sábado, 31 de outubro de 2009

José Rodrigues - fundador da Cooperativa ÁRVORE



Comemoram-se agora os 25 anos da Cooperativa ÁRVORE, um nome que significa excelência cultural da cidade do Porto. A cooperativa foi fundada pelo escultor José Rodrigues, nascido em Luanda, mas radicado no Porto, que foi hoje homenageado. Fica aqui uma pequena referência ao apreciado escultor.



José Rodrigues (Luanda, 1936) é um artista plástico português.
Realizou os seus estudos artísticos na Escola Superior de Belas-Artes do Porto onde concluiu o curso de Escultura. Com Armando Alves, Ângelo de Sousa e Jorge Pinheiro constituiu, em 1968, o grupo «Os Quatro Vintes».

Foi um dos fundadores da Cooperativa Cultural Árvore, no Porto, e um dos promotores da Bienal de Vila Nova de Cerveira.
Entre as suas obras mais conhecidas destaca-se o cubo da Praça da Ribeira, no Porto.
Criou agora a Fundação José Rodrigues em pleno coração do Porto recuperando uma antiga fábrica de chapéus, na freguesia portuense de Santo Ildefonso uma forma de expor o que de mais importante criou ao longo da vida e de incentivar jovens à criação artística. "Tudo em mim são coisas do destino, eu pouco tenho a ver com isto, alguém me empurra. Desde o princípio olhei para esta fábrica e senti um fascínio Mas o que é que foi? Não sei", conta.
O principal objectivo do escultor para o espaço é fazer convergir diferentes formas de pensamento e de artefazer convergir diferentes formas de pensamento e de arte , porque "sem diversidade não há cultura". Outro pilar do projecto é dar oportunidade aos jovens de mostrar o que valem, num momento em que tão poucos incentivos lhes são dados.
José Rodrigues trocou Vila Nova de Cerveira (onde é proprietário do Convento de Sampayo) pelo Porto para se dedicar a este projecto. "Finalmente vou conseguir expor o que contruí ao longo de 70 anos", diz. É no Porto que diz querer morrer, porque a Invicta é indissociável da sua vida.
(in " U.Porto- Comunicação)

Bom fim de semana de Outono


Outono 1 - pastel seco sobre papel

Hoje está um verdadeiro sábado de Outono. O céu está cinzento claro, cheira a maresia aqui onde eu moro, não muito longe do mar, como que a prever um agravamento para chuva provável, ou - com sorte - um céu azul que dissipará toda o nevoeiro. On ne sais jamais à Porto!!


red forest - guache sobre papel

Ando com vontade de ver mais cores de Outono, mas as árvores este ano recusam-se a despir o verde, sentem-se bem com o sol Autumn Wind - pastel de óleo sobre papel

e alguma água só de vez em quando, não nos estão a dar as tonalidades do ano passado, em que a cidade parecia dourada.


Riacho - guache sobre papel


À falta de fotografias deste Outono tardio, decidi colocar aqui algumas das minhas pinturas sobre o tema. Grande parte foi feita no início da minha aprendizagem, de modo que não esperem demasiado delas!!
Autumn reflections - pastel de óleo sobre papel

Têm o mérito de ter sido pintadas em casa - todas - sem ajuda de nenhum professor ( na época do defeso na gíria futebolística), pelo mero prazer de criar algo de que gosto com materiais fáceis de usar em tardes de relaxamento total passados aqui na minha cozinha.


Abstracto outonal - acrílico sobre tela

sexta-feira, 30 de outubro de 2009

Lisa Gerrard - Sanvean





Esta é certamente uma das canções mais belas que conheço.
Ouvi-a pela primeira vez há uns dez anos anos, quando Lisa Gerrard, cantora australiana de voz inegualável, fazia parte da banda Dead Can Dance e publicaram um CD, Toward the Within , que se tornou um bestseller de música alternativa.Lisa Gerrard foi a voz do soundtrack do filme Gladiator, nomeado para Oscar em 2000. A brilhante cantora também publicou vários álbuns a solo, Duality, The Mirror Pool, Sanctuary e The Best of Lisa Gerrard, que aconselho aos amantes da música alternativa.

