sábado, 20 de fevereiro de 2010

O Observer voltou

O Observer é um semanário - embora pertença ao jornal diário The Guardian - uma relíquia nos media ingleses que só sai uma vez por semana.
Durante anos visitei a bilioteca do British Council donde se podiam trazer para casa praticamente todos os jornais e revistas inglesas das semanas anteriores, sendo a sua leitura agradável e interessante, para não falar só da utilidade que esses artigos tinham para a minha elaboração de manuais escolares e aulas. A revista, então, era fabulosa, com artigos de moda, culinária, entrevistas, educação, anúncios engraçados, cartoons, opiniões, etc. Ainda lá tenho em casa - na antiga - revistas dos anos 80 que comprei em Londres e que não me apetece deitar fora. Estão junto às LIFE enormes, dois anos inteiros em que fiz a assinatura e TIMEs do tempo da 1ª Guerra do Golfo. São fósseis, eu sei, mas uma casa sem exemplares destes, é um pouco vazia, não acham?
Hoje li num blogue que o Observer que já tinha desaparecido há uns anos voltou a ser relançado no mercado. O vídeo que anuncia este evento é espantoso. Vejam-no...e comparem com a pobreza dos nossos semanários, que agora estão tanto em voga.

Exposição : Cor em Movimento




Perdoem-me a minha imodéstia, mas estou muito entusiasmada com este evento . É diferente de tudo quanto fiz nos meus 36 anos de professora, ainda que também aí usasse da criatividade e se possível de alguma cor e movimento. No ano passado fiz uma expo em Lisboa, mas sendo lá, não pude receber os meus amigos do Porto, que já vi ainda são alguns :)
Gostaria muito que todos os que gostam de pintura e de convívio se associassem a nós - Vivacidade - neste dia.

Um abraço

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

Paul Éluard



Paul Éluard por Salvador Dali



Paul Éluard é quase desconhecido entre nós.Foi um dos introdutores do Surrealismo em França, grande amigo de Picasso e casado com Gala, que mais tarde se tornou a célebre esposa de Salvador Dali. Resistente na 2ªGG, alistou-se no partido comunista francês. Morreu em 1952. A sua obra poética é imensa.

Quem mo deu a conhecer foi o meu ex- quando nos namorávamos. Encontrávamo-nos em Paris numa viagem à Suécia organizada pelo Técnico e pelo CADC de Coimbra. O francês era para nós quase uma segunda língua, embora eu estudasse inglês e alemão na faculdade. Era a língua das canções do Charles Aznavour, do Adamo, do Richard Anthony ( lembram-se de Aranjuez??) e a poesia francesa parecia encerrar muito mais beleza do que a inglesa, que eu naquela altura tinha de ler.Também era a lingua do AMOR e tanto eu como o meu namorado nos escrevíamos muitas vezes em francês.Ele vivia em Coimbra, eu em Lisboa e durante anos foi esse o nosso modo de amar!!
Não conhecia Éluard. Mas fiquei a conhecer. O meu namorado ofereceu-me um livro chamado Toi et Moi, que infelizmente, se perdeu nas inúmeras mudanças de casa a que fui submetida - oito - e tenho verdadeiro desgosto de nunca mais o ter conseguido encontrar. Estava todo sublinhado e com àpartes escritos a lápis, como é costume o meu ex-fazer. Um documento.

Um dos poemas mais conhecidos deste poeta francês que facilmente se encontra na Internet chama-se LIBERTÉ. E agora que se fala tanto de liberdade de expressão ou da falta dela, parece-me sugestivo relembrá-la aqui.Também está gravado em vídeo, mas não gosto tanto como de lê-lo.

