sábado, 23 de julho de 2011

Férias III


Hoje estou um pouco desanimada, não sei porquê, creio que é puro cansaço. Já não tenho idade para tanta aventura e a água gelada - 18º - dá-me cabo dos ossos, daí, sentir permanente dor nas articulações. Parece que cada dia a água arrefece mais, os ingleses estão todos alapardados na areia e nas rochas, comentando que a água aqui é quase tão fria como nas terras de Sua Majestade.
Os meus netos felizmente, aguentam-se bem, o mais pequenito parece impermeável ao frio...hoje só dizia : mamma mia, que este frigorífico é frio:))), mas mergulhava milhentas vezes e saía com a mesma cara de riso, feliz e contente. É um miudo muito pandego, mesmo engraçado, mas cansativo, porque nunca se cala, parece que lhe pagaram para matar o silêncio. Até o irmão se enerva com ele, embora o espicace para o fazer falar e levar um ralhete. Hoje comprei uns óculos e tubo para o mais velho - já tinha prometido - pois ele já consegue manejar as duas coisas e ver o que se passa lá em baixo, como eu. O problema é a água gelada, não se aguenta muito tempo a fazer snorkelling....a testa começa a doer e temos de sair.
O vento é quente e o sol fortíssimo, neste momento estou a escrever no jardim e os meus pés estão a queixar-se e em risco de virar torresmos....
O meu filho deve estar a chegar de Munique - foi ida e volta, de modo que dispensei a sesta habitual, só os meninos dormem que nem anjos, depois do banho gelado da manhã....é agradável ter silêncio, mas ao mesmo tempo, hoje sinto que já parte da família vai embora amanhã e ficarei só com tres...é a vida, não podemos estar sempre juntos e nem seria bom, pois há sempre o cansaço inerente.
Os homens pouco fazem cá em casa, são as mulheres - a minha filha e eu - que dão conta da lide caseira, compras, inclusivé...eles estão estafados do trabalho deste ano, de que ainda não s desligaram sequer.

Tenho saudades de pintar, mas as tintas acabaram por ficar em casa do meu filho e só tenho aqui os pincéis e as telas...acho que vou comprar umas aguarelas e finalmente dedicar-me a essa técnica....

A vida é bela...e as férias ainda vão a meio.

sexta-feira, 22 de julho de 2011

Da natureza das férias


Ontem o meu neto perguntou-me `noite o que iríamos fazer hoje. Disse-lhe:" Vamos à praia tomar umas banhocas". Ficou assim como que frustrado e acrescentou: Porque é que todos os dias são iguais?".
Ele está a adorar estes dias aqui passados e a pergunta não tem nada de queixa, mais de curiosidade. Ontem comprei-lhes duas pranchas, mas estava muito vento, de modo que a experiência não foi a melhor, mas hoje está um dia lindo, sem vento, com uma pequenas ondas, o ideal para tentarmos de novo. Para já, o mais velho lê "Harry Potter" e o mais novo joga Nintendo, depois de ter achado que fazer actividades da escola era um pouco chato:))). São bons meninos e dóceis, q.b. O mais pequenodiz que a Mãe lhe disse para ser intendente ( independente!)....:))

Daqui a nada vamos para baixo para mais uma sessão de sol, mar e areia, ingredientes que nos fazem felizes.

À tarde juntam-se aqui muitos ingleses com meninos e a prainha fica cheia, mas de manhã é um areal quase sem ninguém na maré vazia. Brincamos muito juntos, rimos imenso, fazemos quadras do estilo "Mamma Mia, a água está fria, mamma amata, a água está gelata" e outras tolices no género, que nos divertem e só me rejuvenescem. Verifico que as pessoas da minha idade quase não tomam banho, pôem-se ao sol durante horas, mas lá molharem-se não é com elas. A água tem estado muito fria - 18º e custa um pouco a entrar, mas depois é fantástica a reacção do corpo, tipo sauna, a circulação sofre um abalo revigorante. O pior são as noites com algumas dores no corpo, devido às artroses....:))), mas não matam, só moem.