Hoje resolvi ouvir de novo o CD, que tanto apreciei há dez anos atrás E de novo senti um calafrio na espinha, aquela sensação de que a música nos ultrapassa e comove tanto que não sabemos controlar a nossa emoção. Lisa é única e a sua interpretação arrebata-nos. O vídeo do Youtube ( como é que poderíamos viver sem este site, digam-me?) é extraordinário. Dedico-o a uma amiga que adora a dança e que vai com certeza gostar muito de ver e ouvir este pedacinho.

quinta-feira, 29 de outubro de 2009

Autumn leaves



Autumn Leaves

Fiz este quadro durante a semana que finda.
No atelier todos experimentámos pastel como se fosse a primeira vez. Já tinha feito alguns quadros a pastel - como se pode ver no que ilustra o cabeçalho do blogue a que chamei floresta misteriosa, mas adorei voltar a usar este material.
O pastel a óleo é macio, é íntimo, a distância entre o papel e a nossa mão é menor. É um trabalho de paciência e gosto, muito mais esforçado do que qualquer acrílico, que se pode executar numa sessão. É bom para manter a mente ocupada com a beleza das cores e a harmonia conseguida através das sobreposições das tintas.
Usei os "meus" pasteis sennelier, os tais que dizem ter sido Picasso a encomendar a um artesão de tintas. A história vem na net, no site que cito do lado direito. Só encontrei destes pasteis em Boston, já estão numa miséria, aqui nunca os vi, mas, felizmente, é possível mandá-los vir e são realmente extraordinários em coloridos e ductilidade ( existe a palavra?). Quem experimenta estes não quer outros...:)

Vai aqui um vídeo a acompanhar a pintura e sobre o mesmo tema : Autumn Leaves . Não tem nada a ver com o celebérrimo Les Feuilles Mortes. Ouvi-a ao vivo no Coliseu num concerto que me ficou na memória de tão belo e tão elevado.
Beth Gibbons, a vocalista dos Portishead, tem uma voz que nos leva aos céus. O poema aparece na própria gravação em legendas.

quarta-feira, 28 de outubro de 2009

David Hockney - 1937-

Scrabble


Nichols Canyon



Paris


Woldgate Wood - Yorkshire


Garrowby Hill





David Hockney sempre recusou o epíteto de artista pop. Curiosamente nenhum outro artista britânico após a II Guerra Mundial suscitou, como ele, tão grande interesse por parte dos meios de comunicação social. A sua obra tem surgido frequentemente em publicações de grande tiragem, como a revista francesa Vogue, para a qual produziu diversos trabalhos em 1984 e 1985. Algumas das suas pinturas da fase californiana das piscinas, como A Bigger Splash, têm sido utilizadas para capas de livros, publicidade e até para ilustrar o estilo de vida da Califórnia.

Nascido no seio de uma família de Bradford, com cinco filhos, decidiu ser artista aos onze anos de idade.

O significado de Artista era para mim, nessa altura, bastante vago: O homem que pintava cartões de Natal era artista, o que fazia cartazes também, até o homem que desenhava letras era artista. Para mim aos onze anos alguém que trabalhasse com pincéis e tintas era artista

Inicia-se, assim, a carreira de um dos maiores pintores, artistas britânicos da actualidade. A sua biografia não caberia aqui, mas pode ser lida na net, em variados sites.
Quando tinha turmas de alunos de Artes - e tive várias - usava sempre pinturas de David Hockney como motivação para as aulas. Lembro-me de lhes ter dado uma fotocópia a preto e branco do quadro Garrowby Hill e de eles terem especulado quais seriam as cores atribuídas pelo pintor aos diversos elementos. Foi uma experiência que depois repeti no 12º ano, em que o tema era a cultura e arte anglo-saxónica. David Hockney não é muito conhecido em Portugal, por isso achei interessante pôr aqui esta entrada.

Wheat Field near Fridaythorpe


Woldgate Woods



Algumas citações interessantes do autor:


The mind is the limit. As long as the mind can envision the fact that you can do something, you can do it, as long as you really believe 100 percent.

The moment you cheat for beauty you know you're an artist

The thing with high-tech is that you always end up using scissors.

