus trabalhos, já que perceberá o quanto o lado cognitivo é importante na obra da autora e, arrisco dizer, na sua própria vida.

A sua pintura vive tanto deste lado emocional e sentimental (este pleonasmo procura o ênfase da ideia) que não poderemos ter qualquer tipo de observação racional ou objectiva. Não que o sentimento não possa ser objectivo, mas porque ele exige sempre que a regra seja quebrada e que o esforço seja no sentido da procura e não no sentido da chegada. As metas não são locais que a artista (atrevo-me a designá-la como artista) procure, mas sim a procura e a caminhada. A sua obra é uma espécie de conflito entre a ideia/sentimento e a necessidade da expressão, como se dependesse dela para sobreviver, respirar, olhar, andar. A sua pintura é então esta busca incessante pela expressão, a busca do eu.

A pintura de Virgínia Barros é mais um modo de pulsar do que um modo de representar.

Se imaginarmos os caminhos que esta luta envolve talvez tenhamos dificuldade em encontrar uma definição ou uma gaveta onde colocar a sua obra, porque ela é sem duvida uma forma de sair desse mesmo mundo de definições objectivas. Ela é no seu sentido mais básico, simplesmente pintura, simplesmente respirar, simplesmente sentir. Nunca nos interrogámos porque inspiramos e expiramos, nem porque amamos e (também) odiamos. Sabemos apenas que dependemos disso para continuarmos vivos, para nos sentirmos vivos.

A pintura é, na artista, esse lado, esse inspirar e expirar, onde pintar é simplesmente estar vivo. Talvez não seja somente na pintura, mas em várias artes, tal como no modo de encarar a vida, onde a criação e a expressão são as faces da moeda que Virgínia ostenta. Ao seu lado emotivo, contrapõe-se o seu lado cognitivo. O seu eu racional é apenas a base para se integrar e se inteirar das realidades circundantes, politicas, ideológicas, sociais… A sua obra o seu estado espiritual, o seu lado emotivo que cresce a cada dia que passa e que nos surpreende a cada obra que realiza, a cada suspiro que liberta.

Assim volto ao princípio e pergunto se haverá outra expressão para descrever esta artista que não seja simplesmente ‘um ser emotivo’?

Finalmente espero que ao olharem as suas pinturas compreendam este modo como descrevo a artista e como considero ser o modo ideal para descrever as suas obras. Ao ‘olhar’ qualquer um dos seus quadros ninguém ficará indiferente a estes aspectos e a pintura será com certeza muito mais reveladora da artista e principalmente de nós mesmos, que, talvez, também sejamos ‘seres emotivos’.
È um prazer poder incentivar a sua emoção/acção.



Domingos Loureiro

Porto Março 2010

Muito obrigada, Professor! Muito obrigada Vivacidade! E obrigada à GLOW SENSES.