LIBÉRTÉ

Sur mes cahiers d’écolier
Sur mon pupitre et les arbres
Sur le sable sur la neige
J’écris ton nom

Sur toutes les pages lues
Sur toutes les pages blanches
Pierre sang papier ou cendre
J’écris ton nom

Sur les images dorées
Sur les armes des guerriers
Sur la couronne des rois
J’écris ton nom

Sur la jungle et le désert
Sur les nids sur les genêts
Sur l’écho de mon enfance
J’écris ton nom

Sur les merveilles des nuits
Sur le pain blanc des journées
Sur les saisons fiancées
J’écris ton nom

Sur tous mes chiffons d’azur
Sur l’étang soleil moisi
Sur le lac lune vivante
J’écris ton nom

Sur les champs sur l’horizon
Sur les ailes des oiseaux
Et sur le moulin des ombres
J’écris ton nom

Sur chaque bouffée d’aurore
Sur la mer sur les bateaux
Sur la montagne démente
J’écris ton nom

Sur la mousse des nuages
Sur les sueurs de l’orage
Sur la pluie épaisse et fade
J’écris ton nom

Sur les formes scintillantes
Sur les cloches des couleurs
Sur la vérité physique
J’écris ton nom

Sur les sentiers éveillés
Sur les routes déployées
Sur les places qui débordent
J’écris ton nom

Sur la lampe qui s’allume
Sur la lampe qui s’éteint
Sur mes maisons réunies
J’écris ton nom

Sur le fruit coupé en deux
Du miroir et de ma chambre
Sur mon lit coquille vide
J’écris ton nom

Sur mon chien gourmand et tendre
Sur ses oreilles dressées
Sur sa patte maladroite
J’écris ton nom

Sur le tremplin de ma porte
Sur les objets familiers
Sur le flot du feu béni
J’écris ton nom

Sur toute chair accordée
Sur le front de mes amis
Sur chaque main qui se tend
J’écris ton nom

Sur la vitre des surprises
Sur les lèvres attentives
Bien au-dessus du silence
J’écris ton nom

Sur mes refuges détruits
Sur mes phares écroulés
Sur les murs de mon ennui
J’écris ton nom

Sur l’absence sans désirs
Sur la solitude nue
Sur les marches de la mort
J’écris ton nom

Sur la santé revenue
Sur le risque disparu
Sur l’espoir sans souvenir
J’écris ton nom

Et par le pouvoir d’un mot
Je recommence ma vie
Je suis né pour te connaître
Pour te nommer

Liberté.

terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

Carnaval em Veneza



Há precisamente 10 anos, passei o Carnaval em Veneza.
Foi uma experiência surpreendente, pois era suposto passar 4 dias com o meu filho - que se ia casar em Setembro - no Allgäu, reino da neve e dos Alpes, do Neuschwannstein e do sonho branco. Fomos para lá, nevava copiosamente, a paisagem era deslumbrante, ficámos num motelzinho muito acolhedor à beira dum lago rodeado de montanhas.
No dia seguinte, o meu filho, que não pára quieto, disse-me: "Vamos viajar, mas não lhe digo para onde, confie em mim". Eu confiei... e fui parar a Veneza, em plena 2ª feira de Carnaval, sem hotel marcado e com regresso no dia seguinte no comboio da noite. Uma aventura que não esperava aos 53, mas que me soube tão bem!



Vão aqui algumas fotos de Veneza. Foram scaneadas pois ainda não havia máquinas digitais e tirei-as com a minha Olympus, ou Canon, já não sei bem. Tinha muitas mais com máscaras incríveis, mas infelizmente perderam-se, só tenho as prints e levaria muito tempo a scaneá-las agora outra vez.

Ficaram muito bonitas porque Veneza é uma joia, quase irreal.






Perhaps Love

A pedido do amigo do meu irmão ( e meu amigo por inerência do cargo:)), Miguel, aqui vos deixo uma canção lindíssima ainda sobre o AMOR. O vídeo tem imagens belas, que nos transportam para esse mundo extraordinário, onde tudo parece tão fácil...



Obrigada , Miguel, pela dica. Que o "perhaps" se torne " for sure"!

