Gosto de dias cinzentos.
Hoje ameaça chuva, mas ainda não vi gotas de água.Lembrei-me de ir rever algumas fotos a preto e branco e a cores tiradas em diascinzentos e encontrei umas que fiz há meses num dia em que saí de autocarro na Cordoaria - praça de que gosto muito junto aos Clérigos - e chovia bastante.
Apesar disso, andei por ali com a máquina e as fotos ficaram muito românticas, muito Porto...resolvi pô-las aqui hoje, Sábado de Páscoa, dia que nada me diz, dia morto, dia cinzento...
Bach coaduna-se bem com estas fotos. Um Andante lindo do Concerto Brandeburguês nº 2.
sábado, 7 de abril de 2012
sexta-feira, 6 de abril de 2012
Sexta- Feira Santa
Um quadro acabado ontem e intitulado : Sexta Feira Santa
Um poema de Manuel António PIna:
A Poesia Vai Acabar
A poesia vai acabar, os poetas
vão ser colocados em lugares mais úteis.
Por exemplo, observadores de pássaros
(enquanto os pássaros não
acabarem). Esta certeza tive-a hoje ao
entrar numa repartição pública.
Um senhor míope atendia devagar
ao balcão; eu perguntei: «Que fez algum
poeta por este senhor?» E a pergunta
afligiu-me tanto por dentro e por
fora da cabeça que tive que voltar a ler
toda a poesia desde o princípio do mundo.
Uma pergunta numa cabeça.
— Como uma coroa de espinhos:
estão todos a ver onde o autor quer chegar? —
Manuel António Pina, in "Ainda não é o Fim nem o Princípio do Mundo. Calma é Apenas um Pouco Tarde"
e o Agnus Dei da Missa em B-minor de Bach pelo maravilhoso contratenor Andreas Scholl:
Um poema de Manuel António PIna:
A Poesia Vai Acabar
A poesia vai acabar, os poetas
vão ser colocados em lugares mais úteis.
Por exemplo, observadores de pássaros
(enquanto os pássaros não
acabarem). Esta certeza tive-a hoje ao
entrar numa repartição pública.
Um senhor míope atendia devagar
ao balcão; eu perguntei: «Que fez algum
poeta por este senhor?» E a pergunta
afligiu-me tanto por dentro e por
fora da cabeça que tive que voltar a ler
toda a poesia desde o princípio do mundo.
Uma pergunta numa cabeça.
— Como uma coroa de espinhos:
estão todos a ver onde o autor quer chegar? —
Manuel António Pina, in "Ainda não é o Fim nem o Princípio do Mundo. Calma é Apenas um Pouco Tarde"
e o Agnus Dei da Missa em B-minor de Bach pelo maravilhoso contratenor Andreas Scholl:
quinta-feira, 5 de abril de 2012
5ª Feira Santa
Era uma tarde religiosa. Muito mais importante do que a 6ª ou o sábado. Nela se celebrava a Ultima Ceia e a Paixão de Cristo. Assisti a muitas celebrações na igreja dos Jerónimos, a minha paróquia, cantei no coro lá em cima e cá em baixo, ouvia ler as Escrituras, emocionava-me com as palavras de Jesus e sobretudo com o seu sofrimento. Vibrava com a liturgia como se eu própria vivesse nesse tempo. Fui sempre sensível à doutrina de Jesus e na faculdade segui a cadeira de História do Cristianismo, apaixonante e muito bem dirigida pelo P. Honorato Rosa, uma pessoa que me marcou e que infelizmente, faleceu ainda eu andava na faculdade. Ao ver os Manuscritos do Mar Morto em Jerusalém, lembrei-me do entusiasmo com que ele falava de tudo isso e como nos empolgava a nós também. Fiquei a conhecer muito melhor as raízes do Cristianismo e o background em que tudo se desenrolou.
Paradoxalmente estar em Jerusalem, no Jardim das oliveiras, em Nazaré, na Galileia, onde tomei banho de mar, no Mar Morto, ver o deserto e os Montes Golan não me entusiasmou tanto como esperava.
Gostei mais de Petra na Jordânia, que nada tem a ver com os cristãos.
