Oiço a Sinfonia nº 5 de Mahler, tocada pela Orquestra de Israel, dirigida pelo célebre Daniel Baremboim.
MEZZO, sábado à tarde. Desviei-me do blablabla de Sócrates, auto-elogiando-se pelo SNS, que tão brilhante é. A minha saúde precisará de cuidados intensivos se este homem continuar no poder e os media o mantiverem no estrelato. Pobre povo, nação que não se sente.
O primeiro andamento desta sinfonia , apelidada de Trauermarsch, marcha de funeral, é única, empolgante, com passagens duma grandiosidade extraordinária, intervaladas com outras dum lirismo quase sufocante. É um dos andamentos de Mahler que mais me entusiasma, para lá do seu Adagietto - que todos associamos ao filme Morte em Veneza.
O valor dos sopros nesta sinfonia fica bem realçada pelo realizador deste programa, a cãmara segue a par e passo o instrumento que mais sobressai no meio dos outros, seja ele o oboé, a flauta, o clarinete ou a trompa. De vez em quando espraia-se pelos violinos num ritmo de valsa, mas os sopros são os grandes protagonistas deste cenário musical. Daí a mudança de tonalidades, da impetuosidade à suavidade. Não me canso de louvar quem nos traz a casa estes momentos de tréguas, já que vivemos num clima de guerra social e política, que os nossos media tanto apreciam.
Mas quem será que ouve estes programas, pergunto-me? Na minha grelha, o Mezzo é o nº 150. Nunca ninguém lá chega a não ser que saiba procurá-lo.
Fica aqui o primeiro andamento desta bela sinfonia.
E eu fico por aqui a ouvir o maravilhoso Adagietto.... e recordando o meu Pai, que fechava os olhos ao escutar esta melodia...
sábado, 7 de maio de 2011
quinta-feira, 5 de maio de 2011
Macros - essas maravilhas fotográficas
Quem gosta de fotografia ambiciona sempre conseguir a máxima perfeição, a máxima nitidez na reprodução da realidade, mesmo a duas dimensões. No início, os produtores de máquina fotográficas digitais tinham grandes dificuldades em igualar as máquinas tradicionais e em proporcionar aos fotógrafos profissionais condições semelhantes para conseguir cópias fiéis do alvo.
Ainda me lembro de um fotógrafo que trabalhava comigo na Porto Editora afirmar que nunca se conseguiria atingir a perfeição em fotografias tiradas com máquinas digitais. Um amigo meu também me pediu a minha Canon antiga quando foi em lua-de-mel, pois não confiava na digital que possuía.
Entretanto anos passaram e não há ninguém que não use o digital, agora com a possibilidade de usar teleobjectivas gigantescas que possibilitam fotografias com milhares de pixeis e uma nitidez absoluta. E depois ainda há o photoshop que ajuda a conseguir o corte, a regulação da cor, sombras, calor, etc, para além de aplicar efeitos nunca antes vistos.
Quando comprei a minha Leica D-Lux, a conselho do meu amigo Miguel, que é perito em fotografia, disseram-me que era o melhor que se fazia em máquinas digitais compactas. Comprei-a numa lojinha escondida perto do Harvard Square em Boston. Foi difícil encontrar uma loja que vendesse Leicas e segundo o vendedor esta era a última que tinha. Fiquei entusiasmada com a ideia de ter uma Leica, o meu Pai tinha tido uma e as fotografias eram do outro mundo. Essa máquina ficou para o meu irmão que já não a usa, escusado será dizer.
Confesso que uso a Leica sem grande estudo das instruções, com o automático ou em modos diferentes conforme seja noite, dia, contra-luz, praia, neve, etc. Tudo isso está especificado e pode regular-se no ecran. Raramente usei o dispositivo macro, ou seja, fotografia o mais próximo possível, close-ups.
Ontem fiz o download das instruções da Leica e estive a estudar como é que se deve tirar fotos em close-up. E hoje fui para o Botânico experimentar. Não sei o que dirão os especialistas, mas acho que as fotos ficaram muito fiéis ao original. Acho que até gosto ainda mais de flores ao ver estes specimens. Por favor cliquem na colagem para as ver bem.
