Hoje dediquei-me `a leitura de artigos sobre jacarandás e encontrei muitos blogs que deles falam,trazem fotografias e são belíssimos. Soube também que em Brooklyn há avenidas inteiras ladeadas por estas árvores maravilhosas.
Eis o perfil desta espécie arbórea ( edição brasileira):
Árvore de porte médio, que atinge cerca de 15 metros. De copa rala, arredondada a irregular, folhagem delicada, é uma árvore decídua a semi-decídua. Seu caule, 30 a 40 cm de diâmetro, é um pouco retorcido, com casca clara e lisa quando jovem, que gradativamente vai se tornando áspera e escura com a idade. Suas folhas, que medem 40 cm de comprimento, são opostas e bipinadas, compostas por 25 a 30 pares de pequenos folíolos ovais delicados, de coloração verde-clara acinzentada, e se concentram na extremidade dos ramos. No inverno, o jacarandá-mimoso perde suas folhas, que dão lugar às flores na primavera. Suas flores são duráveis, perfumadas e grandes, de coloração azul ou arroxeada, em forma de trompete e arranjadas em inflorescências do tipo panícula. A floração se estende por toda a primavera e início do verão (de agosto a novembro). Os frutos surgem no outono (maio a setembro), são lenhosos, deiscentes e contém numerosas e pequenas sementes. O fruto é cápsula lenhosa, muito dura, oval, achatada, com numerosas sementes aladas.
Pintura feita hoje a pedido da minha sobrinha Catarina, que é apreciadora de árvores e não só :)).Esta é a nova versão, já depois de algumas sugestões feitas pela mesma, que eu acatei como pintora amadora que sou. Gosto mais desta versão, mais light.
E já agora uma quadra do meu irmão de que sempre gostei:
Em Lisboa abriu-se a alma verdadeira E sentiu-se o que existe para lá Da magia e da arte feiticeira Lisboa explodiu jacarandás.
Estava desinspirada para pintar hoje. Fiz uma tentativa falhada, de modo que resolvi ir passear ao Botânico sozinha. Estava deserto. As flores cada vez mais belas, os arbustos cheios de botões, as árvores repletas de folhas, os passarinhos faziam-se ouvir com sonoridade e a VCI não estava tão barulhenta como de costume. Paz... Resolvi ir descobrir recantos onde ainda não tinha ido, uma casinha com janelas verdes, já carcomidas pelo tempo, vidros embaciados e meio partidos e donde se desfruta uma vista engraçada sobre as estufas, uma outra casinha tipo barracão, onde provavelmente se guardavam as alfaias....ou seria ali que Ruben A namoriscava uma colega sua, que por aqui morava? I wonder... As buganvílias regurgitavam de flores vermelhas, que a chuva dos últimos dias tinha tornado ainda mais radiosas...e lá no fundo de tudo o majestoso jacarandá, a mais bela árvore que conheço, só, no meio de todas as outras. Lembrei-me do Principezinho que adorava a sua rosa porque a julgava única no mundo. Este jacarandá também é o unico deste jardim e um dos poucos aqui da cidade do Porto. Floresce agora e as pétalas atapetam o chão de lilás. Árvore proveniente da América do Sul, transplantada para aqui em boa hora. Os cactos continuavam carnudos com as suas flores multicolores , contrastando com os caules eriçados de um verde pardacento. Os nenúfares já quase desapareceram, apenas as grandes folhas pairam na água à volta das folhas de papiro, deixando os peixes à vontade. Recebi um telefonema entretanto, o meu filho perguntando se poderia tomar conta do bébé para poderem ir ao cinema com os outros dois. Acabou-se o descanso...esta criaturinha de 15 meses feitos ontem não pára. Incansável, mexe em tudo o que não é para mexer- comandos da TV - e ri-se desalmadamente, sabendo que está a fazer grossa asneira. Tão pequeninos e já tão sabidos!! Mas adorei tê-lo cá, dei-lhe mimo até dizer basta!
Quero lá saber do Dia de Portugal, hoje foi dia da Avó....para mim um dia perfeito, mesmo com o passeio interrompido, as dores nas costas e o céu cinzento. E agora vou jantar fora com os meus filhos solteiros.É bom ter família!
Vão aqui fotos ilustrando o relato.O Botânico ilustrado....
