sexta-feira, 31 de agosto de 2012

Rentrée


Dantes adorava a rentrée, ou seja, o recomeço das aulas, a 1 de Outubro, o cheiro dos livros novos - ou velhos na maioria dos casos, visto que eu era a 4ª e os livros já tinham sido dos meus irmãos - os caderninhos do Mª Amália, pequenos, com uma capa neutra, onde escrevíamos o nome da cadeira e o nosso nome, tudo muito modesto, sem dossiers, argolas, papelada supérflua, separadores, micas e o diabo a 4 , que agora se usam para inglês ver, pois os alunos estão cada vez mais desarrumados e incapazes de terem cadernos diários que os ajudem a estudar.


Mesmo na faculdade, adorava os meus apontamentos, passava-os a limpo com uma letra muito redonda e decorava-os com fotos a propósito.

No liceu, a minha mãe levava-nos à Baixa à Papelaria Fernandes na Rua do Ouro para comprarmos os materiais de desenho, que eram sempre bastantes , mas baratos. Lápis Viarco- eu que adoraria ter uns Carand'ache, guaches, lápis nº 2 e nº 3, transferidor, régua, compasso e tira-linhas dos mais simples e nem por isso muito bons....




Na primária, a coisas eram diferentes.Andávamos no Colégio inglês e tínhamos de usar o uniforme cor de vinho, os chapéus de feltro cinzentos, com fita vermelha e rosa bordada. Também tinhamos calças de montar a cavalo, pois andávamos no picadeiro do Sr. Lopes, na Rua Alexandre Herculano aos sábados à tarde. Era outro mundo.

Começar as aulas depois de três meses de rambóia custava um bocado, mas sabia bem....ao fim de dois meses, já a novidade se perdia e levantar cedo custava mais e mais. Apanhávamos o autocarro das 7.45 e se perdêssemos esse, o outro já chegava mesmo rés-vés, o que era dramático. O stress era grande, mas éramos um grupo grande de miúdos que íamos todos para os liceus no autocarro 12 misturados com as peixeiras da Meia Laranja, que levavam cabazes mal cheirosos e se sentavam junto a nós.

Já no Porto, os meus filhos adoravam a rentrée do colégio alemão. Íamos ao Continente ou à Osmop comprar os materiais e eu gostava que eles escolhessem tudo como queriam, o meu filho mias velho e filha tinham tudo super-organizado, o mais novo, tanto lhe fazia....Os livros com capa dura eram todos encapados de plástico transparente ao serão, para que não se estragassem e servissem para dois anos e depois para os irmãos. Ainda tenho muitos guardados não sei para quê.
os meus netos já têm livros completamente diferentes, mas também gostam de começar o ano e encontrar os seus amigos, após uma longa ausência de 2 meses.

Esta era uma fase bonita do ano, o outono estava a chegar, as férias davam o último suspiro, e trabalhava-se muito...até ao Natal!

quarta-feira, 29 de agosto de 2012

Dia de anos

Está um dia ventoso e cheio de sol quente,  não um temporal como o que assolou o norte na manhã de 29 de Agosto há 36 anos...quando me desloquei para a Clínica da Sofia, em Coimbra, onde ia ter o meu primeiro filho.

Horas depois, nascia o meu primogénito, por volta das 2 da tarde.
Foi, sem sombra de dúvida, o dia mais feliz da minha vida, apesar da ansiedade, da espera de quase dez horas, do sofrimento e da inexperiência.

Nunca esquecerei aquele momento em que me disseram : É um rapagão! O médico ainda não tinha almoçado, mas parecia radiante. A família que me rodeava impante!

Não me interessava se era bonito ou feio, se se parecia com o Pai ou Mãe, só queria ter a certeza de que era são, uma criança perfeitinha, capaz de vir a ser o "chefe" da tribo que eu queria ter...

Por coincidência, ou talvez não, a minha filha nasceu precisamente quase três anos depois às 3 da manhã do dia 30. Foram festejos redobrados.

Já passei aniversários destes sem os ver, pois num período de férias, nem sempre é possível estarmos juntos. E não faço disso drama.

Sei que vou falar com ele pelo skype, mal chegue ao Porto e no sábado já estaremos todos juntos. Isso conforta-me depois duma longa ausência.

Quando ele fez oito anos e a mana cinco, festejámo-los aqui com pompa e circunstância...em 2005 também fizémos um churrasco e eles estavam muito felizes....por vezes, fomos jantar fora todos juntos no Porto... amanhã logo se verá.... mas muitos outros se seguirão.....se Deus quiser.




