sábado, 11 de fevereiro de 2012

Nostalgia


Hoje estive a retocar um quadro que fiz em 2008, já há quatro anos. Conservei-o comigo porque é dos quadros que mais amo, foi dos primeiros que fiz em acrílico, inspirado numa fotografia duma revista de arte.
O meu professor Nikola, de saudosa memória, ajudou-me a executar os reflexos, mas não pintou nada, só me aconselhou qual a melhor maneira de obter este resultado.

O quadro foi escolhido como " cabeça de cartaz" da Exposição Seasons come, seasons go, que teve lugar em Lisboa, por iniciativa do meu irmão, no ESCA, local onde os meus irmãos tinham os seus consultórios de pediatria.

Durante dois meses os meus quadros "enfeitaram" o local e como eram todos figurativos, respirava-se a Natureza ao olhar para os corredores estreitos e sala de espera.
Foi a minha primeira exposição, guardo dela uma óptima recordação.

Fica aqui o quadro e um dos poemas que, na altura, foram afixados como complemento das pinturas.

Um dia, gastos, voltaremos
A viver livres como os animais
E mesmo tão cansados floriremos
Irmãos vivos do mar e dos pinhais.

O vento levará os mil cansaços
Dos gestos agitados irreais
E há-de voltar aos nosso membros lassos
A leve rapidez dos animais.

Só então poderemos caminhar
Através do mistério que se embala
No verde dos pinhais na voz do mar
E em nós germinará a sua fala.


Sophia de Mello Breyner

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

Antoni Tàpies

O pintor espanhol Antoni Tàpies faleceu nesta segunda-feira aos 88 anos, noticiou a Efe que cita fontes do Ayuntamiento de Barcelona, cidade onde nasceu. Antoni Tàpies
O pintor catalão, nascido em Barcelona em 1923 numa família burguesa, defensora dos costumes e cultura da Catalunha, recebeu no ano passado da casa Real, o título de marquês de Tàpies, pelo seu contributo para as artes plásticas.
Em 1990 recebeu o Prémio Príncipe das Astúrias e abriu as portas da sua Fundação, em Barcelona, onde expunha grande parte da evolução da sua obra, uma referência pictórica do século XX.
Em 1992 o Ayuntamiento de Barcelona (Câmara Municipal) concedeu-lhe a a medalha de ouro da cidade.
A Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa, e a Fundação de Serralves, no Porto, fizeram retrospectivas da sua obra e, em 2010, estiveram patentes exposições suas, em Évora e na Régua.

Não conheço bem a obra deste pintor, embora tenha consultado livros nos ateliers onde andei. Não é o tipo de abstractos que mais aprecio, não me atraem muito as cores, nem as formas. É , no entanto, um pintor muito conhecido e por isso presto-lhe homenagem aqui no blogue.

terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

Charles Dickens - 1812-1870

Faz hoje 200 anos nascia um dos mais notáveis escritores britânicos que o mundo teve o privilégio de conhecer.

O meu contacto com Dickens começou bem cedo no colégio inglês que frequentei até à 4ª classe. Aí li romances dele na língua original simplificados,
ouvi professoras ler passagens em voz alta para nosso gáudio, sofri com Oliver, David ou Nicholas, apavorei-me com Fagin e Scroodge e deliciei-me com Miss Trotwood e Micawber.
Cresci a amar a sua escrita, lendo depois muitas das obras em português na colecção azul ou biblioteca dos rapazes. A densidade da narração, o facto de se passar num outro país ou a dificuldade de compreensão do enredo não me impediu nunca de me
apaixonar pelas personagens, seguir os seus desaires ou amores com interesse e nutrir por este grande romancista uma admiração que só iguala a que tenho por Shakespeare, de quem li catorze peças de teatro na faculdade com sacrifício mas também com uma enorme paixão.

Bem aventurados tempos em que se liam obras de fio a pavio.

Não vou escrever aqui a sua biografia. Remeto-vos para a página da Wikipedia que é longa e completa: http://pt.wikipedia.org/wiki/Charles_Dickens.

Algumas frases que nos fazem pensar:


"Cada fracasso ensina ao homem que tem algo a aprender.

"Ninguém pode achar que falhou a sua missão neste mundo, se aliviou o fardo de outra pessoa."

"Nunca nos devemos envergonhar das nossas lágrimas."

"Há cordas no coração humano que seria melhor não fazer vibrar."

"O homem nunca sabe do que é capaz, até que o tenta.

"Esta é uma melancólica verdade: que os grandes homens têm também parentes pobres."

"As nossas piores debilidades e golpes baixos são cometidos, em geral, por causa das pessoas que mais desprezamos.


Muitas das suas obras estão convertidas em filmes, séries,peças de teatro, musicais.Ninguém como ele pintou a sociedade vitoriana. Ver estas séries é aprender tudo sobre relações humanas, injustiça social, pobreza, grandiosidade, amor e redenção.

Fica aqui um excerto de David Copperfield com legendas em espanhol para quem não compreender bem o original:

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

Mais Art Nouveau

Desta feita optei pelas cores pálidas e pastel. O material é MDF, uma placa de madeira lisa, sem qualquer revestimento de tela. Usei impasto para criar a textura. O meu neto ajudou-me a achou graça a usar uma espátula com a massa - gel. As cores foram escolhidas propositadamente, laranja, azul pálido, azul escuro, verde claro e verde escuro. O efeito das cores misturadas é bonito e suave.

domingo, 5 de fevereiro de 2012

Um jardim encantatório

Ontem para além de olhar para as árvores nuas erguendo-se para os céus, também me encantou ver os efeitos dos reflexos na água e os troncos cobertos de hera, fungos e outras plantas.
O botânico tem fontes, lagos, pântanos onde as plantas encontram a humidade necessária para se desenvolverem num microcosmo quase tropical. Mesmo sem flores - ainda que haja já camélias e algumas rosas ou narcisos - encontro sempre aqui milagres da natureza ou motivos para cada vez mais apreciar os locais abertos,
onde o olhar repousa e a alma rejuvenesce.