sexta-feira, 11 de dezembro de 2009
Ainda o Outono
Esta tarde fui de autocarro para o meu atelier. No caminho a pé, reparei nalgumas árvores já meio despidas e noutras ainda a viver em pleno outono.Tirei umas fotos. Um contraste lindíssimo no dia esplendoroso de sol que esteve. Dentro do autocarro, ao passar na Rotunda da Boavista, não resisti e tirei outras fotos, parecia um sonho dourado num local por onde passam milhares de carros e autocarros todos os dias. Como é que resistem à poluição estas árvores centenárias? Como é que insistem em nos mostrar a sua beleza, apesar dos atropelos ecológicos a que estão sujeitas? Como é que já se pensou em cortar a Rotunda ao meio e ceifar árvores destas só para facilitar o trânsito? E no meio disto tudo, a Casa da Música, este belo e estranho edifício que aterrou aqui na cidade em boa hora.. Mais adiante o shopping Cidade do Porto, parecendo ter sido abençoado pela Igreja...
Tudo isto num raio de 500m. A não perder nesta altura do ano.
Graças à minha mini-digital Canon Ixus. Do autocarro. Para mais tarde recordar.
( Cliquem nelas que vale a pena)
Um poema que exprime o que sinto pelas árvores.E uma pintura das primeiras que fiz.
Uma fila de árvores caminha pela minha rua
Uma fila de árvores caminha pela minha rua
em direcção ao Norte.
As árvores caminham lentamente, com o rosto
levantado, arrogantes ou tristes, com essa lentidão do
equilibrista sobre um campo de minas.
Pudessem ser amigos que fugiram da morte,
pois a morte tem apego ao Sul.
Pudessem ser uma fila de homens sem casa nem
família com a convicção do soldado que
avança para a derrota.
Mas são apenas árvores, altas, de folha perene, cujos passos
impassíveis nunca perdem o ritmo,
uma fila que o vento não dissolve nem extingue.
Eu não quero saber que dor as sujeita, nem que
mão imprudente as animou a crescer.
Apenas as observo passar, dia após dia, passar desde
a infância, desde o primeiro amor.
Quereria perguntar-lhes os nomes, mas calo-me.
Quereria que a noite chegasse e as cobrisse:
Que inclinassem apenas a cabeça ao morrer.
Jesus Urceloy
quinta-feira, 10 de dezembro de 2009
Lisboa de novo
Ontem fui a Lisboa para uma consulta. A viagem faz-se com calma no Alfa. Muitos executivos puxam logo dos seus laptops e vão a fazer barulhinhos e a atender telemóveis toda viagem, mas eu ligo o meu IPOD e oiço música barroca, que me faz adormecer. Em geral durmo de Coimbra até Lx porque não há paragens e vou naquela toada embalante, sem que ninguém me aborreça. Sempre gostei de viajar sozinha, detesto conversas ou leitura no Pendular. Fico enjoada...coisa que não acontecia nos outros comboios.Também gosto de ver a paisagem a correr, a zona do Ribatejo muito verde - faz-me lembrar a Inglaterra - e alagada numa grande extensão.
Cheguei às 12.30 e ainda tinha uma hora e meia para a consulta, de modo que andei a passear no Vasco da Gama, um shopping igual a tantos outros, com as mesmas lojas, praça de alimentação, cinemas, etc. Estava decorado para o Natal e cheio de gente. Depois estive na Estação a ver os livros da enorme Feira do Livro que abrande grande parte do piso -1. Também achei graça às tendinhas com especialidades artesanais e às roupas sul americanas, muito garridas e de bom algodão.Tirei fotos com a minha velha Canon Ixus, que substitui a Leica, que ainda não recuperei.Gosto de ver as pessoas do alto e estes espaços que são arquitectonicamente de vanguarda.Cliquem nas fotos para ver pormenores engraçados.
terça-feira, 8 de dezembro de 2009
O fogo
Um destes dias acendi a lareira e estive horas esquecidas a olhar para as chamas a dançar sobre os toros ao som do vento que se ouvia através da chaminé. Era um cenário pictórico mais impressionante do que muitas imagens que se vêem do fogo. Adoro acender a lareira , mesmo quando não está frio, acho o cenário lindíssimo. Não consigo ler, só ouvir o meu Ipod e fitar o fogo. A vida corre lá fora e eu muda e queda a contemplar aquele fenómeno, a lenha a ser consumida pelo calor em brasa.
(clicar)
Devia estar inspirada por essa visão quando pintei este quadro.Saiu bastante chocante nas cores e no movimento dos traços. É grande, mede 1mx80cm. Gosto dele, apesar de não ser o meu habitual.
Vai aqui um poema para amenizar. É talvez o que melhor se coaduna com o meu pensar ao olhar para a lareira acesa no quentinho da minha casa.
Meto-me para Dentro
Meto-me para dentro, e fecho a janela.
Trazem o candeeiro e dão as boas noites,
E a minha voz contente dá as boas noites.