Anything simple always interests me.


Acredito na primeira do fundo do coração.

terça-feira, 27 de outubro de 2009

A eterna adiada Maria João Pires



19:30,Sala Suggia 25 EUR
Maria João Pires | Pavel Gomziakov
Por razões de saúde da pianista, o recital de Maria João Pires foi adiado para uma data a anunciar brevemente e que terá lugar até à primavera de 2010.
Os bilhetes adquiridos manter-se-ão válidos para o novo espectáculo, podendo ser reembolsado o seu valor a quem desejar.
Pelo facto, alheio à Casa da Música, pedimos desculpas.





Conheci a Maria João quando ela tinha 15 anos e eu uns 13. Era prima direita duns grandes amigos do meu irmão mais velho, colegas das "Caldinhas" (Colégio Nun'Alvares em S. Tirso). Um dia apareceram todos lá em casa. Eles e a prima, que parecia uma avezinha, com o seu cabelinho curto , pequenina e frágil. Confraternizou connosco, muito simpática, e a páginas tantas, alguém a convidou a tocar piano.
Parece que a estou a ver na nossa sala de outrora. Não hesitou. Sentou-se ao piano e atacou uma série de peças.
Houve uma que nunca mais me saiu da memória: a "Dança do Fogo" de Falla, que nos pôs "de gatas". Tocávamos piano , mas as nossas capacidades limitadas eram incomparáveis com tal génio!! Soubémos, entretanto, que ela queria ser pianista e que era aluna do Campos Coelho, um dos melhores professores do Conservatório de Música de Lisboa.
Muito tempo passou até que Maria João se tornou uma "deusa", não só dentro como fora, a marca da Deutsche Grammophon, acompanhada pelas melhores orquestras do mundo e pelos seus amigos solistas, dando concertos memoráveis... somewhere else.
Só a ouvi uma vez no Porto. Tocou no Rivoli o Concerto nº 4 de Beethoven e não fiquei entusiasmada, talvez porque as condições acústicas não eram as melhores. Mas em contrapartida, tenho muitos CDs dela e oiço vezes sem conta os Improvisos de Schubert e os Nocturnos de Chopin, que me confirmam a sua excelência e sensibilidade.

Ansiava por este concerto na Casa da Música, É um local de culto para mim....e a pianista também. Infelizmente vai ter de esperar....isto se Maria João não resolver naturalizar-se, inventar mais uma desculpa, ostracizar o Porto por não ser nas beiras ou outra razão qualquer. É triste.

Para me consolar e aos que me lêem, vai aqui um pequeno memorial à grande pianista.



BRAVO!

domingo, 25 de outubro de 2009

O Porto




Hoje celebrou-se o baptizado do meu neto mais novo. Correu tudo bem, as fotos guardam-se em família, não gosto de divulgar aqui o que de mais íntimo acontece entre nós.
Mas aconteceu que fomos almoçar ao cais de Gaia. O dia estava chuvoso, tipicamente portuense, o rio da cor de chumbo, com reflexos magníficos a as cores da cidade a sobressaírem no cinzento do céu e da pedra de granito.

Tirei algumas fotos, os habituais postais do Porto, que nunca me canso de admirar e de amar.




O Porto é uma cidade linda, digam o que disserem.

E porque almoçámos no restaurante do Rui Veloso, vai aqui um poema dele a acompanhar.

PORTO SENTIDO


Quem vem e atravessa o rio
Junto à serra do Pilar
vê um velho casario
que se estende ate ao mar

Quem te vê ao vir da ponte
és cascata, são-joanina
dirigida sobre um monte
no meio da neblina.

Por ruelas e calçadas
da Ribeira até à Foz
por pedras sujas e gastas
e lampiões tristes e sós.

E esse teu ar grave e sério
dum rosto e cantaria
que nos oculta o mistério
dessa luz bela e sombria

[refrão]
Ver-te assim abandonada
nesse timbre pardacento
nesse teu jeito fechado
de quem mói um sentimento

E é sempre a primeira vez
em cada regresso a casa
rever-te nessa altivez
de milhafre ferido na asa.

Rui Veloso