sábado, 10 de dezembro de 2011

Há quadros assim

que parecem levar uma eternidade a fazer...

esta é terceira vez que cubro a mesma tela de acrílico, mas espero que seja a última, porque ao vivo, está com um colorido lindo ( na minha opinião, claro). Levou impasto três vezes, verniz duas e tintas várias, verdes, azuis e brancos picotados, cortados, raspados, pincelados, dedilhados, etc.etc. O efeito de todo este rendilhado foi o seguinte:


Entretanto faltou a lu durante uma hora e meia aqui nesta zona do Porto e deixei-o a secar, pois nada mais podia fazer...veio a luz...e olhei de novo para ele, ainda estava bonito...

quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

Abstracto

Inspirada pelas exposições que vi, fiz este quadro em MDF. Usei muitas cores, impasto prévio e até pintei com os dedos.

Cores quentes

A magia de Serralves

Passei umas tres horas por ali...com o tempo acizentado,
sabe bem andar por entre as árvores despidas - nem todas - e respirar aquele ar puro. Serralves é tão grande e majestoso que, ao pé dele, o meu botânico parece mignon, um backyard ( quintal) da minha casa. As árvores são enormes , estendem-se a perder de vista, quase a tocar no céu.
O Museu é uma obra prima, já lá tirei muitas fotos e todos os dias encontro outros ângulos, facetas ou jogos de sombras originais. Tudo ali é Arte, a Natureza à volta e a Arte feita pelo Homem, nem sempre muito interessante, mas quase sempre impressionante.
As exposições são duma dimensão enorme, salas e salas,
espaços gigantescos, pinturas que encheriam uma parede do meu atelier, se lá coubessem. Tudo é duma outra dimensão e por isso nos fascina. A disposição dos quadros é excelente, nada se sobrepôe ou interfere, cada quadro ou escultura ou obra tem onde respirar e as pessoas não se acotovelam para as ver. O chão de madeira aumenta esta sensação de conforto e espaço. E depois há as janelas que se abrem sobre o parque e deixam entrever troncos, ramos, figuras esguias e acizentadas, elas também obras de arte.

Gostei das duas exposições. A de Eduardo Batarda é mais previsível,
já o conheço há quarenta anos de Lisboa, embora nunca o tivesse visto pessoalmente.
Não aprecio assim muito as suas ilustrações do tipo BD e grafitti, mas
gosto dos quadros grandes, quase monocolores, com muitos riscos e rabiscos e
efeitos surpreendentes.
A expo de Thomas Struth, que não me deixaram fotografar, é colossal.
Está dividida por temas e se as de fotografias urbanas não me encantaram, os retratos de famílias, as de museus a serem visitados e fotografados no local e as da Natureza paradisíaca,
são no mínimo extraordinárias. Um painel que enche uma anorme parede com 4 fotografias de uma sala de museu cheia de gente quase em tamanho natural,
é quase irreal, parece aqueles filmes IMAX. Tenho pena de que não haja mais sofás espalhados pelas salas para nos podermos sentar e admirar a arte com tempo e sem tanto cansaço das pernas.

Ainda passei pelo Bazar de Natal que me chocou ,
como sempre, pela inutilidade de objectos que expôem, bibelots supostamente com design original, tudo a preços infames em época de crise. Nisso sou proletária ou sumítica. detesto gastar dinheiro só para dizer que é peça comprada em Serralves. Porque não há-de ser um quadrinho meu mais valioso que um objecto igual a tantos outros, mesmo com assinatura do autor? Mas há gente para tudo e o bazar estava animado. Já a livraria, em contrapartida, não tinha quase ninguém.Os livros de arte são excessivamente caros, mas é bom folheá-los de vez em quando.

Entretanto o Mezzo transmite um recital: Bertrand Chamayou joue les Années de pèlerinage de Liszt . Vale a pena ouvir e fotografar a vista da minha janela com o reflexo do piano. Como diriam os jovens de hoje: Tasse bem!

quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

Missa de Haydn

O MEZZO enche-me as medidas sempre que ligo a Tv e escolho este canal, sobretudo à tarde. À noite, os programas são mais variados e há muitos programas de jazz e música do Mundo, de que não gosto tanto.

Hoje o programa é excepcional, um concerto fabuloso, gravado há muitos anos numa das Igrejas mais belas da Alemanha, em estilo rococo e barroco, numa exuberância de mármores e dourados velhos, estatuetas de santos e anjinhos papudos que nos enchem a vista e quase fazem uma orquestra inteira desaparecer no meio de tanta arte sacra. Nunca gostei muito de estilos pesados, gosto mais de igrejas romanas ou góticas ou mesmo modernas, mas para ouvir música barroca, não há dúvida de que este é o local ideal.

É isso mesmo que afirma o saudoso Leonard Bernstein antes de entrar em cena. Curiosamente e com certeza a pedido do mesmo, os espectadores não batem palmas à sua chegada, nem à orquestra, que se pôe de pé para o receber. A Missa começa com uma sobriedade intensamente espiritual.
Ouvir música assim é um bálsamo para o espírito.
Miguel Esteves Cardoso diz numa entrevista da RTP, apresentada no blogue Assim na Terra Como no Céu, que ler é essencial para preencher a solidão, quem lê nunca se sente só, seja o que for que leia.Concordo com ele, em parte, mas acho que já está desactualizado.
Muitas vezes, substituo a leitura pela música, ela enche-me as medidas, a toda a hora, faz com que veja e sinta as coisas com todos os meus sentidos, em êxtase, esquecida da fealdade que me rodeia, dos afectos que não recebo ou da saúde que me falha. Ela é insubstituível. O livro não.