Estátua do Homem do Leme - Foz do Douro Quando andava no liceu, tive de estudar os Lusíadas, como todos os alunos que naquela altura frequentavam o ensino oficial. Os Lusíadas tinham o seu quê de tenebroso para uma menina habituada a ler romances - mais do que qualquer outro tipo de leitura - e mesmo esses , escolhidos pela minha Mãe ou irmãs. Era o tempo das Berthe Bernages, das Pearl Bucks , tudo muito soft e construtivo, para não dizer politicamente correcto. Lia muito, muito, mas tudo demasiado optimista e cor de rosa. Os Lusíadas, ensinados pela minha professora, uma senhora de Trás-os-Montes com cultura para dar e vender, muito formal, mas excelente professora, encantaram-me. Adorava os pequenos episódios entre os deuses, os pedacinhos da História de Portugal que iam surgindo e que ela nos explicava dum modo empolgante, as lutas entre Marte e Vénus...era como um jogo de computador em que havia vencedores e vencidos. Depois havia a sintaxe, os exercícios que fazíamos sobre as frases em que o sujeito e predicado andavam a monte e era preciso uma lupa para os encontrar :)). E onde é que estavam os apostos....e os complementos circunstanciais de lugar e de modo??? Tudo empolgante para mim que adorava literatura. Tirei a melhor nota a Português no exame de 5º ano do meu liceu - 17,4. Fiquei maluca! Queria estudar Românicas, mas não existia essa alínea, só a de Germânicas. Fui estudar Inglês e Alemão. Mas continuei entusiasmada pela Literatura Portuguesa, tendo arrancado um 18, a melhor nota do 7º Ano. Não conto isto por vaidade, mas para mostrar como amava a nossa língua. Em Inglês tive 12 na escrita!!!
Mais do que os Lusíadas, fiquei apaixonada pelos sonetos de Camões. Como é que um homem que escreveu no sec XV, consegue ser actual nos tempo de hoje, para lá da maravilha silábica que segue todas as regras, a rima, e o conteúdo de cada poema!
Quando tinha 9 anos o meu avô meteu na cabeça que nós havíamos de aprender poesias de cor. Éramos seis irmãs e cada uma tinha a sua. A mim coube-me a que se segue. Ainda hoje a tenho na memória e é das que mais gosto:
Sete anos de Pastor Sete anos de pastor Jacob servia Labão, pai de Raquel, serrana bela; Mas não servia ao pai, servia a ela, Que a ela só por prémio pretendia.
Os dias na esperança de um só dia Passava, contentando-se com vê-la; Porém o pai, usando de cautela, Em lugar de Raquel lhe deu Lia.
Vendo o triste pastor que com enganos Assim lhe era negada a sua pastora, Como se a não tivera merecida;
Começou a servir outros sete anos, Dizendo: − Mais servira, senão fora Para tão longo amor tão curta a vida.
Hoje acredito no Amor. Já não acredito tanto na perseverança em conseguir realizar os nossos sonhos. Mas um poema não tem de ser real nem pragmático. O Amor existe. E o poeta finge que acredita.
De vez em quando apetece-me pintar quadrinhos daqueles que cabem em qualquer sítio e nos lembram aquilo que não temos nas grandes cidades : o campo, com horizontes, erva, pedras, árvores e céu, muito céu. Já fiz alguns.
Ontem terminei este. Não é nada de especial, mas sinto-me bem quando olho para est paisagem de longe.
Verdes são os campos, De cor de limão: Assim são os olhos Do meu coração.
Campo, que te estendes Com verdura bela; Ovelhas, que nela Vosso pasto tendes, De ervas vos mantendes Que traz o Verão, E eu das lembranças Do meu coração.
Gados que pasceis Com contentamento, Vosso mantimento Não no entendereis; Isso que comeis Não são ervas, não: São graças dos olhos Do meu coração.
Esta noite como não conseguia dormir, resolvi fazer um slideshow com 36 fotos minhas do Porto e música de fundo escolhida a partir do meu espólio e colocá-lo no YOUTUBE.
Penso que a nossa cidade merece e as fotos, modéstia aparte, também :)
A música que esolhi é de Dario Marinelli e foi composto para o filme Atonement de que já falei aqui.
Ainda não há luz, chove inclementemente...toda a noite choveu. A minha rua está fria e húmida como num dia de inverno. Mas estamos quase no verão. Porquê tanta chuva? e porquê a tanta insónia?
Tirei uma foto da minha janela. Parece algo mágico...cliquem nela.
Encontrei um poema de Fernando Pessoa, que me consola neste desalento que é não conseguir dormir.
