Os ingleses costumam usar esta expressão para designar uma tarefa muito fácil, que se leva a cabo num abrir e fechar de olhos....
Não é propriamente o que diria dum passeio em Serralves, onde passei umas duas horas nesta linda tarde de sol.
Serralves deixa-me sempre uma sensação ambígua. Acho que os homens não merecem aquela natureza, aquele espaço, aquele museu a céu aberto, não o valorizam como deveriam.
O jardim é um dos mais belos que jamais vi, embora em Inglaterra tenha visto muitos que pertenciam a mansões senhoriais muito belas. Este jardim tem uma mistura de
art nouveau e de parque selvagem que encanta qualquer um.
Desce-se umas escadinhas íngremes e está-se noutro mundo, num underground que poderia figurar no Fantasma da Ópera ( apesar do lago ser a céu aberto) ou numa ópera de Wagner.
Em Sintra, onde passava férias, havia cantinhos assim, húmidos e pedregosos, onde não se via vivalma. Hoje, domingo, não havia ninguém naquela zona do jardim. E não fui mais longe pois o meu joelho já estava a dar sinais de impaciência.
As árvores pareciam ter-se vestido de gala para nos receber. Uma luz penetrante, o céu de um azul gritante, um sol maravilhoso e o chão completamente coberto de folhas de todas as cores e feitios, uma verdadeira cama que os nossos pés não apreciavam devidamente.
A luminosidade era tal que até custava tirar fotografias, mas a tentação era enorme. As folhas tremelejavam com a brisa e iam caindo suavemente, sem um gemido. Árvores muito antigas, a perder de vista, quase beijando os aviões que iam passando a caminho do aeroporto. Quando e quem terá plantado aquelas árvores? Quantas crianças terão brincado por ali nos tempos em que os animais falavam? :)
Infelizmente há o outro lado de Serralves.
Serralves não merece o restaurante que tem: um buffet péssimo, comida mal amanhada, estilo rancho para grandes famílias, sem jeito nem charme. 16 euros que custam a dar...lembrei-me com saudade das cafeterias dos museus ingleses, onde se come sanduiches com requinte. Aqui a comida e a apresentação são péssimas. Só gostei do pudim de Abade de Priscos que estava uma delícia.
E depois há as lojas, o bazar de Natal com coisas daquelas que se oferecem quando não há mais ideias e as pessoas têm tudo: compotas caseiras a 6 euros cada frasco, objectos que são absolutamente desnecessários, mas que é "bem" oferecer, panos da loiça com design e signés, cestinhos de mel, caros como picadas de abelha!!
Para que quero eu saber quem é que desenhou o pano da loiça....se raras vezes o uso e se o uso é para sujar? Resultado: tenho uma gaveta com panos da loiça que não ouso pôr a uso e os que tenho são comprados no chinês ou já duram desde o meu enxoval:))).
E depois, há agora a moda dos azeites e vinagres, há que ter azeites de todas as espécies e feitios, rolhas e tampinhas, com cheiros e ervas, muito decorativos, mas que fazem o mesmo efeito que as garrafas mal jeitosas que compro no Pingo Doce. A minha cozinha é enorme e mesmo assim, não teria espaço para expôr tanta preciosidade. Sim, porque estas coisas têm de se expôr antes de se usar!!!
Mas Serralves não é só isto...devia ser arte e cultura. Exposições magníficas que nos fizessem ver e rever. Nada disso. Ao todo só lá vi umas três exposições que me encheram os olhos...o resto esqueci.Uma tristeza....será isto vanguardismo? Serei eu que sou parôla e não aprecio as vestes do Rei?
A melhor exposição é a que renasce todos os anos, a visão mágica e magnífica da natureza em todo o seu esplendor. Abençoado parque...