sábado, 21 de julho de 2012

Birdsong - O Canto do Pássaro

Acabei de ver uma série da BBC que me deixou quase paralisada diante do ecran.

É impossível fazer melhor...na técnica, na interpretação, na contenção, nos tempos, nos olhares, na expressão de sofrimento, nos ambientes de guerra e de paz, na capacidade de nos fazer viver o momento, respirar o pó das trincheiras, o suor e o sangue, a ansiedade e o despojamento...

Depois desta série, que outras virão? O horror da guerra já foi filmado por muitos realizadores, cada um à sua maneira. Este é mais um, mas não adiciona, destaca-se. Ficam-nos na memória os olhos enlameados dos soldados, os sorrisos escassos e desmaiados, o medo, as saudades de casa, as palavras de encorajamento em que nenhum deles acredita...

E o amor...em flashback...  tons pastel na pele dos rostos, nos vestidos da época, nos décors das casas, nos jardins, nos pássaros...um amor  quente, apaixonado, mas que se sabe sem futuro ...

É uma série espantosa...lembrou-me por breves momentos o filme The Thin Red Line de Terence Malik, o melhor filme de guerra que jamais vi.

Vi ontem a 1ª parte no TVCine 1- que aliás repete hoje pelas 2 da manhã ( pode-se gravar quem quiser ver) e fiz o download da 2ª parte , sem legendas, para ver hoje.


 Vale a pena ter a box...e o laptop, vivam as tecnologias:)). E viva a BBC pela excelência do seu trabalho.


Bom Domingo!

sexta-feira, 20 de julho de 2012

Turbilhão

As vezes sinto a angústia expressa neste quadro que pintei ontem e hoje.

A vida tem altos e baixos...há momentos de felicidade quase absoluta, que identifico com a paz total, outros em que me invade o terror do desconhecido, do inevitável, do redemoinho que nos suga até ao desespero.  O futuro é uma incógnita, o passado uma nostalgia.


Não é dramatismo...é a realidade. A música de Leonard Cohen, que hoje tenho estado a ouvir há horas também passa por esses cambiantes de sentimentos. E acompanha bem este estado de espírito.

Like a Bird on a Wire ( como um pássaro num arame)




Like a bird on the wire, 
Like a drunk in a midnight choir 
I have tried in my way to be free. 
Like a worm on a hook, 
Like a knight from some old fashioned book 
I have saved all my ribbons for thee. 
If I, if I have been unkind, 
I hope that you can just let it go by. 
If I, if I have been untrue 
I hope you know it was never to you.




Viajando com Paul Theroux e outros

Tenho escrito menos no blogue e lido bastante.

O livro sobre a arte de viajar de Paul Theroux, que está assinalado do lado direito , é excelente para ler , interromper a leitura e voltar, não tem uma sequência lógica e está escrito dum modo leve. faz referências a muitos autores que já conhecia, exploradores, aventureiros e outros que me são desconhecidos e não está mal traduzido, o que é uma coisa rara nos tempos que correm.

Surpreende-me , no entanto, que em tantos nomes citados, não haja um português, sabendo eu que os portugueses viajaram por tudo quanto é sítio, exploraram onde nunca ninguém houvera explorado e escreveram livros de viagens que são conhecidos internacionalmente. Não compreendo como é que Paul Theroux, americano culto e viajado, não se lembrou de citar Fernão Mendes Pinto, Venceslau de Morais ou outro, não  menciona absolutamente nada sobre as nossas descobertas ou mesmo expedições em África ( onde o meu Avô andou e sobre o qual escreveu vários livros).

A nossa pequenez em termos de divulgação às vezes assusta-me. É espantoso o que os portugueses fizeram e ainda fazem nos nossos dias, só que a divulgação perde-se. Passamos o tempo a lamentar as nossas desgraças, em vez de nos orgulharmos dos nossos feitos.

Ficam aqui algumas citações interessantes:

Sobre as viagens de comboio:

Nisto, acho eu, é que está o principal atrativo da viagem ferroviária. A velocidade é tão fácil, o comboio perturba tão pouco os cenários através dos quais nos leva, que o nosso coração fica cheio de placidez e da quietude do campo; e enquanto o corpo está a ser levado em frente na cadeia voadora de carruagens, as ideias descem, à medida que o humor as move, em estações não frequentadas.


R.L Stevenson


Sobre as viagens em geral:


Toda a viagem é circular (...) afinal o grande circuito é apenas o modo de o homem inspirado se dirigir a casa.
G.B.F.

A emoção tem duas caras: estamos divididos entre uma nostalgia do familiar e uma ânsia do alheio e do estranho. Normalmente, temos saudades sobretudo dos lugares que nunca conhecemos.


Carson McCullers

quarta-feira, 18 de julho de 2012

Num campo de papoilas

 Pintura em acrílico sobre tela


De tarde

Naquele "pic-nic" de burguesas,
Houve uma cousa simples bela,
E que sem ter história nem grandezas,
Em todo o caso dava uma aguarela.