A quietude destas manhãs fazem-nos bem...e não há dúvida que as crianças sem os pais se portam muito melhor....:)...por muito bons educadores que eles sejam!

quarta-feira, 20 de julho de 2011

A buganvília



Há-as de todas as cores aqui no Algarve e na Luz. Em Junho estive cá e não havia quase nenhum arbusto com flores, fiquei desconsolada, pois estas cores vibrantes adoçam o ambiente e agora que já não há hibiscos aqui no jardim, pois tiraram o que havia com o pretexto de que tirava a vista da janela, as buganvílias são quase as únicas flores ainda existentes. A vista é muito bonita, mas as flores fazem-me falta, o meu Pai tinha imenso orgulho nos seus agapantos, que proliferam no Porto, as sardinheiras multicolores, a árvore da borracha trazida de longe...tudo isso desapareceu, até a palmeira da Avó, mas essa morreu de velhice. Deixou duas pequenas, uma filha outra neta, que daqui a uns anos farão as delícias de quem gostar de plantas como eu. Há quem prefira olhar para o mar sem interferências, mas este aqui é de tal modo vasto, que nunca uma pequena planta poderia estragar a visão deste azul infinito. Os vizinhos têm um pinheiro manso que nos tira o sol durante parte da tarde, mas está cá há 45 anos e ai de quem falar em cortar aquela árvore ou mesmo desbastá-la...
Ando a fazer colecção de fotos de buganvílias de cores diferentes, para depois fazer uma colagem...mas coloco aqui algumas do nossos jardins detrás, em especial ara a minha amiga Regina, que gostou muito delas, quando esteve aqui na Luz.

terça-feira, 19 de julho de 2011

Há coisas muito engraçadas



De vez em quando, quer-se tirar uma fotografia boa e sai uma versão completamente diferente, porque os parâmetros e condições não estão bem regulados.Podemos apagar tudo e mandar para a lixeira ou aproveitá-la com imaginação.

Há dias esteve um luar bem bonito aqui na Luz, apesar de a Lua já estar reduzida a quase metade, e tentei repetir a proeza que tinha conseguido ano passado, em que as fotos da Lua cheia ficaram belas. Desta feita só saiu uma fotografia bizarra, com contornos góticos, a lembrar os filmes de terror , obras de Poe ou pinturas de Goya.

Ponho-a aqui com um poema que todos conhecemos de Soares de Passos:

Noivado do Sepúlcro

Vai alta a lua! na mansão da morte
Já meia-noite com vagar soou;
Que paz tranquila; dos vaivéns da sorte
Só tem descanso quem ali baixou.

...Que paz tranquila!... mas eis longe, ao longe
Funérea campa com fragor rangeu;
Branco fantasma semelhante a um monge,
D'entre os sepulcros a cabeça ergueu.
.
Ergueu-se, ergueu-se!... na amplidão celeste
Campeia a lua com sinistra luz;
O vento geme no feral cipreste,
O mocho pia na marmórea cruz.

Ergueu-se, ergueu-se!... com sombrio espanto
Olhou em roda... não achou ninguém...
Por entre as campas, arrastando o manto,
Com lentos passos caminhou além.

Chegando perto duma cruz alçada,
Que entre ciprestes alvejava ao fim,
Parou, sentou-se e com a voz magoada
Os ecos tristes acordou assim:

"Mulher formosa, que adorei na vida,
E que na tumba não cessei d'amar,
Por que atraiçoas, desleal, mentida,
O amor eterno que te ouvi jurar?"

"Amor! engano que na campa finda,
Que a morte despe da ilusão falaz:
Quem d'entre os vivos se lembrará ainda
Do pobre morto que na terra jaz?"

"Abandonado neste chão repousa
Há já três dias, e não vens aqui...
Ai, quão pesada me tem sido a lousa
Sobre este peito que bateu por ti!"

"Ai, quão pesada me tem sido!" e em meio,
A fronte exausta lhe pendeu na mão,
E entre soluços arrancou do seio
Fundo suspiro de cruel paixão.

"Talvez que rindo dos protestos nossos,
Gozes com outro d'infernal prazer;
E o olvido cobrirá meus ossos
Na fria terra sem vingança ter!"

- "Oh nunca, nunca!" de saudade infinda
Responde um eco suspirando além...
- “Oh nunca, nunca!” repetiu ainda
Formosa virgem que em seus braços tem.

Cobrem-lhe as formas divinas, airosas,
Longas roupagens de nevada cor;
Singela c'roa de virgínias rosas
Lhe cerca a fronte dum mortal palor.

"Não, não perdeste meu amor jurado:
Vês este peito? reina a morte aqui...
É já sem forças, ai de mim, gelado,
Mas inda pulsa com amor por ti."

"Feliz que pude acompanhar-te ao fundo
Da sepultura, sucumbindo à dor:
Deixei a vida... que importava o mundo,
O mundo em trevas sem a luz do amor?"

"Saudosa ao longe vês no céu a lua?"
- "Oh vejo sim... recordação fatal!"
- "Foi à luz dela que jurei ser tua
Durante a vida, e na mansão final."

"Oh vem! se nunca te cingi ao peito,
Hoje o sepulcro nos reúne enfim...
Quero o repouso de teu frio leito,
Quero-te unido para sempre a mim!"