Oxalá a minha vida seja sempre isto:
O dia cheio de sol, ou suave de chuva,
Ou tempestuoso como se acabasse o Mundo,
A tarde suave e os ranchos que passam
Fitados com interesse da janela,
O último olhar amigo dado ao sossego das árvores,
E depois, fechada a janela, o candeeiro aceso,
Sem ler nada, nem pensar em nada, nem dormir,
Sentir a vida correr por mim como um rio por seu leito.
E lá fora um grande silêncio como um deus que dorme.
Fernando Pessoa
(clicar)
Devia estar inspirada por essa visão quando pintei este quadro.Saiu bastante chocante nas cores e no movimento dos traços. É grande, mede 1mx80cm. Gosto dele, apesar de não ser o meu habitual.
Vai aqui um poema para amenizar. É talvez o que melhor se coaduna com o meu pensar ao olhar para a lareira acesa no quentinho da minha casa.
Meto-me para Dentro
Meto-me para dentro, e fecho a janela.
Trazem o candeeiro e dão as boas noites,
E a minha voz contente dá as boas noites.
Oxalá a minha vida seja sempre isto:
O dia cheio de sol, ou suave de chuva,
Ou tempestuoso como se acabasse o Mundo,
A tarde suave e os ranchos que passam
Fitados com interesse da janela,
O último olhar amigo dado ao sossego das árvores,
E depois, fechada a janela, o candeeiro aceso,
Sem ler nada, nem pensar em nada, nem dormir,
Sentir a vida correr por mim como um rio por seu leito.
E lá fora um grande silêncio como um deus que dorme.
Fernando Pessoa
segunda-feira, 7 de dezembro de 2009
A Christmas Carol - Conto de Natal
O meu presépio ( 2007) ( clicar)
Fui ao cinema hoje. Queria comprar uma árvore de Natal artificial, o que faço pela primeira vez. Sempre tive árvores verdadeiras, abetos em vaso, que quase sempre morriam finalizados os quinze dias de Natal, deixando um rastro de agulhas verdes no chão da sala. No ano passado não fiz Árvore, mas vi que os meus netos tinha tido desgosto por verem que a casa da Avó não estava enfeitada como nos anos anteriores. Tenho um presépio lindo, que podem ver acima, mas emprestei-o à minha nora para os miudos o terem lá presente durante todo o Natal. Já me alegrou anos e anos seguidos e decoro-o sempre com enorme gosto. Mesmo no ano passado fi-lo eu em casa do meu filho.
Desta vez a árvore vai ser daquelas que nunca morrem, como o espírito natalício que me animou sempre, mesmo nas alturas mais difíceis da minha vida. Fazia a consoada tradicional em minha casa para a família do meu marido e depois partíamos para Lisboa no dia 25 para festejarmos com a minha família que é toda de Lisboa e Coimbra. Fiz isto durante mais de 20 anos, com meninos pequenos, estradas diabólicas, ressaca da consoada, etc. Era muito cansativo. Agora com tantos membros da família - 70 ao todo - só podemos mesmo festejar numa sala alugada depois do Natal, normalmente no 1º sábado a seguir ao Ano Novo. É uma loucura...:)
O que fui eu ver ao cinema? Precisamente o filme de animação A CHRISTMAS CAROL, baseado no conto de Charles Dickens, em 3D. É uma animação vertiginosa, cheia de efeitos especiais, mas transmite bem a mensagem e consegue envolver-nos na noite tenebrosa, escura e fria de Londres, onde só junto à lareira se está bem. É um filme diferente com um encanto que só os adultos compreenderão, sobretudo os que como eu, já viveram muito e vêem a vida a chegar rapidamente ao fim, mesmo sem cepticismo. É uma espécie de Regresso ao Futuro ( o realizador é o mesmo) natalício.
Eis aqui uma sinopse do filme e livro tirada da net:
O mais célebre conto de Natal
A 19 de Dezembro de 1843 foi publicado pela primeira vez A Christmas Carol (Conto de Natal), o conto de Charles Dickens que se tornou uma das histórias de Natal mais populares de sempre. Numa única semana, o livro, que Dickens tinha escrito sob pressão de algumas dívidas financeiras, vendeu seis mil cópias. As ilustrações originais eram de John Leech, um artista com uma visão política radical.
Mesmo aqueles que não leram o livro viram provavelmente uma das inúmeras adaptações – para cinema, teatro, televisão – da história de Ebeneezer Scrooge, o homem de negócios próspero que representa o egoísmo e a indiferença perante o sofrimento e a pobreza alheios. Este era um tema caro a Dickens, em cujas obras a injustiça social e a pobreza eram sempre denunciadas. Na Inglaterra da época, a revolução industrial tinha levado ao surgimento de uma nova camada de pobres - os trabalhadores das fábricas, cujas condições de vida eram muitas vezes miseráveis.
No livro, Ebeneezer Scrooge recebe durante o sono as visitas dos fantasmas do Natal do passado, do presente e do futuro, que o levam a ver locais e pessoas, e a presenciar episódios anteriores e futuros da sua vida. Scrooge acaba por arrepender-se da conduta que tinha tido até então, tornando-se um homem generoso.
