Hoje fiz esta pintura, sem grandes objectivos, só porque tinha saudades de pegar no pincel ao fim deste tempo todo. Comecei por tentar uma tela figurativa , uma ponte lindíssima cheia de musgo sobre um riacho que vi no Yorkshire Sculpture Park. Adoro a fotografia , tudo parece dourado e verde, a ponte reflecte-se no riacho e o efeito é surpreendentemente belo.
Não consegui...é demasiado pormenorizado e o efeito com a tinta perde-se. Nem sempre uma boa foto dá um bom quadro. Ou por outras palavras: é preciso muita arte para transformar uma foto numa linda pintura. E eu não sou muito artista em quadros figurativos a acrílico. Talvez em pastel me safasse melhor!
Acabei por usar as tintas que tinha na paleta e juntei-lhes massa de gel,aplicando tudo com a espátula fina.Foi este o resultado.
O meu irmão colocou um destes dias no seu blogue uma pintura que me encantou e decidi fazer uma pesquisa sobre a pintora, que tem um espólio magnífico de obras e prémios.Só encontrei a biografia em inglês, visto ela ser americana e pouco conhecida no nosso país. Daí ter transcrito a versão que encontrei.
Practically born with a crayon in her hand, Jan Blencowe considers visual art her first language. She has been drawing and painting for as long as she has been talking. Her formal training began in New York in high school, all the basics coupled with an unusual beginning at a young age painting in the abstract expressionist style. The fine art program at Caldwell College, Caldwell, NJ followed where she received a BFA, magna cum laude, in 1984 with concentrations in painting, color and art history. Her college years also included an internship at the Montclair Museum, Montclair, NJ.
Her most artistically significant continuing study is engaging in painting en situ, outdoors on location learning under the care, nurture and guidance of the greatest, most profound mentor, Mother Nature.
Blencowe’s creative goals include continuing the path forged by the great American landscape painters who so seamlessly merged the grand but temporal beauties of nature and the sublime spirituality present in every living thing. Her passion for connection continues to lead her into the ever evolving world of the internet and social media as a conduit for bringing together artists and art lovers all over the globe.
Ver pinturas destas faz-nos acreditar no poder encantatório da Natureza e do valor intrínseco do talento e da Arte. O site da Fine Art America é um museu que vale a pena visitar:http://fineartamerica.com/featured/river-sunset-jan-blencowe.html
Hoje fui visitar o SEALIFE no Porto, local que já há muito queria ver. A minha filha faz hoje anos, de modo que juntámos o útil ao agradável e fomos ver o fundo do mar. Entretanto, depois de passar vários momentos soberbos a admirar algumas espécies verdadeiramente fascinantes, cujos nomes infelizmente não apontei, crendo que os encontraria no catálogo que comprei à entrada, estivémos na varanda da cafetaria a gozar a brisa fresca das praias, que se desdobravam na nossa frente, ondas altas e propícias para o surf. Realmente, este museu não podia estar melhor situado, vemos o mar dum lado e do outro. É como se estivéssemos a ver as duas faces da Lua.
As fotos foram todas tiradas por mim, sem flash, pois é proibido usá-lo. Fiz um pequeno vídeo, que tb podem ver. Penso que dão uma ideia do mundo maravilhoso que é o reino aquático.
Transcrevo, a propósito, um texto que fui buscar a um blogue brasileiro e que é bastante sugestivo sobre o tema. E um poema conhecido que já transcrevi em tempos.
O MAR COMO INSPIRAÇÃO
Você gosta de poesia? Eu gosto. E tenho lido os poetas brasileiros, contemporâneos e antigos, mas admiro, também, a poesia de outras paragens, como a portuguesa, notadamente Fernando Pessoa, sem dúvida um dos maiores poetas da língua portuguesa. Pois foi em Portugal, onde estive há pouco tempo, que descobri uma poeta com uma temática muito interessante, o mar. E essa descoberta se deu por um acaso, em uma visita ao Oceanário, um prédio futurista onde a vida marinha é mostrada ao vivo. Nele, percebi que em algumas áreas havia versos, sempre sobre o mar. Fiquei curioso, mas não havia nenhuma informação sobre quem os havia escrito. No final, já próximo da saída, deparei-me, então, com um poema inteiro, o Fundo do Mar. E acabei, também, descobrindo o nome da poeta, Sophia de Mello Breyner Andersen. Anotei o nome e decidi que iria procurar alguma coisa por ela publicado. Se gosto de poesia, também sou aficcionado por livros. E estando no berço onde o português e parte de nossa cultura nasceu, não poderia deixar de ir a mais do que uma, olhar, ver o que estava sendo publicado, comparando com o que temos aqui. E foi em uma dessas visitas – um descanso para as caminhadas por Lisboa – que acabei descobrindo uma antologia da Sophia. Advinhem sobre o que ela é? Exatamente sobre o mar. E nela, o poema que havia sido reproduzido no Oceanário. Um ótimo poema, no meu entender. E é por isso que o deixo, aqui, para a sua apreciação:
FUNDO DO MAR No fundo do mar há brancos pavores,
Onde as plantas são animais
E os animais são flores
Mundo silencioso que não atinge
A agitação das ondas.
