Hoje resolvi pintar com acrilico líquido em tela impastada, como se fosse uma aguarela, líquido sobre líquido como se faz no papel. O efeito é bonito, as tintas misturam-se e formam tonalidades diferentes. Usei tons pastel. As saliências dos troncos não se vêem na foto que é unidimensional.
Está um dia cinzento, com uma calmaria ímpar, mas a vista descansa sobretudo nas folhagens multicolores que abarco aqui da minha varanda. A mutação das folhas de dia para dia é surpreendente, avermelhadas, laranjas, amarelas, esverdeadas, leveza que substitui o verde carregado do verão. Em breve estas folhas cairão, mas, como as paixões, são maravilhosas enquanto duram....todos os anos é esta a sinfonia outonal e apesar da minha idade, continuo a quedar-me em silêncio diante deste bailado divinal.
POEMA AO OUTONO
Se deste outono uma folha, apenas uma, se desprendesse da sua cabeleira ruiva, sonolenta, e sobre ela a mão com o azul do ar escrevesse um nome, somente um nome, seria o mais aéreo de quantos tem a terra, a terra quente e tão avara de alegria.
Nunca tive nenhum gato. Tive cães, alguns, numa casa com jardim onde eles podiam correr livremente. Nunca fui apologista de animais em casa, a não ser lá fora. Quando era criança, fui mordida por um numa festa de anos e tinha um verdadeiro terror do caniche do meu padrinho, que me saltava para cima, cada vez que eu ia lá a casa e era tratado a queijo flamengo ( a minha prima era holandesa!). Embirrava com aquele cão e até sentia ciúmes dele, pois o meu Padrinho o tratava bem demais.
Gatos tive vários na minha casa de Chaves.Entravam pelas janelas postigo e instalavam-se nuns sofas que tinhamos guardados numa sala junto à garagem. Faziam daquela sala o seu local de convívio.....:))
Quando a minha amiga Maria do Céu arranjou um gatinho e me falava dele como se fosse uma criança, encantada com as atitudes do bichano, comecei a interessar-me pelos gatos. Aconteceu que a minha filha foi incumbida de traduzir um livrito " "How to make your cat happy" e não podendo traduzi-lo todo sozinha, ajudei-a em grande parte. Fiquei pasmada com o que li sobre os gatos, cada página era uma surpresa nova, deliciei-me com as histórias, as estratégias e manhas dos bichinhos. Ofereci este livro já traduzido à Maria do Céu. Ela foi-me enviando fotos pela net e nos intervalos das aulas falávamos do seu Mikito com ternura, como eu falava do meu neto, que acabara de nascer.. Estas são algumas fotos recentes do célebre Mikito!
Em tempos vi o musical CATS em Londres, tendo lido o Livro de T.S.Eliot donde foi tirada a peça. Esse livro foi traduzido pelo meu professor de Literatura Inglesa, Prof. João Almeida Flor, um dos melhores professores que tive na FLUL. Encontrei este pedacinho na web.
Deixem-me dizer: GATO NÃO É CÃO Por via de regra, o Cão de bom tom sempre se dispõe a ser um palhaço, não sabe fingir um ar afectado e chega a perder toda a compostura, deixa-se enganar com facilidade, basta que lhe façam festas no pescoço (...) Que fique bem claro, volto a dizer: Um Cão é um Cão - UM GATO É UM GATO!
Fica aqui um extracto dos mais célebres do musicalde Andrew Lloyd Webber...Jellicle Cats ( Gatos vadios)
Não estou melhor da vista, continuo a ver tudo meio turvo e a pupila continua dilatada, a luz parece sempre demasiado forte. Estou preocupada, de modo que não fui ao atelier, o cheiro do óleo dá-me mal estar e não me apetece conversar... Fiquei mais uma vez em casa e descobri - maravilha das maravilhas que havia um concerto completo da Orquestra Sinfónica de Israel pra comemorar os seus 70 anos. Os solistas são a nata da nata: Zubin Mehta, Pinkas Zuckerman e Daniel Baremboim, todos judeus e nomes grandes do panorama musical das últimas décadas. O programa quase só dedicado a Brahms, inclui o Concerto para Violino e o nº 1 para piano e a Valsinha de Ravel, para variar do Brahms. Quase duas horas de extase para quem gosta de românticos. A realização é espectacular, acompanhamos os instrumentistas um a um, o som do meu plasma é divinal e eis-me rendida mais uma vez à música...e ao tricot. Ando já a fazer umas peças para dar no Natal, mas não posso dizer a quem :)). Quando era mais jovem e tinha de estar em casa por causa dos filhos, tricotar era um bálsamo para a alma. Agora por causa das costas, evito fazê-lo, mas há alturas em que cedo à tentação. Aprendi com a minha Mãe, que fazia tricot sem pendurar a lã ao pescoço e usava agulhas sem barbela...é assim que eu faço...já fiz camisolas, coletes, casacos, pulovers para a família inteira , roupas para as Nancys e Barbies de sobrinhos e filhos, adoro tricotar. Até o ensinei à minha empregada há uns anos atrás já que a minha filha não tinha grande apetência para isso. Criar uma obra, seja ela qual for é sempre um bom tempero para a alma.