A dança ( dedicado à minha amiga Catarina)



Em tempo de Carnaval, a única coisa que me atrai verdadeiramente e muito mais que as máscaras, corsos e outros eventos, é a dança, a possibilidade de as pessoas dançarem em qualquer lugar - sambarem em liberdade, mesmo semi-nuas, alegres, felizes, deixando para trás as suas desgraças e infortúnios. Fico espantada com os brasileiros que anos após anos, surgem sempre nos nossos ecrans, cheios de garra e folia, como se o mundo acabasse amanhã. É uma postura que alio à dança, sem regras, aquela que gosto mais. Nada de clássico, de sapatinhos de ballet ou, tutus enfileirados. Gosto de roupa leve, diáfana, esvoaçando pelos ares, ao som do ritmo e da melodia.

Hoje ao procurar o meu blogue no google, encontrei duas fotos com cor e movimento, assim apelidadas pela autora,Helena Duarte, num site português de fotografia, que muito aprecio, embora a ele não me tenha associado por fidelidade ao Woophy. Vão aqui as duas dedicadas à minha amiga Catarina, que tanto ama esta forma de expressão corporal.

domingo, 14 de fevereiro de 2010

L'AMOUR....TOUJOURS

Em memória da minha juventude - quiça demasiado romântica, mas bela - resolvi colocar aqui uma das canções de amor que mais me fez vibrar - e dançar - nos meus tempos de namoro. Este cantor está associado aos momentos mais perfeitos da nossa relação, como se diz hoje em dia, e ainda hoje me percorre um calafrio ( ou calor) na espinha ao ouvir esta voz tão especial. Era a época das canções francesas, do amor profundo, das juras eternas, da confiança no futuro, na certeza do presente...tudo isso já passou...mas a música fica.

Tempo de AMOR



Foto minha no casamento duma sobrinha em Coimbra


Nunca me importei muito com o dia de S. Valentim - Valentine's day - em termos de festejos pessoais ou de comemorações a dois.Houve tempos em que recebia um postal do meu namorado e depois marido nesse dia e , em geral, ficava contente, porque não acontecia todos os anos, era uma surpresa.

S. Valentim foi essencial , isso sim, para a minha vida profissional porque é uma data que se celebra com especial carinho no mundo anglo-saxonico e faz parte da cultura inglesa e americana. Havia um dia dedicado ao AMOR e os alunos adoravam escrever poemas, frases, quadras e mete-las numa caixa com o nome do destinatário. Na Escola havia uma caixa de correio especial para este dia. Lembro-me dumas quadras engraçadas em inglês que os alunos liam antes de se inspirarem para escrever as suas. Lembro-me desta:

Roses are red
The sky is blue
Dear....
I love you


Os alunos escreviam por exemplo:

Benfica is red
FCP is blue
Your eyes are mine
Your lips are true.


Havia alguns bonitos!

Ao pensar em filmes de amor que vi e que gostaria de partilhar convosco, há muitos a recordar: Gone with the Wind, Doutor Jivago, West Side Story, Pride and Prejudice, Wuthering Heights" ( Monte dos Vendavais), tudo filmes da minha juventude, que vi vezes sem conta.
Mais recente, há um que permanece na minha memória e que considero uma obra prima em qualquer época da vida: As Pontes de Madison County, um hino ao amor proibido, com uma delicadeza e encanto especial. Tem a marca do grande realizador e actor Clint Eastwood e o talento e expressividade dramática da grande, enorme actriz Meryl Streep. É um filme que me encanta e arrepia nos dias de hoje, em que todos exigimos a felicidade e quase desconhecemos os grandes sacrifícios por amor. Achamos que temos direito a tudo, não respeitamos fidelidades e já não queremos viver em opressão ou sujeição só por hábitos ou exigências conjugais.
Este filme é daqueles que deixa no ar a interrogação: devemos deixar tudo por uma grande paixão?

Vão aqui o trailer e umas cenas deste maravilhoso filme. Se não o viram, vejam e digam-me se concordam com a decisão.