Abrem-se rindo conchas redondas,
Baloiça o cavalo-marinho.
Um polvo avança
No desalinho.
Dos seus mil braços,
Uma flor dança.
Sem ruído vibram os espaços.
Sobre a areia o tempo poisa
Leve como um lenço.
Mas por mais bela que seja cada coisa
Tem um monstro em si suspenso.
Esta e outras poesias sobre o mar estão em Mar, de Sophia de Mello Breyner Andersen. A antologia foi organizada pela filha dela, Maria Andersen de Souza Tavares, está na sétima edição e foi publicada pela Editorial Caminho, de Portugal. Se você gosta de poesia, é uma ótima leitura. Recomendo.
Spring cleaning - os ingleses usam esta expressão um pouco machista e conservadora para referir a limpeza das casas na Primavera, altura em que é preciso deitar muita coisa fora, arrumar alguma roupa de inverno, limpar livros e discos, prateleiras a que nunca chegamos sem escadote, seleccionar objectos que verdadeiramente queremos valorizar e outros que podemos dispensar, podar plantas de interior, guardar brinquedos que já estão ultrapassados - os miudos já cresceram entretanto -, enfim encetar uma lista de tarefas que competiriam à mulher, mãe, cumprir.
Gosto destas actividades, gostei de ser dona da minha casa e não estou a ver o meu ex- a dobrar camisolas, nem a limpar o pó ou a passar a ferro, por muito que eu afirmasse sempre ser injusto as mulheres terem de tratar da casa e dos filhos sozinhas. Os meus filhos já vivem doutra maneira e até têm prazer - o mais velho - em montar estantes, arrumar livros, cozinhar, ajudar a mulher em tudo o que respeita a casa, meninos,etc. Gott sei Dank!
Hoje estive a seleccionar camisolas, T-shirts e casacos do meu armário. Como é possível acumular tanta coisa, eu, que não compro roupa há meses?? Faz-me lembrar aquele anúncio das pilhas duracell - e duram...e duram....e duram... Ainda tenho no armário vestidos que pus no casamento do filho e sobrinhos e que praticamente não voltei a usar. Depois há aquelas roupas que não nos servem, mas que adoramos e esperamos poder vir a usar quando aquela dieta milagrosa der efeito ou quando mirrados pela velhice tudo nos servir :)))... Com a vista destes objectos, vêm as memórias...os momentos em que comprámos este saia e casaco ou aquela blusinha tão catita...a viagem em que nos deixámos seduzir por aquela cachemira dos M&S ou pelo kispo do C&A. Ainda tenho uma gabardina que comprei na Tendinha há mais de vinta anos!
Porque deixei eu de usar estas roupas mais janotas ? Provavelmente porque sem ter ninguém que as visse e apreciasse, já não desse gosto vesti-las. As mulheres que são vaidosas, têm gosto em ver-se ao espelho e mudar de roupa todos os dias, seguir a moda...as que não o são tanto, preferem usar o que é prático e o que dê menos trabalho a lavar ou a passar. No verão, usam jeans todos os dias ou t-shirts e polos como se fossem homens, e no inverno camisolões confortáveis com calças de bombazina...raramente pôem saias ou vestidos. Remetem-se à cinzentude confortável da vida diária, sem glamour especial.
A canção que vos deixo hoje e que se chama LOST PROPERTY, fala precisamente de objectos que fizeram parte do nosso quotidiano e que se foram perdendo e deitando fora. O cantor Neil Hannon lamenta todo esse processo e relata depois um sonho maravilhoso em que reencontrou tudo o que perdera ou deitara fora!
The Divine Comedy Lost Property lyrics
Postcards and letters T-shirts and sweaters Passports and Parkas Mobiles and chargers Two tennis rackets Blue Rizla packets A new sheep-skin jacket I lost it all All through my life there have been Many rare and precious things I have tried to call mine But I just cannot seem To keep hold of anything For more than a short time Possessions of a sentimental kind They were mine, now they're not Gym-kits and trainers Asthma inhalers Silk-cuts and Bennies Ten-packs and twenties C-class narcotics Antibiotics The holes in my pockets I lost it all All that I'd like is to know Just where do those lost things go? When they slip from my hands Then one night in a dream I passed through a sheepskin screen To a green, pleasant land I found them all piled up into the sky And I cried tears of joy