E ao som dos pios do cantor funéreo,
E à luz da lua de sinistro alvor,
Junto ao cruzeiro, sepulcral mistério
Foi celebrado, d'infeliz amor.

Quando risonho despontava o dia,
Já desse drama nada havia então,
Mais que uma tumba funeral vazia,
Quebrada a lousa por ignota mão.

Porém mais tarde, quando foi volvido
Das sepulturas o gelado pó,
Dois esqueletos, um ao outro unido,
Foram achados num sepulcro só.

segunda-feira, 18 de julho de 2011

Another day...in Paradise



É o nome duma canção de Phil Collins, que nada tem a ver com a bela vida que aqui disfruto. O título é irónico...e refere-se à pobreza na América.

Hoje devem chegar os meus 4 homens, dois filhos e dois netos, à tarde. Vai ser a revolução total, pois cada um deles tem uma personalidade distinta e nem sempre se entendem, mas espero que tudo corra bem. Vai ser engraçado ter cá os meus netos sem a Mãe, pela primeira vez. Quando ela está presente, respeito todas as suas decisões e não quero de modo nenhum impor-me ou quebrar os bons hábitos, mas estando sozinha com eles, posso propor-lhes algumas passeatas e banhos de mar ao meu gosto. Não os quero é a ver TV, embora aqui tb haja cabo e Panda....mas eles não sabem e eu não lhe vou dizer.

Quero que aproveitem esta maravilha com os olhos limpos de imagens e que façam coisas que não fariam no Porto...é para isso que servem as férias...e daí ficam as recordações que nunca mais se esquecem. Já sei que vão ter outros meninos aqui ao lado para brincar, o que tb será bom.

Quanto aos filhos, já sei o que a casa gasta. O mais velho vem com o laptop e vai trabalhar, mais do que tomar banhos ( é friorento, q.b.), e o mais novo dormirá a manhã toda e lá pra tarde vai comprar o jornal, beber o café e apanhar sol no jardim. Deita-se ao raiar do sol:)))

É giro estar com a família...sobretudo com os meus tres filhos e netos.

A minha nora ficou no Porto a acabar a tese de doutoramente, que é urgente. Espero que tudo lhe esteja a correr bem, é uma grande mulher e uma mãe desvelada....que tenha todo o sossego e inspiração nestes dias para poder terminar o seu trabalho, que já dura há cinco anos.

Another day...in Paradise

É o nome duma canção de Phil Collins, que nada tem a ver com a bela vida que aqui disfruto. O título é irónico...

Hoje devem chegar os meus 4 homens, dois filhos e dois netos, à tarde. Vai ser a revolução total, pois cada um deles tem uma personalidade distinta e nem sempre se entendem, mas espero que tudo corra bem. Vai ser engraçado ter cá os meus netos sem a Mãe, pela primeira vez. Quando ela está presente, respeito todas as suas decisões, assim posso propor-lhes algumas passeatas e banhos de mar ao meu gosto. Não os quero é a ver TV, embora aqui tb haja cabo e Panda....mas eles não sabem e eu não lhe vou dizer.

Quero que aproveitem esta maravilha com os olhos limpos de imagens e que façam coisas que não fariam no Porto...é para isso que servem as férias.
Quanto aos filhos, já sei o que a casa gasta. O mais velho vem com o laptop e vai trabalhar , mais do que tomar banhos ( é friorento, q.b.), p mais novo dormirá a manhã toda e lá pra tarde vai comprar o jornal, beber o café e apanhar sol no jardim.
É giro estar com a família...sobretudo com os meus tres filhos e netos.
A minha nora ficou no Porto a acabar a tese de doutoramente, que é urgente. Espero que tudo lhe esteja a correr bem, é uma grande mulher e uma mãe desvelada....

Another day...in Paradise

É o nome duma canção de Phil Collins, que nada tem a ver com a bela vida que aqui disfruto. O título é irónico...

Hoje devem chegar os meus 4 homens, dois filhos e dois netos, à tarde. Vai ser a revolução total, pois cada um deles tem uma personalidade distinta e nem sempre se entendem, mas espero que tudo corra bem. Vai ser engraçado ter cá os meus netos sem a Mãe, pela primeira vez. Quando ela está presente, respeito todas as suas decisões, assim posso propor-lhes algumas passeatas e banhos de mar ao meu gosto. Não os quero é a ver TV, embora aqui tb haja cabo e Panda....mas eles não sabem e eu não lhe vou dizer.