Para eles dois ficam aqui as imagens dum hibisco simples acabado de nascer, mas que infelizmente, morrerá dentro de poucas horas... e outra foto da água, essa perene e talvez o elemento mais querido da minha filha, que não passa um verão sem tomar longos banhos, seja aqui, seja no Porto.

Que vivam por muitos anos!

terça-feira, 28 de agosto de 2012

A magnificencia da água


Hoje resolvi levar a máquina fotográfica aqui para a praia, o que não é muito aconselhável dada a possibilidade de apanhar areia, água ou cair...nunca se sabe. Mas não me arrependo.

As foos que tirei à água valem bem o sacrifício...ou o risco. Estava com água pelos joelhos quando tirei estas fotos e mesmo assim não consegui fotografar todos os ângulos e aspectos ou efeitos que o mar aqui oferece aos nossos olhos. Junto às rochas, a transparência é tal que a água fica da cor da pedra, amarela e verde, sobre a areia os efeitos irisados são mais azuis, castanhos, verde claros. Não há piscina que nos dê estes esplendor.

Numa dada altura vi uma alga negra, que me pareceu um peixe, dado que abria as asas para nadar...as algas não abrem asas! O que seria? Uma amiba? A foto fica aqui....para os cientistas me explicarem....











Tomei dois banhos e não mais por causa das dores nos joelhos que já sei vêm depois afligir-me e dizer que exagerei.

Senti-me tão privilegiada e feliz, sozinha no meio do mar, às 3 da tarde!! Será que daqui a dois dias vou chorar por não ter aproveitado suficientemente bem todas as benesses que aqui me foram oferecidas?

LAUS DEO!

Já se sente o regresso a casa


Se na primeira semana tudo parecia estar no seu auge - a alegria das férias, muita gente, cheiro a churrascos, vozes altas dando recados daqui para o mar (!!), meninos a jogar à bola até ao cair do pano, pessoas a correr de casa para casa, banhos e comentários sobre os ditos,....esta semana parece que tudo arrefeceu. Há luar, mas as noites são frias e as pessoas saem menos, as famílias  estão reduzidas e mais silenciosas, a prainha tem menos gente, as moscas estão mais chatas que nunca, quando menos se espera somos picados por melgas irritantes......o mar, essse continua lindíssimo, azul, transparente apetecível, mas o ambiente já não é o mesmo.

Este ano as férias souberam-me menos bem, talvez devido as dores nos ossos, mas não só. Sinto demasiado as saudades dos meus netos, mesmo recebendo fotos deles e vendo-os de vez em quando pelo skype. Isto com eles é mais cansativo, mas muito mais divertido e assim, parece-me sempre igual.

Ontem assisti a uma cena engraçada aqui junto à praia, um rapaz aqui duma das casas, deixou-se cair ou caiu com o seu parapente aqui mesmo em frente. Durante minutos vimos as suas tentativas para se erguer de novo e ser levado pelo vento que, ao fim da tarde, é bastante forte. Foi uma cena muito bonita que fotografei.







Entretanto as pessoas na praia assistiam aos esforços do artista.....sentados nas rochas divertidos.

segunda-feira, 27 de agosto de 2012

felizmente há luar....


As noites aqui são frias, muito ventosas e a temperatura desce radicalmente da hora do calor para a noite. Apesar de tudo tem valido a pena estar lá fora no jardim a admirar o luar, que a pouco e pouco se atreve um pouco mais, à medida que a Lua vai crescendo. O mar está liso, mas os efeitos são sempre interessantes.

Tirei estas fotos ontem. Vão acompanhadas de música a condizer.





Já em jeito de despedida


A Luz já está mais vazia e menos animada.
Embora os restaurantes continuam cheios, sobretudo à hora do jantar, vê-se que foi muita gente embora e os ingleses são mesmo de cá, pessoas que aqui vivem e se conhecem, têm vida social intensa e interessam-se pelo país.
Esta praia foi escolhida em tempos por magnates que vinham aqui passar férias, mas depois também queriam viver a sua reforma num país sossegado e com clima privilegiado.

Muitas casas que estão salpicadas pelos montes com jardins e piscinas pertencem a esses ingleses.





