sexta-feira, 15 de abril de 2011

Esra Sirman



Vou ter o prazer de conhecer esta pintora e fotógrafa turca amanhã em Faro.
Ela é um das pessoas que estará presente no meeting, onde 42 Woophians, se vão conhecer ou reencontrar. O programa promete - Cruzeiro na Ria Formosa - jantar em Faro, safari Faro by night e visita à cidade e museu no dia seguinte. Quem lá ficar ainda pode usufruir de outras actividades para além destas. Só voltamos na 2ª feira, de modo que conto ver um pouco mais da costa do sotavento algarvio, que já há muito não visito.

O meu amigo Stewart escreveu-me há dias e, para alem de outras considerações sobre pintura, aconselhou-me a obra desta nossa colega turca, de quem sabemos pouco, visto que no seu site escreve tudo na sua língua natal:)

Mesmo assim, e dado que é uma pintura totalmente diferente daquela que, em geral, coloco aqui, pensei seria interessante conhecer esta faceta da Esra, com quem contactei pela primeira vez através do site de fotografia ctado.

É pintura naif, para quem gosta desse estilo. Transcrevo aqui umas notas em espanhol sobre a Arte Naif:

El concepto naíf del francés naïf o naïve alude no solo a cierta ingenuidad que, aplicada en el arte, se formaliza en una graciosa falta de conocimientos técnicos y teóricos: en algunos casos suelen faltar un sistema de perspectivas o una línea de fuga así como un ajustado criterio de las proporciones o un elaborado trabajo cromático. En tal sentido lo naïf se ha asociado, en muchas ocasiones exageradamente, con el heterogéneo conjunto mal llamado "arte primitivo" y con el "arte infantil"; como quiera que sea, en francés el concepto de lo naïf y de la naïveté no sólo se circunscribe a lo ingenuo y la ingenuidad sino también a una grata sencillez que, en el arte, se trasunta por un evitar rebuscamientos o sofisticaciones.

Sem dúvida que a obra de Esra se inclui neste domínio, com a sua cor, ingenuidade, frescura e graça.





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quinta-feira, 14 de abril de 2011

Grigory SOKOLOV ao vivo

Ontem fui ouvir o grande Grigory Sokolov. Com os meus filhos e com a minha Amiga Regina, para quem consegui um bilhete à última da hora porque a minha nora teve de ficar com os meninos.



A nossa Casa da Música, sala Suggia, a abarrotar, até havia cadeiras no palco, fenómeno a que nunca tinha assistido. Coro cheio, camarotes repletos, plateias sem um lugar vago. Ninguém quis perder este concerto, tal é a fama dum pianista que de mediático nada tem, figura pesada, pequena, cabeleira branca, mãos papudas. Senta-se ao piano dois segundos depois de fazer os cumprimentos e a partir daí transfigura-se. Só conseguimos ver os seus dedos a dançar sobre as teclas, nuns cambiantes de tons maravilhosos, seguros,sem deslizes. Um silêncio total que até arrepia. Ninguém se atreve a espirrar ou a tussir, não há telemóveis, nem mexer nas cadeiras. As plateias rendem-se à magnificiencia do executante.

Dois concertos de Bach, um à moda italiana, outra à francesa, a torrente de notas ao ritmo barroco. Uma beleza para quem aprecia o compositor alemão, como eu. Repetitivo talvez, mas impregnado de misticismo e beleza espiritual. Na segunda parte, Schumann, arrevezado, obrigando a malabarismos com as mãos que se trocam, que deslizam sobre as teclas, que se levantam e baixam com força, sentimento a rodos, pausas em que quase não dá tempo para respirar.

Por fim, as palmas, um estrondoso aplauso de pé, que o pianista agradece sem se demorar, como se tivera receio de ceder à tentação de agradar demais. À segunda vinda ao palco, senta-se e toca um encore. Chopin, Schubert, Rachmaninoff, não sei bem qual. E a cada chamada ao palco, presenteia-nos com mais uma peça, até chegar às sete, já com a plateia a debandar, pois é meia noite e no dia seguinte tem de se trabalhar.

Ficaria ali esquecida a ouvi-lo, pois cada momento a mais é mais um sonho realizado.

Fica aqui um excerto de um concerto dado em Paris com um Prelúdio de Chopin:

quarta-feira, 13 de abril de 2011

Ainda sobre a morte da nossa palmeira da Luz



Falei aqui num poema ou texto que um dos meus sobrinhos teria escrito e oferecido à minha Mãe, que o guardou até ao momento em que nos deixou, assim como gaurdou outras histórias - umas que escrevi aos 10 anos e ainda tenho - desenhos feitos por nós, cartas e postais. Ela dava muita importância a estes pequenos gestos criativos e nós sentíamo-nos mais valorizados, ainda que jovens ou adolescentes.