Quero que aproveitem esta maravilha com os olhos limpos de imagens e que façam coisas que não fariam no Porto...é para isso que servem as férias.
Quanto aos filhos, já sei o que a casa gasta. O mais velho vem com o laptop e vai trabalhar , mais do que tomar banhos ( é friorento, q.b.), p mais novo dormirá a manhã toda e lá pra tarde vai comprar o jornal, beber o café e apanhar sol no jardim.
É giro estar com a família...sobretudo com os meus tres filhos e netos.
A minha nora ficou no Porto a acabar a tese de doutoramente, que é urgente. Espero que tudo lhe esteja a correr bem, é uma grande mulher e uma mãe desvelada....

domingo, 17 de julho de 2011

Paz e calmaria



4 da tarde.

Sentada na sala, só oiço o tique taque do relógio da cozinha, os chutos das crianças numa bola lá longe, o vento a assobiar pelas frestas das janelas. Corri as cortinas brancas da sala, só vejo a boganvília repleta de flores roxas e parece que estamos no céu; passam-me pela cabeça tantos e tantos momentos bons e maus, que aqui se aconteceram. É o filme da minha vida, dos meus verdes anos, dos anos mais dificeis, dos mais gratificantes, dos mais ricos e também dos mais traumatizantes...

Lembro-me de repente desta casa cheia quando o meu Pai resolveu alugar uma TV para vermos os jogos Olímpicos de 1972 (?)...os vizinhos vinham para cá ver as provas mais excitantes, depois ia-se jogar volei no campo do vizinho, que tinha uma rede e muita paciência para aturar o barulho que o despique despoletava, e por fim, tomar banho às 8 da noite, quando já suados, nem sentíamos o frio da água...éramos tão jovens e não havia grande preocupação com o futuro...eu já tinha acabado o meu estágio, no ano seguinte tinha lugar certo no M. Amália, o meu liceu, adorava Lisboa, ensinar inglês e alemão...e nem sabia que um ano depois estaria casada, viria o 25 de Abril...partiria para o nowhere atrás do marido...para acabar no Porto.

Também me lembro de festejar aqui os anos dos meus filhos em Agosto por diversas vezes, com família e amigos, aqui no pátio. Acabavam as festas em cantorias à guitarra e sangria da boa com amigos estrangeiros a aproveitar o nosso sol e a hospitalidade.

Hoje tomei um banho sozinha lá em baixo, com a água bastante fria - 20º, segundo diz o jornal - e uma temperatura de 24º cá fora. Não é brilhante, mas é das coisas que mais gosto, mergulhar na água gelada e sentir o corpo a reagir...e passado um pouco, um calor que me invade toda num bem estar revigorante, nadar por entre as rochas que circundam a prainha, uma pequena baía quase privativa, excelente para que não quiser andar até à praia grande, onde se apanha demasiado sol e muita gente.

A minha fiha já foi para a praia grande depois de almoço, com o seu Ipod e livro...encontrámos um casal amigo e conversámos, mas ela não precisa de companhia e eu tb gosto de estar sozinha...sobretudo neste silêncio, neste santuário, onde estão tantas relíquias e sonhos da minha famíla. Lá fora está azul e sol, mas aqui há silencio absoluto...

Praia

Uma das coisas que mais aprecio na costa - seja ela portuguesa ou noutro país qualquer, é a capacidade de transformação que possui, desde as falésias que ruem até às dunas que desaparecem, os lagos que se formam, as rochas que surgem num ano e desaparecem no seguinte, não há ano igual, nem paisagem imutável, ano após ano.
No ao passado, as rochas aqui em frente estavam de tal modo altas e lodosas, que se tornava um perigo tentar descer até ao mar. Nunca tomei banho aqui, fui sempre à praia grande, onde as transformações não se notam tanto.
Este ano tive uma surpresa e tanto. Na maré cheia, formaram-se duas piscinas, lagos enormes, que se mantiveram intactos durante a maré vazia, para gáudio dos pequenitos que por ali passavam e até dalguns cães, que brincavam com os donos. Nunca tinha visto a praia dividida em dois, com um espelho de água a reflectir o casario da rua principal.
Foi bom passear já depois do jantar ainda com bastante sol e algum vento. A Luz está no seu esplendor, com ingleses a enxamearem os restaurantes, mesas inteiras de jovenzinhos de 12-13 anos, sozinhos, e crianças a andar de baloiço....aparentemente já se esqueceram da Maddie, que naquele fatídico dia 3 de Maio desapareceu into thin air!
AS falésia continua enfeitiçante com o seu colorido pastel, rosa, verde, beige, um regalo para quem gosta de geologia.
É tão bom gozar estes meomentos sem stress, só com a minha filha calma - mas sempre esfomeada -que gosta tanto disto como eu...
À noite....pelas 11 horas já se via o luar. Tentei tirar uma foto com tripé e consegui esta que é filha única, as outras ficaram mal.