E não posso deixar de transcrever aqui a descrição de Scrooge ne verdadeira versão. É um pedacinho precioso de literatura clássica:
Oh! But he was a tight-fisted hand at the grindstone, Scrooge! a squeezing, wrenching, grasping, scraping, clutching, covetous old sinner! Hard and sharp as flint, from which no steel had ever struck out generous fire; secret, and self-contained, and solitary as an oyster. The cold within him froze his old features, nipped his pointed nose, shrivelled his cheek, stiffened his gait; made his eyes red, his thin lips blue; and spoke out shrewdly in his grating voice. A frosty rime was on his head, and on his eyebrows, and his wiry chin. He carried his own low temperature always about with him; he iced his office in the dog-days; and didn't thaw it one degree at Christmas.
External heat and cold had little influence on Scrooge. No warmth could warm, no wintry weather chill him. No wind that blew was bitterer than he, no falling snow was more intent upon its purpose, no pelting rain less open to entreaty. Foul weather didn't know where to have him. The heaviest rain, and snow, and hail, and sleet, could boast of the advantage over him in only one respect. They often came down handsomely, and Scrooge never did.
Nobody ever stopped him in the street to say, with gladsome looks, ``My dear Scrooge, how are you. When will you come to see me.'' No beggars implored him to bestow a trifle, no children asked him what it was o'clock, no man or woman ever once in all his life inquired the way to such and such a place, of Scrooge. Even the blindmen's dogs appeared to know him; and when they saw him coming on, would tug their owners into doorways and up courts; and then would wag their tails as though they said, ``No eye at all is better than an evil eye, dark master! ''
Vale a pena ir ver o filme e ler o conto. Os diálogos são textuais, seguem a história na perfeição. Ambos nos oferecem uma mensagem de Natal, extremamente solidária, construtiva, e actual.
Aqui fica o trailer para abrir o apetite.
domingo, 6 de dezembro de 2009
Pôres do sol na pintura
Monet - Montreal sunset
Falámos de pores do sol. São um estado de alma. Há dias em que nem sequer damos por eles, de tal modo ocupados estamos com mil e uma coisas mais pragmáticas. Outras nem sequer conseguimos vê-los, devido ao nevoeiro, muito frequente aqui no Porto, ou aos malditos prédios que nos tiram a vista das janelas. Por vezes nem os queremos ver, tal é o nosso estado de depressão. Não aguentamos pôres do sol.
Eis como alguns pintores dos que mais gosto os pintaram. São mesmo estados de alma diferentes:
Van Gogh - Sunset
A luminosidade deste quadro é um bálsamo para a alma. É o campo a cantar.Neste abaixo, o sol já está tão baixinho que quase nem se dá por ele.
Van Gogh- Lane of poplars at sunset
Turner- Fighting Temeraire
Neste quadro o foco de atenção é o veleiro esfumado na neblina. O sol está lá, mas é secundário.
Monet - Sunset
Nesta pintura, a cidade reflecte-se no rio banhado do pôr do sol vermelho.
Edward Hopper - Railroad sunset
Eis como Hopper, um americano, vê o por do sol junto à via férrea, solitária e depressiva.
E vai aqui um pastel que fiz há meses e que não pretende rivalizar com ninguém :))). Foi inspirado por uma fotografia muito bonita que encontrei no Woophy.
10.000 visitas
Abri agora ao raiar da 1.00 da manhã o meu blogue, depois de estar a ver um programa da Sic N que me irrita - devo ser masoquista sem dúvida nenhuma - e reparei que tínhamos atingido os 5 dígitos, como se diz agora em gíria mediática.
10.000 visitas são muitas em tão pouco tempo. Mesmo contando com as minhas.
Faz amanhã 4 meses que o meu irmão, em boa hora, me abriu este blogue e confiou na minha capacidade para o conservar aberto durante algum tempo. Já lhe agradeci, mas continuo eternamente grata.
Devo dizer que é espantoso escrever assim livremente sobre o que me apaixona e encanta, o lado belo da vida, deixando para trás a sua "face oculta" ou menos bela. Não gosto de escrever sobre os grandes dramas políticos , nem sobre os pôdres da nossa sociedade. Serei demasiado lírica, mas acho que a vida é curta e temos de olhar para a Natureza, para a Arte, admirar a Beleza e criar alguma coisa que fique. Mesmo não sendo optimista, que não sou, prefiro virar-me para tudo o que é positivo e ansiar por alguma coisa.
OBRIGADA por andarem por aqui....continuemos o nosso passeio até que as solas se gastem.
Alguém disse há dias que eu gostava muito de pores do sol...é verdade, comungo isso com o Principezinho de S. Exupery. Vai aqui uma foto e uma colagem que fiz com pores do sol (10) fotografados da minha antiga casa, que ficava num 8º andar virado a poente. Todos os dias via um diferente e todos me extasiavam.
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