É pena Xangai ser tão longe....valia a pena ir lá ver o nosso pavilhão que para alem de apresentar uma estrutura arquitectónica muito harmónica, é revestido de cortiça, um dos produtos mais portugueses de sempre. Ganhou o 3º Prémio em tantos pavilhões diversos.
Grande sucesso foram os pasteis de nata. Venderam-se milhões .
Uns dados sobre o pavilhão: Pavilhão de Portugal em Xangai com fachada de cortiça
Continuando a envergar a sua bandeira de cortiça Portugal continua a mostrar ao mundo o valor inestimável deste produto natural, apresentando agora o seu novo Pavilhão na Expo 2010 de Xangai com uma fachada revestida com este produto. Este Pavilhão irá ter 2 mil metros quadrados e é da autoria do arquitecto português Carlos Couto.
Este tipo de revestimento foi logo visto como um exemplo de procedimento ecológico seguindo boas práticas ambientais, para além de que promove o nosso país com um dos nossos maiores símbolos, promovendo desta forma o produto do ponto de vista ecnonómico.
Não , não estou a falar da revista semanal, nem de nenhuma profecia, estou simplesmente a referir-me aos nossos olhos e à sua capacidade de abarcar o mar dum lado ao outro, o céu de baixo até cima, o desdobrar das ondas a cintilar ao sol, as pessoas - sobre as quais nada sabemos ou viremos a saber - que neste dia a esta hora se cruzaram connosco diante de todo este esplendor. Fui a uma consulta de oftalmoogia na Clinica que fica mesma em frente ao mar, quase no Castelo do Queijo, um palacete restaurado, onde os exames à vista custam literalmente "os olhos da cara"! Já lá vou há mais de 20 anos, no início era no Bom Sucesso há uns anos mudou-se para a Foz.
Como cheguei um pouco cedo ao local - o autocarro levou 15m da minha casa lá - andei por ali a passear e e respirar a brisa marítima. Felizmente que tenho olhos. Ainda bem que vejo tudo, com mais ou menos nitidez- sofro de miopia ligeira - e oxalá nunca deixe de ver. Assustei-me porque andava a ter umas perturbações - flashes de luz num dos olhos - o que já me aconteceu há 4 anos e depois passou. Tive de fazer um exame demorado à retina, com gotas que alargam a pupila. Ainda vejo tudo um pouco turvo neste momento, mas já não ardem. Terei de tomar uns comprimidos todos os dias em jejum para que a doença não evolua...:). Nada de muito grave...
É bem verdade....vem a bonança....hoje está uma tarde límpida, com nuvens lindas a ameaçar - só ameaçam - chuva e embelezam o céu e tornam tudo mais nítido, mais transparente e mais belo. Tinha de sair numa tarde assim...até me apetecia ir no autocarro e ver os pinhais da Foz ( que não tem pinheiros, mas áceres, castanheiros e carvalhos) todos doirados e acobreados como acontece nesta altura do ano. Esperei algum tempo e constatei com pena que o muro do Botânico está cheio de grafitti, desfeia-o totalmente e é uma ofensa ao património de todos nós. Na Foz estava pouca gente, talvez porque se fazia sentir uma brisa fresca marítima, mas o sol quando descobriu, era quente e forte, aquecendo a sério os que ousaram sentar-se nas cadeiras maravilhosas do bar dos Ingleses.
Ali estive a ver o bailado das gaivotas - muitas - que saltitavam e voavam na areia e por cima dos rochedos negros da praia. As ondas eram de borrasca, mas amainaram com o avançar das horas. Ouvi o Fantasma da ópera enquanto a bateria durou. É bom estar só ( espero que as minhas amigas não se entristeçam por preferir a solidão, por vezes), ouvir a voz da minha filha e companheira destas lides dizer lá do norte onde se encontra..."que bom, Mãe estar na Foz" - ou do meu filho mais velho "Que sorte, eu estou a trabalhar". É mesmo uma sorte poder usufruir destes prazeres simples.
À vinda fui ao Pingo Doce, comprar fruta e outras coisas que precisava. Trouxe-as num saco carro de compras do Chinês. Ali há tudo!