O jardim estava cheio de estudantes e de sol. Desta vez não ouvi música limitei-me a passear como todos os mortais. Nem sequer ouvi os passarinhos, tal era a minha concentração na fotografia.
Cá estão elas...espero que gostem! Fiz uma colagem para poder incluir todas as fotos, mas cada uma é especial.
quarta-feira, 4 de maio de 2011
Pastoral
Cansada de vozes e de barulho político-financeiro, desanimada com o país e com os media em geral, sintonizo para o MEZZO e como dizem os ingleses, o que lá vejo " is music for my ears"...uma orquestra maravilhosa toca a Pastoral - 6ª Sinfonia - de Beethoven.
Música transcendente, evoca em mim sentimentos de paz, harmonia, beleza, natureza, vontade de viver. Do primeiro ao último acorde, fico suspensa num halo de luz, de bem-estar e felicidade espiritual.
O Homem não foi feito para falar, falar, falar.....mas para ouvir. Ouvir é essencial e se não ouvíssemos, não falaríamos.
Infelizmente a criança ouve, ouve, mas a partir do momento em que fala, deixa de querer ouvir, quer impor a sua fala e a sua vontade. Berra para se fazer ouvir. Verifiquei isto mesmo hoje com o meu neto mais novinho que tem dois anos e que fala pelos cotovelos, embora eu não o compreenda tão bem quanto gostaria...tive de ir experimentando não sei quantos extractos do Youtube até perceber qual dos desenhos animados é que ele queria ver....para além do Noddy que é a sua grande paixão. Felizmente, descobrimos umas canções infantis muito engraçadas e acabámos os dois por nos entender à maraviilha a ouvir a versão soft de Atirei um pau ao gato, que termina com uma quadra memorável em brasileiro: "Não atire o pau ao gato porque o gato é um animal e como animal, ele é seu igual" Concordo a 100%!
Os clarinetes e as flautas continuam a encher esta sala de brilho. Vem aí o terceiro andamento.... que descreve a tempestade no campo. Vejo daqui os campos verdes do Yorkshire, com os céus toldados, roxos, negros, a ameaçar chuva e lá longe a claridade da bonança que se seguirá à tempestade. Os sopros continuam animados, oboés, fagotes, trompas transmitem o dramatismo do temporal. Mas mesmo esse é de tal modo harmónico que não quebra a paz. O flautim expressa a alegria dos camponeses naquela atmosfera rural. E à trovoada, sucede de novo a claridade.
Como será possível não gostar desta música, não sentir nada ao ouvi-la, desconhecê-la?
Será que sou demasiado elitista e que exijo demais? Como é que a Escola ignora a Música nos dias de hoje? Nas minhas aulas ela tinha um papel fundamental porque sendo professora de lingua inglesa, tinha a possibilidade de a ouvir. Ainda me lembro dum episódio de Os Simpsons, em que a música de fundo era esta sinfonia - ela aparecia por oposição à violência dos desenhos animados que os miúdos viam. Usei o episódio para despoletar nos alunos o gosto por Beethoven e eles aderiram.
Bem aventurado MEZZO. Basta de FMIs, de paleio rotativo, de nuvens negras, de ameaças, de futuros apocalíticos. De tempestades sem bonança.
Recuso-me a aceitar tais perspectivas de futuro.
Como dizem os ingleses, e desculpem se os cito de novo: "Every cloud has a silver lining" . Todas as nuvens têm uma fímbria de prata.
Música transcendente, evoca em mim sentimentos de paz, harmonia, beleza, natureza, vontade de viver. Do primeiro ao último acorde, fico suspensa num halo de luz, de bem-estar e felicidade espiritual.
O Homem não foi feito para falar, falar, falar.....mas para ouvir. Ouvir é essencial e se não ouvíssemos, não falaríamos.