Foi quando tu, descendo do burrico,
Foste colher, sem imposturas tolas,           
A um granzoal azul de grão-de-bico,
um ramalhete rubro de papoilas.

Pouco depois, em cima dos penhascos,
nós acampávamos, inda o sol se via;
e houve talhadas de melão, damascos,
e pão-de-ló molhado em malvasia

Mas, todo púrpuro a sair da renda
dos teus dois seios como duas rolas,
era o supremo encanto da merenda
O ramalhete rubro das papoilas.



( Cesário Verde )

Parabéns Nelson Mandela



Assinala-se hoje, 18 de Julho,  dia do seu aniversário ,pela terceira vez, o Dia Internacional Nelson Mandela, instituído em Novembro de 2009 pela Assembleia-Geral da ONU, devido à contribuição do ex-presidente sul-africano para a cultura da paz e da liberdade.

Curiosamente, Mandela nasceu dez dias depois da minha Mãe que teria feito 94 anos no dia 8. 

Quando Nelson Mandela fez 70 anos na prisão há 24 anos, publicaram um vídeo com um concerto de celebração em que dezenas de personalidades intervieram e cantaram em sua honra. Usei este vídeo vezes sem conta nas minhas aulas, chamando a atenção para o racismo e o apartheid na África do Sul. Os alunos eram muito sensíveis a este tópico, que hoje já não suscita tanta celeuma, talvez por boas razões.

Hoje Mandela faz 94 anos. Um Homem notável, talvez o maior estadista do nosso tempo. Se houvesse mais homens como este, o mundo estaria certamente melhor.

Fica aqui uma das canções que mais impacto teve nos meus alunos: Brothers in Arms pelos Dire Straits:




These mist covered mountains
Are a home now for me
But my home is the lowlands
And always will be
Some day you'll return to me
Your valleys and your farms
And you'll no longer burn
To be brothers in arms
Through these fields of destruction
Baptisms of fire
I've witnessed all your suffering
As the battle raged higher
And though they did hurt me so bad
In the fear and alarm
You did not desert me
My brothers in arms

There's so many different worlds
So many different suns
And we have just one world
But we live in different ones

Now the sun's gone to hell
And the moon's riding high
Let me bid you farewell
Every man has to die
But it's written in the starlight
And every line on your palm
We're fools to make war
On our brothers in arms

Mark Knoppfler -


terça-feira, 17 de julho de 2012

Fim de tarde na Foz

Depois do dia em brasa, a Foz recebeu-nos com um vento benfazejo e já mais fresco...

Fui jantar à Máscara com a minha filha, mesmo às 8.

O sol ainda ia alto, mas cheirava a maresia e a maré estava ainda mais baixa que a minha, ontem à tarde. As rochas negras em contra-luz são sempre mais belas e o mar mais azul.

A Pérgola - o adorno mais bonito que a Foz apresenta - parecia de ouro contra o mar. Tirei umas fotos quando a máquina começou a piscar e a dizer que estava sem bateria. Já é azar. Esta bateria é curta...muito mais do que a da Leica ou então sou eu que a abro e fecho muitas vezes. As que tirei ficaram engraçadas, é uma hora belissima para fotografar o que quer que seja. Até as plantas vulgares se tornam mais belas-














Encontrei informação sobre a Pérgola na Wikipedia. É interessante.

A Pérgola da Foz é uma pérgola com balaustrada construída em cimento localizada entre a Praia da Luz e os jardins da Avenida de Montevideu na cidade do Porto, em Portugal.Apesar de pertencer à freguesia de Nevogilde é uma das imagens mais associadas à Foz do Douro, sendo um dos ex libris mais conhecidos e emblemáticos do Porto.
Foi construída por volta de 1930, integrada no Projeto de Melhoramentos e Embelezamento da Avenida do Brasil elaborado pela Câmara Municipal do Porto naquele ano. A sua construção custou cerca de 53 000 escudos e foi entregue a António Enes Baganha, um dos artistas mais importantes do seu tempo nesta área.
A proximidade do mar contribui para a degradação do betão armado da pérgola, o que levou a autarquia do Porto a financiar obras de requalificação em 2008. As obras incluíram a reparação da pérgola e de toda a balaustrada, tendo as paredes viradas para o mar sido pintadas com tinta anti-graffiti, uma tinta especial que tira os elementos porosos de forma a que depois com um jacto de água e uma vassoura se possam limpar os graffiti.


                                                  Deus a conserve e os homens também!

Música Antiga e 37º

O que fazer quando a temperatura lá fora é impiedosa?