Quando éramos jovens dávamo-nos bem com várias raparigas estrangeiras - umas canadianas, outras inglesas e até fomos a festas em casas apalaçadas da região...mais tarde , quando a Luz se desenvolveu nos anos 70, alguns deles abandonaram a região e venderam as casas e terras a outros ingleses, que fizeram os resorts, como aquele em que desapareceu a Maddie. Felizmente tinham bom gosto e todas estas casas, têm óptimo aspecto, são baixinhas, com jardins e plantas cheias de flores, piscinas comuns e aspecto cuidado. A contrastar, existe um prédio horroroso, que foi construído por vários especuladores da zona e que é uma autêntica aberração no meio da vila. Parece uma torre, com pátios centrais como uma prisão. Os apartamentos são bons e têm vistas fantásticas, mas está sempre tudo sujo e com péssimo gosto. Já várias lojas abriram e fecharam nesse local.

É uma vila pacata e com ambiente sereno, seguro e onde se pode passear à noite sem qualquer receio. Pelo menos por agora. Músicos ambulantes tocam junto aos cafés, há alguma animação, lojinhas de tudo quanto há, muitas criançada, mas bastante sossego e sol.

domingo, 26 de agosto de 2012

Pintura



Hoje senti-me inspirada apesar de não ter os melhores materiais á mão.

Só tenho uns acrílicos pequeninos em caixa e uma tela barata. mas olhar para esta paisagem faz bem....o azul é tão azul....e o verde tão belo. As rochas são cheias de cambiantes de amarelos, castanhos, verdes e até negros.

É isto....e muito mais.....



A Lenda da Rocha Negra da Praia da Luz


Vai aqui uma lenda "inventada" pelo meu Mano Jr, tal qual ele ma relatou por email.

Obrigada, Mano!



Foto minha ampliada

A Lenda da Rocha Negra, ou da Cova do Dragão.

Na Rocha Negra, rocha queimada por um meteorito que desgastou o resto das rochas mas a esta, protegido por um dique natural de pedras de densidade maior, poupou, apenas chamuscando, há uma baía – a baía Megra (baptizada por mim) e que tem pedras brancas e pretas que, nas noites de luar e maré vaza, fazem um efeito fantástico. Há também (na maré cheia) a Ilha negra, pedaço da rocha que fica ilha e onde é arrepiante estar (e onde há pesqueiros que o teu mano explorou quando fazia caça submarina).
A meio da Rocha Negra, antes do bojo principal da rocha, há uma pequena passagem pela qual uma pessoa magra (depois da dieta da Ágata…) pode passar e vai ter directamente à praia de areia fima que existe do outro lado, com a brutal falésia em cima de quem se atrever. A água faz redemoinhos e atravessar o buraco é excitante, embora seguro.
A lenda, inventada por mim, conta que um pescador encontrou, um dia, nas suas redes, um baú cheio de pedras preciosas, provavelmente vindas de um galeão espanhol afundado por piratas. Quis o destino que os piratas não se conseguissem apoderar do tesouro que veio cair nas malhas de quem, inocentemente, pescava (e a lenda diz que era para sustentar mulher e sete filhos, todos pequeninos).
Como o pescador não conseguia trazer o tesouro, escondeu-o na cova e arranjou um dragão qpara tomar conta dele – é por isso que, quando nos aproximamos ouvimos um trovão – é o rugido do dragão (ou talvez o mar a passar na cova, mas isso já é científico demais) e há quem jure ter visto, nesses passeios de maré vaza e lua cheia de Agosto, uma sombra com uma enorme cauda, vigilante sempre. Haverá mesmo alguns que sentiram o bafo e o cheiro a queimado, das chamas que irradiam das narinas da fera, mas isso talvez seja exagero de contadores de histórias. E a rocha é negra, não pelo dragão, mas pela acção do meteorito que trará, justamente, trazido o dragão dentro de si.
Quem acredita, sabe do que falo. Quem duvida – incréus impenitentes -, terão de lá ir e ver, como eu vi e senti e cheirei e ouvi, com estes sentidos que a terra há-de comer…

(Lenda descoberta em Junho de 1986)

E aqui uma notícia a sério:



O vulcão da Praia da Luz

A Rocha Negra na Praia da Luz é um vestígio da actividade vulcânica em Portugal há mais de 70 milhões de anos.
Trata-se duma chaminé dum vulcão que se encontra extinto, visto não ter tido qualquer actividade nos últimos 10 mil anos, e representa uma intrusão de lava resultante das acções vulcânicas que originaram a superfície de parte do Algarve.

Fonte : Geocaching