Infelizmente a criança ouve, ouve, mas a partir do momento em que fala, deixa de querer ouvir, quer impor a sua fala e a sua vontade. Berra para se fazer ouvir. Verifiquei isto mesmo hoje com o meu neto mais novinho que tem dois anos e que fala pelos cotovelos, embora eu não o compreenda tão bem quanto gostaria...tive de ir experimentando não sei quantos extractos do Youtube até perceber qual dos desenhos animados é que ele queria ver....para além do Noddy que é a sua grande paixão. Felizmente, descobrimos umas canções infantis muito engraçadas e acabámos os dois por nos entender à maraviilha a ouvir a versão soft de Atirei um pau ao gato, que termina com uma quadra memorável em brasileiro: "Não atire o pau ao gato porque o gato é um animal e como animal, ele é seu igual" Concordo a 100%!
Os clarinetes e as flautas continuam a encher esta sala de brilho. Vem aí o terceiro andamento.... que descreve a tempestade no campo. Vejo daqui os campos verdes do Yorkshire, com os céus toldados, roxos, negros, a ameaçar chuva e lá longe a claridade da bonança que se seguirá à tempestade. Os sopros continuam animados, oboés, fagotes, trompas transmitem o dramatismo do temporal. Mas mesmo esse é de tal modo harmónico que não quebra a paz. O flautim expressa a alegria dos camponeses naquela atmosfera rural. E à trovoada, sucede de novo a claridade.
Como será possível não gostar desta música, não sentir nada ao ouvi-la, desconhecê-la?
Será que sou demasiado elitista e que exijo demais? Como é que a Escola ignora a Música nos dias de hoje? Nas minhas aulas ela tinha um papel fundamental porque sendo professora de lingua inglesa, tinha a possibilidade de a ouvir. Ainda me lembro dum episódio de Os Simpsons, em que a música de fundo era esta sinfonia - ela aparecia por oposição à violência dos desenhos animados que os miúdos viam. Usei o episódio para despoletar nos alunos o gosto por Beethoven e eles aderiram.
Bem aventurado MEZZO. Basta de FMIs, de paleio rotativo, de nuvens negras, de ameaças, de futuros apocalíticos. De tempestades sem bonança.
Recuso-me a aceitar tais perspectivas de futuro.
Como dizem os ingleses, e desculpem se os cito de novo: "Every cloud has a silver lining" . Todas as nuvens têm uma fímbria de prata.
segunda-feira, 2 de maio de 2011
IN MEDIA RES
Fui ver a exposição de JULIO RESENDE na Galeria Baganha, antiga Cor Espontânea ao Bom Sucesso. É um sítio muito agradável e, embora só lá tenha ido duas vezes, a menina reconheceu-me e até acertou no nome do meu blogue. Não sabia que era assim tão conhecido, mas pelos vistos agora há mecanismos de alarme (!), quando a galeria em questão é citada na net. Ingenious, diriam os ingleses! É um modo de os leitores conhecerem as expos e de eles me conhecerem a mim e ao meu blogue...interessante troca de favores, sem custear publicidade.Antes de ir as compras passei pela galeria, andava já há dias com vontade de ver arte e no sábado acabei por não ir às inaugurações na Miguel Bombarda, fui ao cinema com os netos. Mas devo dizer que fiquei um pouco desiludida com as obras do Mestre. São ao seu estilo, mas nada de muito novo. Mesmo assim gostei de alguns quadros, mais pequenos e de um vídeo que mostra o seu atelier com a sua presença, a pintar.
A zona do Bom Sucesso é muito cativante para mim que gosto pouco de centros comerciais gigantes e ainda menos de hipermercados. Já não vou a nenhum há mais de dois anos, creio eu. Faço as compras no Froiz, que me traz tudo a casa, sem pagar nem mais um tostão. É o ideal para quem não tem carro, como eu.
Tirei algumas fotografias com o meu Ipod com autorização da menina que me acompanhou. Também aproveitei para ver todas as outras obras que são do espólio da galeria e que estavam numa sala aparte e às escuras. Há lá um quadro de Miró, Paula Rego, Vieira da Silva, Cargaleiro, Tapies, etc. É sempre bom ver Arte, assim, com sossego.
domingo, 1 de maio de 2011
Say it with flowers
Esta expressão é usada em inglês para significar a oferta de flores a alguém que se ama. As flores são símbolo de graciosidade, de frescura, de beleza e amor. Penso que não haverá ninguém que não goste de receber flores, refiro-me às mulheres em especial, mas os homens também gostam delas.
