Hoje acendi a lareira pela primeira vez este ano. Já me tinha esquecido da beleza que é ver as pinhas entrar lentamente em combustão, brilhantes, vermelhas, passando depois o seu calor aos tarolos de lenha, que se resguardam, receosos de iniciar o seu processo de destruição.
Durante minutos sem fim, ouve-se como que uma música em surdina, um sopro de vento e os
estalos da madeira renitente à chama. Subitamente, um bailado initerrupto, enorme, espantoso, tremeluzente irrompe no meio do nada e uma sensação de bem estar
invade o ar.
Pouco faço...se não ouvir música de Bach baixinho...e olhar as chamas como que hipnotizada por tamanho milagre natural.
Hoje acendi a lareira pela primeira vez este ano. Já me tinha esquecido da beleza que é ver as pinhas lentamente em combustão, brilhantes, vermelhas, passando depois o seu calor aos tarolos de lenha, que se resguardam, receosos de iniciar o seu processo de destruição.
Durante minutos sem fim, há como que uma música em surdina, um sopro de vento e os
estalos da madeira renitente à chama. Subitamente é um bailado initerrupto, enorme, espantoso, tremeluzente e uma sensação de bem estar que invade o ar.
Pouco faço...se não ouvir música de Bach baixinho...e olhar as chamas como que hipnotizada por tamanho milagre natural.
É raro passar as tardes de sábado com os meus netos, pois são raros os momentos que eles têm para estar com os Pais e sempre achei que deveriam fazer algo em conjunto. Muitas vezes os mais velhos têm festinhas de anos ou outros eventos, vão ao cinema ou ao Palácio, recebem amigos e primos.
Hoje felizmente, tive-os só para mim até agora foi,
segundo o meu neto mais velho, maravilhoso. "Adorei Vóvó" diz tudo.
Este meu neto sabe-a toda e conquista-me facilmente. O segundo também estava entusiasmado com a ideia de irmos até ao "apartamento" ( departamento de Ciencias), onde ele tem a sua "oficina", com pedrinhas, paus, trevos em tufos e agora até cogumelos. Estava intrigado como é que em poucos dias os trevos tinham inundado o chão. Mostrei-lhe a raíz e expliquei-lhe que com a chuva tudo medra.
O jardim é lindo e costumávamos ir lá apanhar pinhas para a minha lareira. Agora já não há quase pinhas nenhumas, de modo que depois duma voltinha, fomos para o Botânico,
que fica ali ao lado. Estivémos lá uma hora a apanhar pinhas, a andar sobre troncos cortados e deixados como esculturas, a subir bem alto às árvores, a jogar jogos tradicionais, a lanchar, etc.
O tempo foi passando como se estivéramos no campo.
O mais pequenino delira com os paus, as pedrinhas, as árvores, é um miúdo virado para a Natureza e sente-se feliz nos espaços grandes.
O mais velho de vez em quando suspirava, mas alinhava em todas as brincadeiras que organizei: correr no labirinto, jogo de lenço ( que se passou a chamar jogo do ramo), escondidinhas, apanhada, etc. Voltei aos meus tempo de criança, muitos jogos fazem parte da minha infância e, como éramos muitos, nunca havia momentos de solidão.
Tirei algumas fotos diferentes do Botânico, que sempre me encanta.
Finalmente descobri o novo busto de Sophia Mello Breyner,
inaugurado a 6 de Novembro dia do seu aniversário, num dos jardins, um pouco escondido e sem grande beleza. Mas, pronto está ali, a lembrar que ela existiu e por ali deixou a sua pégada de criança feliz.
É raro passar as tardes de sábado com os meus netos, pois são raros os momentos que eles têm para estar com os Pais e sempre achei que deveriam fazer algo em conjunto. Muitas vezes os mais velhos têm festinhas de anos ou outros eventos, vão ao cinema ou ao Palácio, recebem amigos e primos.
