sábado, 5 de março de 2011

Exposição à vista

Surpreendo-me sempre ( como a minha amiga Regina) quando tenho ensejo de expôr os meus quadros, embora ache que eles merecem ser vistos. A minha primeira exposição foi em Lisboa, no ESCA - onde os meu irmãos trabalham como pediatras, na Alameda Afonso Henriques, local muito simpático da capital. Na altura não fazia ideia de como enviar os quadros para lá - cerca de vinte - e foi o meu professor Nikola Raspopovic que me deu a morada duma transportadora que fez o serviço a um preço inacreditávelmente barato. Tive de os embalar e eles levaram e trouxeram-nos. Fui lá na véspera da inauguração ajudar a pendurá-los nos sítios
mais convenientes que se resumiam a uma pequena entrada, um enorme corredor e uma sala de espera. Couberam todos com jeito. Muitas pessoas passaram por lá, não para ver os quadros, mas para levar os seus meninos aos doutores...mas talvez tenha havido ainda algumas visitas de familiares interessados. Não fiz vernissage, limitei-me a ir jantar com o meu irmão e amigos. Foi óptimo. A minha maior alegria foi o meu irmão ter-me dito que quando entrava no consultório se sentia melhor ao ver as paredes tão quentes e coloridas. O tema da exposição foi Seasons come, seasons go e muitos dos quadros eram figurativos, sendo o tema "árvores" o mais comum. Vai aqui um quadro dos que estiveram expostos.
Depois de entrar para a Escola Utopia, foi-nos sugerido fazer um quadro alusivo ao Xacobeo - os Caminhos de Santiago - e, embora não estivesse numa fase muito inspirada para o figurativo, alinhei e com a ajuda do Professor Domingos Loureiro, produzi uma pintura inspirada em fotografias que tinha sobreposto. Foi esse o quadro que andou doze meses em terras do Minho e Galicia, depois complementado por outro que fizémos para que a exposição do Xacobeo em Valência continuasse por mais algum tempo.
Em meados de Março, a Vivacidade convidou-me para fazer lá uma exposição, que se chamou Cor em Movimento. Aí vi que os media deram bastante relevo ao evento, tendo vindo inclusivé citado numa sugestão do Público para visita do dia. Fiquei comovida com alguns comentários que ouvi de pessoas amigas e colegas de profissão.
Em Maio o Spazo Zen comemorou três anos de existência. Situando-se mesmo por baixo da minha casa, criei uma relação de amizade com a proprietária que, gentilmente, me perguntou se quereria expôr lá alguns quadros para a ocasião. Ficaram lindos num local onde tudo é escolhido com gosto para criar ambiente.
Entretanto expus quadros meus na Utopia, juntamente com outras colegas da pintura.
Este ano, o Vivacidade voltou a propor-me uma exposição para Abril próximo, o que me alegrou muitíssimo, não só porque tenho feito muitos quadros novos que nunca foram vistos, como pelo facto de ser num mês de férias em que as pessoas estão mais livres para virem vê-la de Lisboa ou de Coimbra onde tenho a minha família quase toda. Hoje já seleccionei os quadros a expôr, com alguma dificuldade, devo dizer. Tenho muitos, mas de várias temáticas diferentes e portanto, terão de se agrupar de um modo harmonioso. Ainda não sei como se vai chamar, embora tenha uma ideia quase definida.
É bom sermos apreciados, mesmo quando não criamos obras para expôr ou fazer vida. Bem hajam as pessoas que nos dão essas chances num país em que a Arte não é muito apoiada.

quinta-feira, 3 de março de 2011

YORK

York é uma cidadezinha que me lembra um cenário de ópera ou de vaudeville, com ruas muito estreitas, em que as casas quase se tocam, candeeiros do tempo de Shakespeare e uma muralha romana que circunda o centro da cidade. Até a estação é uma preciosidade com a abóbada em ferro forjado e rendilhada.O rio espelha as casas que o circundam e a ponte ostenta os brasões da Casa de York.
A Joia da coroa é a York Minster - a catedral - em estilo gótico, simples e lindíssima em qualquer época do ano. Em geral o largo é frondoso e está cheio de turistas, mas na 2ª feira não havia quase ninguém e as árvores ainda estavam completamente despidas. Fico sempre estática dentro da catedral, o ambiente seria ainda melhor se fosse aberta ao público e não tivesse os balcões de postais e folhetos por todo o lado.

As lojinhas de York são tudo menos o convencional: lojas de bonbons,
caramelos, sabonetes, frasquinhos, antiguidades, comidas exóticas, roupas usadas, boutiques, pintura, etc. Um briqueabraque que nos deleita. Vou sempre a minha preferida a Scottish Mills, que vende as camisolas shetland e cachemira de antigamente, os kilts e os cachecois, as capas e gorros tradicionais. Desta vez comprei duas camisolas shetland por 45 libras as duas, o que é barato, pois são lindas e têm cores diferentes do que encontro cá. A marca Pringle há muito que já desapareceu, pelo menos daqui do Porto.
Ir a York obriga a um chazinho com scones numa tea house, que foi o que fizémos. As loiças, os quados nas paredes, até as casas de banho são tão bonitas que me fazem sonhar com o chá da Alice e do Chapeleiro Maluco!!
Anoitece e as luzinhas acendem-se nas ruas de York. As casas ficam ainda mais mágicas e as pessoas trasnformam-se na minha mente em personagens de Dickens. Por vergonha, não tirei uma foto a um velhote a beber sentado num patiozinho, que ia jurar ser o Sr. Micawber do David Copperfield.
O comboio volta em 20m a Leeds. A minha filha está radiante com a experiência, que já fizémos duas vezes. É bom ter companhia e o afecto filial após quase dois meses de ausencia.

Back to Porto



Ainda estou um pouco atordoada com a vinda para casa.
É sempre bom chegar. Mas leva algum tempo a adaptar, sobretudo quando se esteve num mundo diferente...como comprovei nestes dias...por poucos que eles sejam.

Tudo é diferente a começar pela a viagem , pelos meios de transporte.
Os aviões da Ryanair são maus, mas por aquele preço não se pode esperar melhor e apesar de tudo dá jeito não haver lugares marcados e podermos fazer tudo pela net. O ambiente não é nada formal...
Os comboios ingleses são simplesmente fantásticos. Caros, talvez. Mas há-os de todo o lado para todo o sítio:).
Chega-se a uma estação e dai a 15 m há um comboio para o local que nós queremos...não sei como é que eles adivinham. De Leeds para York, que são cidades universitárias como Coimbra ou Aveiro há comboios de 5 em 5 minutos, esplendidos, confortáveis, com lugar, pessoas simpáticas qu nos ajudam a por as malas nas redes, sorriem, oferecem os jornais, enfim, não há comparação com a bruteza da maior parte dos utentes dos comboios em Portugal.
Para lá apanhei uma viagem de filme...cenários quase de estúdio e fui o tempo todo a tirar fotos. Ponho aqui só algumas. Seja inverno, seja verão, a paisagem é sempre tão bela e repousante...os céus nunca são azuis e uniformes como cá, mudam constantemente e tomam as tonalidades das nuvens altas e baixas, cheias de água... até vi um arco-íris enorme , mas do comboio não consegui grande foto.
As cidadeszinhas por onde se passa lembram-me ilustrações dos meus livros de criança.