Odeio o calor, aguento bem melhor o frio com agasalhos próprios e mesmo a chuva. Este calor só serve para quem está na praia, à beira da água. Matosinhos é tentador, mas a água tão fria que nem sei se aguentaria umas horas na praia e o esforço de lá ir é grande. Não gosto de estar ao  sol a não ser depois dum belo banho de mar.
Talvez vá para Ofir com a minha filha passar uns dias.
Gosto muito de estar assim uns dias num hotel ou pousada com piscina junto à praia, é bem mais agradável e come-se bem nos restaurantes aqui do norte. Dantes ia sempre, agora já há anos que não o faço, mas já ando a pesquisar na net o preço e vagas nos hoteis.

Oiço um ensemble a cantar uma missa numa igreja medieval, uma abadia,  L'Abbaie aux Dames, Festival de Saintes 2010. O palco quadrado está no meio da igreja e o publico todo à volta. Muito bonito. Compositor Clémens, não conhecia. Aplausos enormes. É um tipo de música que refresca neste tempo estival. A abadia é linda , sóbria com pedra antiga e arcos em ogiva.
Seguem-se as Cantatas de Bach tocadas por um conjunto de oito instrumentistas com instrumentos da época, que soam mais místicos ainda. Um contratenor canta perfeitamente integrado na "paisagem" musical.
O meu espírito eleva-se com Bach. Já não estou no Porto com 37º. Estou naquela abadia, cercada de muros altos de pedra fresca, sou uma privilegiada...Bach, obrigada.






segunda-feira, 16 de julho de 2012

Maré baixa

Tenho andado numa maré muito baixa....mesmo à beira da tristeza.

Isso deve-se a factores incontroláveis na minha vida e às vezes a atitudes dos filhos para com os Pais de que eles nem se apercebem. A nossa vida depois duma certa idade é insignificante para os jovens adultos, que se acham no topo do mundo e pouco valor dão a quem já passou por isso tudo com as mesmas dificuldades - ou mais - com o mesmo desejo de independência e ambição de conseguir atingir metas altas. Já passámos à História.

Hoje o dia está de sueste....como se diz no Algarve,  o vento de leste sopra forte de manhã e depois fica um calor abrasador e insuportável, bom para que vai para a praia  - é o caso da minha filha - mas terrível para quem anda na cidade. Na Praia da Luz é o Levante com o mar a ondular e a turvar....que saudades tenho da praia....




Fui ao Froiz, o meu supermercado predilecto e às 4.30, terei tudo aqui na minha cozinha. É uma maravilha. Só andar uns metros cansou-me muito, ando com dores a sério no joelho e nas costas. Não sei a que se deve, pois não fiz grande esforço.
O Cidade do Porto estava vazio, as lojas com saldos de 50%, não devem fazer grande lucro. Livros nada de novo...são sempre as mesmas capas, os mesmos autores, os mesmos temas....

Da janela só vejo verde....verde...raiado pelo sol...e lá em cima as telhas avermelhadas da Casa Andersen que no Verão mal se vê.  O céu demasiado azul para meu gosto.



Amanhã é novo dia....a maré subirá...

domingo, 15 de julho de 2012

Domingo sem história

Ainda estou a viver os momentos que ontem passei no Palácio de Cristal...as fotos falam por si e confirmam a beleza desta cidade, que pode ter muitos defeitos e carências, mas não deixa de me encantar pela facilidade com que nos oferece cantos e recantos magníficos para a nossa imaginação e também para nos evadirmos do quotidiano que às vezes é tão deprimente.

Hoje dediquei-me a arrumar roupa...descobri alguma que já deve ter mais de 20 anos e que todo os anos guardo, ou porque me relembra aquele casamento ou aquela festa, ou porque gosto do material e da cor ...ou porque nos meus sonhos espero um dia voltar a vestir.
Tudo pura ilusão. Há roupas que se usam uma vez e que nunca mais temos ocasião de repetir. Fiz um molho de roupa para dar. Felizmente tenho quem a queira sempre e fico contente com isso, mesmo que não saiba para que fim se destina. O que não quero é ter o armário cheio de tralha que não me serve para nada, mesmo que esteja repleta de recordações.

Tem estado um tempo magnífico com um céu azul sem nuvens....hoje nem sequer há vento. Adoro este ar lavado dos Domingos, quase sem carros, com uma avenida muito mais silenciosa do que é habitual.
Sinto-me bem...sem stress...


Fica aqui um quadro que fiz em 2009 a pastel de óleo e a que chamei _ Palácio de Cristal.

E mais uma canção dos Beach House, que me encantam neste momento e se coadunam totalmente com o meu estado de espírito.




MYTH


Drifting in and out
See the road you’re on
You came rolling down the cheek
You say just what you need
And in between
It’s never as it seems
Help me to make it
Help me to make it
If you built yourself a myth
You'd know just what to give
What comes after this
Momentary bliss
The consequence
Of what you do to me
Help me to make it
Help me to make it
Found yourself in a new direction
Aeons far from the sun
Can you come?
Would they come to breach you?
Let you know you’re not the only one
You can’t keep hangin' on
To all that’s dead and gone
If you built yourself a myth

Boa semana!