Conheci o nome de
Vieira da Silva pelos anos 60, quando andava na universidade de Lisboa.

Tive
uma aulas de conversação de alemão com um professor velhote muito culto
e fascinante, Herr Pfluger, de quem nunca me esquecerei. Ele morava na
Travessa da Légua da Póvoa, junto ao jardim das Amoreiras, um dos locais
mais românticos de Lisboa. Sentava-me muitas vezes com os meus livros
debaixo daquelas enormes amoreiras, 331 árvores mandadas plantar pelo
Marquês de Pombal, para alimentar os bichinhos da Fábrica das Sedas, que
ali ficava.
Mais tarde abriu a
Fundação Arpad Szenes- Vieira da Silva, que nunca visitei.
Aprecio a obra de
Vieira da Silva com orgulho por ela ser portuguesa, ainda que lhe tenham negado a nacionalidade no tempo de Salazar.

Mais
do que sentir um enorme apelo pelos quadros, sinto fascínio por aquela
mulher - uma espécie da Marie Curie, franzina e com olhos prescrutantes -
que conseguiu vencer no mundo da Arte, maioritariamente masculino numa Europa em
crise profunda.

Gostei de alguns quadros - dois ou três
que me seduzem pela cor e emaranhado de linhas, que hipnotizam o
visitante. Sentei-me na grande sala vazia - num feriado não havia
vivalma - e procurei viver aquela Vida, retratada na primeira sala, com
fotos, que me fizeram tanto lembrar a minha Avó, os vestidos, as poses
com a família, as touquinhas...que até me vieram as lágrimas aos olhos;
mais tarde, as fotos em que se vê o seu perfil adunco, junto ao seu
amado esposo, uma colecção de fotos que enternece qualquer um.
Ficam aqui os quadros de que mais gostei embora as fotos não sejam minhas, é proibido fotografar....
Desforrei-me depois e tirei fotos da
Casa da Música por fora com o meu Ipod, já que não levara a máquina. É um edifício espectacular, sem dúvida, quer de dia, quer de noite.
O outono já chegou, mas a Boavista ainda não está como eu gosto.....:)