.. Nem tudo é dias de sol, E a chuva, quando falta muito, pede-se -Por isso tomo a infelicidade com a felicidade Naturalmente, como quem não estranha Que haja montanhas e planícies E quando haja rochedos e erva... O que é preciso é ser-se natural e calmo Na felicidade ou na infelicidade, Sentir como quem olha, Pensar como quem anda, E quando se vai morrer, lembrar-se de que o dia morre, E que o poente é belo e é bela a noite que fica... Assim é e assim seja...
Foi e é a única Escola de Música que ensina segundo o método SUZUKI, do músico e pedagogo japonês Shinichi SUZUKI que considerava toda e qualquer criança capaz de aprender a tocar um instrumento, desde os 2 1/5 de idade, como se aprendesse a língua materna, sem necessidade de saber ler pelo papel, "cantando" as notas no seu cérebro e movimentando os dedos e as mãos segundo essas notas mentais.
Há vários vídeos no Youtube sobre este musico inovador, cujas teorias se expandiram por todo o mundo, havendo hoje milhões de crianças a tocar desde a mais tenra idade.
O concerto a que assisti ontem foi brilhante. Na 1ª parte tocaram os mais velhos, obras de Weber, Telemann, Beethoven, Monti, Vivaldi, etc. Na 2ª, os alunos iam entrando em grupos dos mais velhos até aos mais pequeninos, que entraram no fim. Os grupos tocaram em separado : o de violoncelos e violas de arco, recentes na Escola, de que faz parte o meu neto André com 4 anos; o dos violinos com mais de cem alunos, dos 3 até aos 16 anos. Tocaram melodias e peças conhecidas que fizeram as audiências aplaudir em delírio. O momento mais carismático foi OVER THE RAINBOW, cantado por uma aluna, que compôs a letra com a Mãe e Avó. O meu neto Daniel tocou 15 peças em conjunto, entre as quais O Balão do João, que me faz sempre lembrar o meu filho, pai deles, na mesma idade. O concerto durou duas horas e meia e ninguém arredou pé, tal era o entusiasmo dos familiares e amigos que enchiam por completo a Sala Suggia: mil e trezentas pessoas no total. Infelizmente não era permitido tirar fotos, de modo que coloco aqui algumas tiradas do site ainda em construção da Academia.
Obrigada a todos os que contribuiram para este maravilhoso concerto: professores, pais que acompanham os filhos e os treinam em casa todos os dias, alunos concentrados e responsáveis, mesmo na mais tenra idade. É bom assistir a algo assim em Portugal.
PARABÉNS À PAUTA e, em especial à sua fundadora JOANA SEYBERT JESUS.
Na falta do video de ontem, consolem-se com este vídeo de ver, ouvir e chorar por mais...inacreditável.
É um dia aberto para todos, desde os "avozes", como diz o meu neto André até aos bébés, que nas suas cadeirinhas se encantam com os balões amarelos que todos os meninos fazem baloiçar. De vez em quando lá vai um pelo ar , segundo meu neto Daniel, para se encontrar "com as estrelas". Poético e prémio de consolação pela perda.
Não estava com grande vontade de me misturar com tanto povo, Serralves representa para mim um lugar quase mítico, um parque demasiado valioso para ser pisado por tantos ao mesmo tempo. Mesmo quando não existia o Museu de Arte Moderna, adorava ir lá lanchar por baixo das glicíneas, na Casa de Chá que dá para o campo de ténis. As árvores centenárias em alameda são percursos sagrados, onde todo o barulho de vozes, risos, gritos ou choros me incomodam.
Mas ontem rendi-me à evidência: Serralves é mesmo popular e já não é possível escondê-lo. Os Domingos passaram a ser grátis, os dias da FESTA em Junho são um convite para as famílias se encontrarem e partilharem a sua prole com a dos outros. Pelo meio, conseguem-se ouvir maravilhas como a Big Band do Hot Club de Portugal, uma orquestra já com 60 anos, uma das mais consagradas do país inteiro.O meu filho e netos sentaram-se na relva, eu consegui uma cadeira o que foi óptimo pois pude colocar-me na primeira fila onde se ouvia e via tudo. Foi o meu neto quem tirou as fotos do balão e da banda:
Por fim dei por bem empregue estas duas horas passadas no meio duma multidão de gente. Às vezes, é bom partilhar. E comer um hot dog cheio de mostarda :)