Inspiração melancólica

Hoje resolvi pintar porque necessitava de fazer algo criativo com as mãos...apetecia-me mexer em papeis, cortar, trabalhos manuais, pinceis, sei lá. Há dias em que o trabalho intelectual não satisfaz, nem acalma os nervos.

Acabei por pintar 3 quadrinhos, no estilo transparente...quase só com águas de lavar pinceis (!!), muito ténues, quase aguarelas...

Gosto muito deles...dizem bem com a minha disposição actual ( os meus blues).



segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

Tonight we fly

Resolvi mudar o visual do blogue por já estar um pouco deja vu e por termos atingido as 200.000 visitas, que, em 17 dias aumentaram ainda mais 2300. É curioso ver como ele é lido em diversas partes do mundo e o tempo em que é mais ou menos lido.

Na realidade, há dias estive para o fechar. Ando cansada de vida virtual e infelizmente, também da real. Gosto do que faço, mas sinto uma tristeza e receio do futuro constante, que chega a afligir-me. Não preciso de distracção, penso que precisava de estar mais perto da Natureza mais vezes. Só nela me sinto realizada.

Este quadro foi feito em 2009 quando entrei para a Utopia. Faz parte dum tríptico. Chamei-lhe "Alado" porque me sugere asas num espaço azul infinito...

Para já voemos....com uma das mais lindas canções que conheço:

Photo collages

Gosto imenso de fazer colagens fotográficas. Parte da parede maior do meu atelier está agora forrada de fotos a preto e branco que imprimi em casa, para experimentar as que queria levar para a Expo Jogos de Luz, que terá lugar em Janeiro.
Ficou mesmo fotogénico e ao olhar para aquelas imagens, relembro momentos inesquecíveis que passei sozinha - a maioria - ou com os meus filhos em viagem.

Fiz uma outra - esta no próprio programa Picasa - de fotos que acho artísticas, escolhidas um pouco ao acaso. É fácil brincar aos fotógrafos, mesmo sem se saber muito de técnicas , nem de objectivas. A fotografia digital é um mundo e já sou um pouco "velha" para aprender muito mais. Sobretudo, recuso-me a andar com o material pesadíssimo que vejo aos meus amigos do Woophy nos nossos encontros anuais. Morreria ao fim do dia, se não tivesse um assistente ( um Ambrósio) que transportasse
tudo para mim:)

Nostalgia da infância

Hoje o meu neto ficou aqui em casa por estar doente - mas não parece, as dores desapareceram num ápice com cházinho, maçã cozida, pao de leite e iogurte. Mimos nunca são demais.
Lembro-me como era bom faltar às aulas - o meu neto detesta este facto, adora as aulas - ficar na cama a ler a Condessa de Segur, beber chazinho e comer torradinhas, com mimos especiais, tão raros numa família enorme! O meu Pai era muito rígido e não podíamos faltar , a não ser em casos de doença e febre.
Nesses tempos havia muito mais gripes e doenças contagiosas e volta e meia apanhávamos todos papeira ou varicela por arrasto.
Tive um período difícil com anginas - penso que é uma inflamação da faringe - e nessa altura passaram-me para o quarto dos pais pois estava mais à mão. Apanhei injecções de penicilina que doíam horrivelmente, mas dormia no quarto dos meus pais:))
Aos 6 anos num ataque de fúria com uma das minhas irmãs, furei a janela do quarto com um braço e cortei-me de tal modo que tive de ir para o hospital de S. Marta, onde levei sete pontos junto ao cotovelo, ficando sem praia todo o verão. Foi um castigo pior que a morte, pois adorava banhos de mar e nem podia lá chegar.
Também fui operada ao apêndice quando tinha 12 anos e isso foi mais uma aventura, pois tive de ser internada de urgência numa noite e operada numa Clínica que era mais para parturientes; só se ouviam bébés a chorar!!
O meu Pai levou para lá os assistentes e alunos,que estavam em reunião nessa noite, de modo que vi-me rodeada de batas brancas, tudo a olhar para mim, meio assustada, pois nem sequer sabia o que era o apêndice e fiquei enojada quando mo deram dentro dum frasco de formol. Aquela coisa viscosa tinha-me dado tantas dores que nem a podia ver.Uns amigos do meu irmão foram-me visitar e eu nem me podia rir por causa da cicatriz que era enorme.
O último acidente que tive em adolescente foi durante um retiro na Praia Grande em vésperas de Natal. Estávamos numa casa com uma vista soberba sobre o mar
e que tinha um portão grande para passar dum lado ao outro. Resolvi trepar por cima do muro em vez de abrir o portão - tinha 13 anos e era afoita - mas o problema é que caí em cima de saibro com um joelho e fiz um rasgão profundo. Não fui tratada - estávamos em retiro!! - e quando cheguei a casa, o joelho tinha inchado e a ferida estava horrível, o meu Pai ficou aborrecidissiomo e passei o Natal com a perna estendida, a chorar...

Foram os meus infortúnios mais graves...para uma maria-rapaz que era, até nem foi muito mau!!:))