Hoje choca-me um pouco a indiferença das pessoas pela Semana Santa. Parece que só serve para a diversão, férias, e futilidades como as amêndoas e o desgraçado pão de ló. Não sou praticante, mas a tradição é bela.
Fica aqui parte do Requiem de Mozart, uma das mais tristes árias que ele à beira da morte, ditou ao seu escrivão, segundo conta o filme Amadeus.
Paradoxalmente estar em Jerusalem, no Jardim das oliveiras, em Nazaré, na Galileia, onde tomei banho de mar, no Mar Morto, ver o deserto e os Montes Golan não me entusiasmou tanto como esperava.
Gostei mais de Petra na Jordânia, que nada tem a ver com os cristãos.
Hoje choca-me um pouco a indiferença das pessoas pela Semana Santa. Parece que só serve para a diversão, férias, e futilidades como as amêndoas e o desgraçado pão de ló. Não sou praticante, mas a tradição é bela.
Fica aqui parte do Requiem de Mozart, uma das mais tristes árias que ele à beira da morte, ditou ao seu escrivão, segundo conta o filme Amadeus.
quarta-feira, 4 de abril de 2012
Nova mensagem as 7 da manhã
Já me estou a habituar a dormir em duas fases....das 3 as 7 e depois das 8 as 11. Nunca consigo estar oito horas seguidas na cama, sofro de insónia permanente.
A manhã está luminosa, clara, as árvores cada vez mais cheias, parece que nunca perderam a folha, os áceres rendilhados em fundo azul quedam-se impávidos perante a poluição dos autocarros, que continuam a deslizar rua abaixo a grande velocidade. Estes são movidos a gaz natural, talvez não poluam tanto, a verdade é que as folhas continuam a brotar todos os anos, como se a natureza tivesse uma força sobrenatural a explodir dentro dela.
Se fosse uma pessoa com coragem, saía agora e ia passear para as margens do Douro. É uma das coisas que mais gostaria de fazer,ver o nascer do sol no rio, tirar fotos; é dos cenários mais lindos aqui do Porto. Mas não, levantei-me durante demasiados anos às 7 - desde os meus 10 anos até aos 60 non-stop - e cansei-me. Já só quero sopas e descanso...dormir...sem obrigações...e música...
Aqui fica mais uma bela peça sacra: Stabat Mater de Vivaldi. Penso nas mães que vêem os filhos a sofrer. Deve ser a experiência mais dolorosa que alguém jamais viveu. Estou com elas, enquanto oiço esta música maravilhosa.
A manhã está luminosa, clara, as árvores cada vez mais cheias, parece que nunca perderam a folha, os áceres rendilhados em fundo azul quedam-se impávidos perante a poluição dos autocarros, que continuam a deslizar rua abaixo a grande velocidade. Estes são movidos a gaz natural, talvez não poluam tanto, a verdade é que as folhas continuam a brotar todos os anos, como se a natureza tivesse uma força sobrenatural a explodir dentro dela.
Se fosse uma pessoa com coragem, saía agora e ia passear para as margens do Douro. É uma das coisas que mais gostaria de fazer,ver o nascer do sol no rio, tirar fotos; é dos cenários mais lindos aqui do Porto. Mas não, levantei-me durante demasiados anos às 7 - desde os meus 10 anos até aos 60 non-stop - e cansei-me. Já só quero sopas e descanso...dormir...sem obrigações...e música...
Aqui fica mais uma bela peça sacra: Stabat Mater de Vivaldi. Penso nas mães que vêem os filhos a sofrer. Deve ser a experiência mais dolorosa que alguém jamais viveu. Estou com elas, enquanto oiço esta música maravilhosa.