Hoje felizmente, tive-os só para mim até agora e foi, segundo o meu neto mais velho, maravilhoso. "Adorei Vóvó" diz tudo. Este meu neto sabe-a toda e conquista-me facilmente. O segundo também estava entusiasmado com a ideia de irmos até ao "apartamento" ( departamento de Ciencias), onde ele tem a sua "oficina", com pedrinhas, paus, trevos em tufos e agora até cogumelos. Estava intrigado como é que em poucos dias os trevos tinham inundado o chão. Mostrei-lhe a raíz e expliquei-lhe que com a chuva tudo medra.
O jardim é lindo e costumávamos ir lá apanhar pinhas para a minha lareira. Agora já não há quase pinhas nenhumas, de modo que depois duma voltinha, fomos para o Botânico, que fica ali ao lado. Estivémos lá uma hora a apanhar pinhas, a andar sobre troncos cortados e deixados como esculturas, a apnhar folhas, a subir bem alto às árvores, a lanchar, etc.
O tempo foi passando como se estivéramos no campo. O mais pequenino delira com os paus, as pedrinhas, as árvores, é um miúdo virado para a Natureza e sente-se feliz nos espaços grandes.
O mais velho de vez em quando suspirava, mas alinhava em todas as brincadeiras que organizei: correr no labirinto, jogo de lenço ( que se passou a chamar jogo do ramo), escondidinhas, apanhada, etc. Voltei aos meus tempo de criança, muitos jogos fazem parte da minha infância e, como éramos muitos, nunca havia momentos de solidão.
Tirei algumas fotos diferentes do Botânico, que sempre me encanta.
Finalmente descobri o novo busto de Sophia,
inaugurado a 6 de Novembro dia do seu aniversário, num dos jardins, um pouco escondido e sem grande beleza. Mas, pronto está ali, a lembrar que ela existiu e por ali deixou a sua pégada de criança feliz.
Não sou apaixonada pelo FADO, apesar de ter nascido em Lisboa.
Lá, em adolescente, cantávamos muito em festas de jovens e havia quem se arvorasse em fadista, mesmo na minha família. A guitarra era um must nas reuniões da Capela do Rato e ali também se cantava fado do mais castiço.
Nunca fui a uma casa de fados na minha vida ( devo ser a única lisboeta que de tal se orgulha), embora houvesse cantores que me comoviam e ainda me comovem. Penso que o Fado tal como Fátima e o futebol são alienações da nossa Pátria, que não avança nunca mais e prefere o choradinho do passado, o mito das aparições e as glórias de Eusébio nos anos 60.
Posto isto, fico contente de que o Fado seja reconhecido internacionalmente, embora preferisse que fosse outro o alvo de tal honra.
Fui procurar nos arquivos do Youtube, um fadista que sempre adorei. A sua voz é única e incomparável: João Braga. Aqui canta em honra duma cantora portuguesa, que essa é, sem dúvida, a MAIOR de todas.
Fica aqui a minha homenagem à canção da minha terra.
Nestes dias pintei dois quadrinhos - do tipo decorativo como lhes chama o meu amigo Paulo - mas ficaram artísticos e gosto dos tons, para variar dos azuis. Fazem-me lembrar uns maples que havia na minha casa de criança, com tons parecidos em cretone, tipo inglês. Vi-as bem numa daquelas casas vitorianas do Yorkshire....:)). São puro abstracto.
Sempre gostei de Filosofia e ainda estudei alguma coisa na FLUP para lá do que nos debitavam no secundário, filosofia de pacotilha, tudo baralhado, sem grande conexão. Na Flup tive uma cadeira de Introdução à Psicologia, bastante útil para a via que acabei por escolher.
Acredito na Psicanálise, nas conversas no divã, no papel dum bom psiquiatra ou psicólogo. Nunca fui a nenhum por minha conta, mas já contactei com pessoas maravilhosas nesse ramo e sei de resultados surpreendentes conseguidos apenas através do diálogo e medicação.
O filme que fui ver contrapôe as teorias de Freud e de Jung, colegas na investigação, mas nem sempre de acordo quanto aos meios a usar para libertar os pacientes através da quebra de tabús e da expressão dos seus instintos e repressões.