O meu Pai tinha uma verdadeira paixão por elas e era ele que escolhia todos os anos as sementes, os bolbos, os pés das flores que encheriam os canteiros do jardim de cor, de odores, de beleza visual. Quando chegava do consultório, na Primavera e no Verão, saía do carro e passava algum tempo no jardim, falando com as flores, observando as árvores de fruto, cortando as ervas ou, simplesmente, passeando.
Como o compreendia! Também adorava aquelas flores e ia apanhá-las muitas vezes para as colocar em jarras, acho que aprendi a fazer arranjos e a ter um especial afecto por flores naturais com ele.
Hoje, Dia da Mãe, passei a tarde sozinha, mas saí para ir ao Botânico, onde várias famílias passeavam. As crianças corriam contentes, as flores abundavam, a tarde estava um pouco nublada, mas a luz era prateada. Estive ali tempo infindo de máquina na mão, a tentar capturar a beleza de cada flor - há mais de vinte espécies dferentes, é uma verdadeira explosão primaveril.
Ouvi também música antiga enquanto passeava, cada vez gosto mais dos instrumentos do século XVI. É uma música com ritmo e dança, mas também conotada com amores românticos, donzelas, bailes corteses, rituais e castelos medievais. Repousa-me.
Ao sair do jardim, sorri para Ruben A, cujo busto está à entrada, pensando na pessoa que eu conheci na FLUL, e no seu filho Pocas que foi meu aluno em Lisboa.Morreu precocemente aos 50 e poucos anos. Como ele teria gostado de estar aqui!
Fui jantar com os meus dois netos mais velhos no BBGourmet, que fica aqui perto de casa.Adorei Vê-los devorar - é o termo - um prego no prato com batatas fritas e ovo e repartir um gelado no fim. Foi um Dia da Mãe diferente.
Aqui fica um extracto da música que ouvi e fotos tiradas neste jardim que tenho a sorte de poder gozar em frente da minha casa.
O meu Pai tinha uma verdadeira paixão por elas e era ele que escolhia todos os anos as sementes, os bolbos, os pés das flores que encheriam os canteiros do jardim de cor, de odores, de beleza visual. Quando chegava do consultório, na Primavera e no Verão, saía do carro e passava algum tempo no jardim, falando com as flores, observando as árvores de fruto, cortando as ervas ou, simplesmente, passeando.
Como o compreendia! Também adorava aquelas flores e ia apanhá-las muitas vezes para as colocar em jarras, acho que aprendi a fazer arranjos e a ter um especial afecto por flores naturais com ele.
Hoje, Dia da Mãe, passei a tarde sozinha, mas saí para ir ao Botânico, onde várias famílias passeavam. As crianças corriam contentes, as flores abundavam, a tarde estava um pouco nublada, mas a luz era prateada. Estive ali tempo infindo de máquina na mão, a tentar capturar a beleza de cada flor - há mais de vinte espécies dferentes, é uma verdadeira explosão primaveril.
Ouvi também música antiga enquanto passeava, cada vez gosto mais dos instrumentos do século XVI. É uma música com ritmo e dança, mas também conotada com amores românticos, donzelas, bailes corteses, rituais e castelos medievais. Repousa-me.
Ao sair do jardim, sorri para Ruben A, cujo busto está à entrada, pensando na pessoa que eu conheci na FLUL, e no seu filho Pocas que foi meu aluno em Lisboa.Morreu precocemente aos 50 e poucos anos. Como ele teria gostado de estar aqui!
Fui jantar com os meus dois netos mais velhos no BBGourmet, que fica aqui perto de casa.Adorei Vê-los devorar - é o termo - um prego no prato com batatas fritas e ovo e repartir um gelado no fim. Foi um Dia da Mãe diferente.
Aqui fica um extracto da música que ouvi e fotos tiradas neste jardim que tenho a sorte de poder gozar em frente da minha casa.
DIA DA MÃE
Subscrever:
Mensagens (Atom)