terça-feira, 3 de abril de 2012
Semana artística
Esta semana estou mesmo virada para a pintura....e para o meu projecto do secundário, que me anda a entusiasmar cada vez mais. É fantástico sentir que não perdi pedalada e que quanto mais envelheço, mais ideias e menos vontade tenho de seguir os canons habituais. A net com toda a multiplicidade de recursos é um mundo novo, sinto-me como se estivesse numa enorme biblioteca com tudo à mão, sem necessidade de copiar nada , com um clique tipo varinha mágica os textos aparecem, as fotografias acontecem, tudo é feito através do laptop, sem dicionários, sem gramáticas ou livros a consultar. Apagar o que se fez é rápido, transformar os exercícios dum momento para o outro também, juntar secções, acrescentar paraágrafos, usar efeitos, diagramas, tabelas, etc. é tudo tão simples e acessível, quase um jogo. Também constato que o meu inglês está cada vez mais rebuscado e melhor, dado o contacto constante com a língua em Facebooks, blogues, jornais, sites, etc. A vida é bela....não há crise por aqui. As minhas colaboradoras andam muito ocupadas e não acompanham esta veia assim tão bem, mas há que ter calma e não querer que tudo se faça num abrir e fechar de olhos.
Entretanto fiz este quadro em MDF, mas não sei se o vou manter assim. Gosto dele por vezes, mas há outras em que não....
Entretanto fiz este quadro em MDF, mas não sei se o vou manter assim. Gosto dele por vezes, mas há outras em que não....
No meio da crise
sabe bem ouvir esta música maravilhosa. Se Bach não existisse, Deus era desconhecido para muitos...
segunda-feira, 2 de abril de 2012
Semana Santa - uma peça de música sacra todos os dias
Há quem já esteja a trabalhar...ouvem-se os autocarros para cima e para baixo, sinal de que é 2ª feira, dia de trabalho, numa semana que deveria ser Santa ( dedicada a Deus:)
Há quanto tempo não vivo a Páscoa dum modo cristão, como dantes!
Na minha adolescência, ia todos os dias da semana santa à missa nos Jerónimos, lia a Paixão nos Evangelhos, meu livro de cabeceira, comoviam-me as palavras de Jesus e até a atitude de Pedro, o apóstolo que o renegou. Para mim, tudo o que lia se tornava vivo, como se dum documentário se tratasse.
Sempre acreditei em Cristo e na sua mensagem, considero-o um Homem especial, como Gandhi, Mahomé e outros que deram e continuarão a dar a vida pela Fé.
Há muito que não acredito em Deus, como é representado pela Igreja.
Deve ser bom acreditar e lutar por aquilo em que se acredita.
Só acredito no Homem e na sua capacidade para fazer o Bem e o Mal, muitas vezes escolhendo o caminho mais fácil. Não acredito na Redenção após a morte. Se vier , será uma surpresa. Acredito que podemos lutar por um mundo melhor, criando o Bem à nossa volta, mas também penso em mim e na minha felicidade. Sou egoísta.
Na ausencia de prática religiosa, dedico-me a ouvir a música mais inspiradora desta época sacra.Enche-me de Paz e serenidade.
Fica aqui uma das Árias mais belas da Paixão Segundo S. Mateus de Bach, uma obra que me faria acreditar em Deus, se Ele existisse.
Há quanto tempo não vivo a Páscoa dum modo cristão, como dantes!
Na minha adolescência, ia todos os dias da semana santa à missa nos Jerónimos, lia a Paixão nos Evangelhos, meu livro de cabeceira, comoviam-me as palavras de Jesus e até a atitude de Pedro, o apóstolo que o renegou. Para mim, tudo o que lia se tornava vivo, como se dum documentário se tratasse.
Sempre acreditei em Cristo e na sua mensagem, considero-o um Homem especial, como Gandhi, Mahomé e outros que deram e continuarão a dar a vida pela Fé.
Há muito que não acredito em Deus, como é representado pela Igreja.
Deve ser bom acreditar e lutar por aquilo em que se acredita.
Só acredito no Homem e na sua capacidade para fazer o Bem e o Mal, muitas vezes escolhendo o caminho mais fácil. Não acredito na Redenção após a morte. Se vier , será uma surpresa. Acredito que podemos lutar por um mundo melhor, criando o Bem à nossa volta, mas também penso em mim e na minha felicidade. Sou egoísta.
Na ausencia de prática religiosa, dedico-me a ouvir a música mais inspiradora desta época sacra.Enche-me de Paz e serenidade.
Fica aqui uma das Árias mais belas da Paixão Segundo S. Mateus de Bach, uma obra que me faria acreditar em Deus, se Ele existisse.
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