Não vou contar o filme pois tiraria todo o interesse aos proximos espectadores. Gostei do "approach" de Cronenberg, um realizador de que não gosto especialmente. O filme é um pouco teatral e não muito rebuscado em termos de recontituição da época, achei-o bem mais interessante a nível do diálogo e da interpretação das personagens principais,
entre as quais a linda Keira Knightley, que é uma das minhas actrizes inglesas favoritas. A intelectualidade do tema deve escapar a algumas pessoas incautas, que esperem outro tipo de filme.
Hoje voltei à Foz, ao meu poiso, onde as gaivotas já me conhecem :) e onde passo alguns dos momentos mais belos da minha vida, agora que já nada me impede de sair sozinha ao Domingo à tarde, de fazer o que me apetece, sem planos, apenas com os objectos que me fazem falta: máquina fotografica, Ipod e telemóvel ( este não me é indispensável....mas convém tê-lo à mão).
Estava uma daquelas tardes de sonho, em que tudo parece belo, até as pessoas que se acotovelam na
estrada a olhar para o mar, sem ousar descer até à areia, que é onde se sente verdadeiramente a frescura, o cheiro e o pulsar das ondas e da espuma.
Levei para ler "O Guardador de Rebanhos" de Alberto Caeiro. Genial. Perfeito para o dia de hoje. Um livro que nos ensina a não pensar quando nos quedamos em frente às coisas belas da Natureza. Devemos deixar-nos impregnar por elas por osmose, sem usar o cérebro, apenas os sentidos...
Estive ali duas horas a olhar para um surfista no meio do mar,
para
as gaivotas meias-loucas que tanto invejo, e para a "minha" rocha vitimizada por uma crueldade salgada quotidiana, que a deixa muda, lisa, cada vez mais pequena e à mercê da fúria do mar.
Há horas felizes...e há momentos em que sinto que que poderia morrer devagarinho, acabar em beleza, se não fora a minha incapacidade de fazer o que Caeiro aconselha: deixar de pensar.
Sei ter o pasmo essencial
Que tem uma criança se, ao nascer,
Reparasse que nascera deveras…
Sinto-me nascido a cada momento
Para a eterna novidade do mundo…
Creio no mundo como num malmequer,
Porque o vejo.
Mas não penso nele
Porque pensar é não compreender…
O Mundo não se fez para pensarmos nele
(Pensar é estar doente dos olhos)
Mas para olharmos para ele e estarmos de acordo…
Eu não tenho filosofia: tenho sentidos…
Se falo na Natureza não é porque saiba o que ela é,
Mas porque a amo, e amo-a por isso,
Porque quem ama nunca sabe o que ama
Nem sabe por que ama, nem o que é amar…
Amar é a eterna inocência,
E a única inocência é não pensar…
Dantes era o pregão dos vendedores de lotaria, pelas ruas de Lisboa...
Mas é que as há mesmo, e devemos aproveitá-las ao máximo.
Hoje voltei à Foz, ao meu poiso, onde as gaivotas já me conhecem :) e onde passo alguns dos momentos mais belos da minha vida, agora que já nada me impede de sair sozinha ao Domingo à tarde, de fazer o que me apetece, sem planos, apenas com os objectos que me fazem falta: máquina fotografica, Ipod e telemóvel ( este não me é indispensável....mas convém tê-lo à mão).
Estava uma daquelas tardes de sonho, em que tudo parece belo, até as pessoas que se acotovelam na estrada a olhar para o mar, sem ousar descer até à areia, que é onde se sente verdadeiramente a frescura, o cheiro e o pulsar das ondas e da espuma.
Levei para ler "O Guardador de Rebanhos" de Alberto Caeiro. Genial. Perfeito para o dia de hoje. Um livro para nos ensinar a não pensar quando nos quedamos em frente às coisas belas da Natureza. Devemos deixar-nos impregnar por elas por osmose, sem usar o cérebro, apenas os sentidos...
Estive ali duas horas a olhar para um surfista no meio do mar, as gaivotas meias-loucas que tanto invejo, a rocha vitimizada por uma crueldade quotidiana, que a deixa muda, lisa, cada vez mais pequena...
Há horas felizes...e há momentos em que sinto que que poderia morrer, acabar em beleza, se não fosse a minha incapacidade de fazer o que Caeiro aconselha: deixar de pensar.