Surpreendo-me sempre ( como a minha amiga Regina) quando tenho ensejo de expôr os meus quadros, embora ache que eles merecem ser vistos. A minha primeira exposição foi em Lisboa, no ESCA - onde os meu irmãos trabalham como pediatras, na Alameda Afonso Henriques, local muito simpático da capital. Na altura não fazia ideia de como enviar os quadros para lá - cerca de vinte - e foi o meu professor Nikola Raspopovic que me deu a morada duma transportadora que fez o serviço a um preço inacreditávelmente barato. Tive de os embalar e eles levaram e trouxeram-nos. Fui lá na véspera da inauguração ajudar a pendurá-los nos sítios
mais convenientes que se resumiam a uma pequena entrada, um enorme corredor e uma sala de espera. Couberam todos com jeito. Muitas pessoas passaram por lá, não para ver os quadros, mas para levar os seus meninos aos doutores...mas talvez tenha havido ainda algumas visitas de familiares interessados. Não fiz vernissage, limitei-me a ir jantar com o meu irmão e amigos. Foi óptimo. A minha maior alegria foi o meu irmão ter-me dito que quando entrava no consultório se sentia melhor ao ver as paredes tão quentes e coloridas. O tema da exposição foi Seasons come, seasons go e muitos dos quadros eram figurativos, sendo o tema "árvores" o mais comum. Vai aqui um quadro dos que estiveram expostos.
Depois de entrar para a Escola Utopia, foi-nos sugerido fazer um quadro alusivo ao Xacobeo - os Caminhos de Santiago - e, embora não estivesse numa fase muito inspirada para o figurativo, alinhei e com a ajuda do Professor Domingos Loureiro, produzi uma pintura inspirada em fotografias que tinha sobreposto. Foi esse o quadro que andou doze meses em terras do Minho e Galicia, depois complementado por outro que fizémos para que a exposição do Xacobeo em Valência continuasse por mais algum tempo.
Em meados de Março, a Vivacidade convidou-me para fazer lá uma exposição, que se chamou Cor em Movimento. Aí vi que os media deram bastante relevo ao evento, tendo vindo inclusivé citado numa sugestão do Público para visita do dia. Fiquei comovida com alguns comentários que ouvi de pessoas amigas e colegas de profissão.
Em Maio o Spazo Zen comemorou três anos de existência. Situando-se mesmo por baixo da minha casa, criei uma relação de amizade com a proprietária que, gentilmente, me perguntou se quereria expôr lá alguns quadros para a ocasião. Ficaram lindos num local onde tudo é escolhido com gosto para criar ambiente.
Entretanto expus quadros meus na Utopia, juntamente com outras colegas da pintura.
Este ano, o Vivacidade voltou a propor-me uma exposição para Abril próximo, o que me alegrou muitíssimo, não só porque tenho feito muitos quadros novos que nunca foram vistos, como pelo facto de ser num mês de férias em que as pessoas estão mais livres para virem vê-la de Lisboa ou de Coimbra onde tenho a minha família quase toda. Hoje já seleccionei os quadros a expôr, com alguma dificuldade, devo dizer. Tenho muitos, mas de várias temáticas diferentes e portanto, terão de se agrupar de um modo harmonioso. Ainda não sei como se vai chamar, embora tenha uma ideia quase definida.
É bom sermos apreciados, mesmo quando não criamos obras para expôr ou fazer vida. Bem hajam as pessoas que nos dão essas chances num país em que a Arte não é muito apoiada.
UM CRIME OITOCENTISTA
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