Para alem do poema o Pedro desenhou um sketch a preto e branco da Calheta, o lugar onde fica a nossa casa da Luz e a palmeira surge aí num dos lados, como elemento indispensável....

Transcrevo-os aqui em homenagem a uma árvore que nos deu a todos muita alegria visual e a certeza de que enquanto durasse, a nossa família se reuniria ali naquele local, feliz, contemplando a vista, que, essa, nunca deixará de existir. Sonho muitas vezes que lá estou e em geral, o sonho transforma-se em pesadelo pois o mar está repelente, escuro, a praia reduzida a nada...acordo aflita para me certificar que tudo não passou dum receio injustificado. Ano após ano, aquela prainha continua, maior ou menor, as crianças vão nascendo na nossa família - só trisnetos já são uns 26 quase 27, se não estou em erro. Outras palmeiras nascerão também para alegria dos nossos descendentes...

DIZ-ME PALMEIRA


Diz-me, palmeira, que vês tu daí?
Os barcos à mercê do vento Norte?
As rochas descobertas pela maré?
Mais um banhista que perdeu o pé?
Ou um pescador banhado pela sorte?
Verás a fortaleza imponente?
O pôr do sol na Ponta da Gaivota?
As traineiras com peixe para a lota?
Ou o esquiador que passou de repente?

Diz-me, palmeira, que ouves tu daí?
O sotaque algarvio do jardineiro?
O seu constante e alegre assobio?
O cão que passou, lesto, e fugiu?
Ou o idioma esquisito de um estrangeiro?

Palmeira, que imaginas tu daí?
Na praia grande, que pensarás ver?
A alegria de toda a multidão?
O calor sufocante deste verão?
Ou as ondas do Levante a bater?
O gelado da menina gulosa?
Ou o dragão ofegante a rugir,
Da cova ameaçando sair
Na Rocha Negra, ao fundo, misteriosa?

Diz-me palmeira, que vês tu daí?
Porque eu, antes de mais, vejo-te a ti...


Pedro Cordeiro - 198...

terça-feira, 12 de abril de 2011

Nostalgia




Fiz este quadro na última semana. É em madeira bem grossa e quase que se aguenta em pé sem moldura. Cobri-o de gesso , marcando algumas formas, não muito salientes; pintei-o de azul prussiano, que é uma boa base para outros tons tão belos quanto variados. Depois usei verde mar - comprado no chinês, onde têm tons diferentes dos tradicionais - e misturei com branco e água, muita água. Deixei que os azuis e verdes se misturassem livremente, sem grande interferência minha. Hoje apliquei um pouco de branco que deixei escorrer por cima do azul mais escuro, formado uns desenhos.
A madeira é interessante pois as cores ficam mais firmes e a textura magnífica.
Gosto dele assim, ainda sem verniz. Tem um não sei quê de onírico, transporta-me para o tal sonho que é tela , cor e pincel, de que falava a Regina na minha expo, citando Gedeão. Chamei-lhe Nostalgia porque tem sido o meu estado de alma nos últimos dias.

Fica aqui um excerto de Bach a acompanhar. Toca o famoso Glenn Gould com uma leveza que encanta.

segunda-feira, 11 de abril de 2011

Os meus primeiros quadros

Hoje resolvi ir fazer uma visita ao site do Woophy , onde tenho fotografias de alguns quadros que fiz em 2008, quando entrei para o atelier A Paleta, Foi lá que contactei pela primeira vez com os pasteis de óleo e com os acrílicos, que nem sabia que existiam. Encantei-me logo com o impasto - que uso muito nas minhas telas - e usei-o em vários quadros com espátula em vez de pincel. Também tentei aguarelas, mas não me seduziram tanto.


Achei graça ver estas primeiras tentativas ainda incipientes.

Um dos quadros que fiz primeiro e que está exposto no Vivacidade foi inspirado pelos Moors, a região linda dos Yorkshire, onde a minha filha vive. Foi lá que foram filmadas muitas das séries de culto inglesas.

Outros inspirados por fotografias de amigos meus também tiveram algum sucesso. Ponho-os aqui, para recordar os meus primeiros passos na pintura.

domingo, 10 de abril de 2011

Tarde na Foz


Ontem fui de novo à Foz com a minha filha , que voltara na véspera de Leeds. Foi bom revê-la, sempre sorridente, calma, com saudades do mar, do seu quartinho e de estar comigo. Vou-me habituar a ter companhia outra vez e a sentir que somos uma família, o que me dá um enorme prazer espiritual.

Na Foz estava calor, mas a pouco e pouco as nuvens adensaram-se e o sol desapareceu, a ameaçar chuva. Gosto do mar cinzento, contrastando com a espuma muito branca e a areia bem mais clara. Havia pessoas em bikini, parzinhos a namorar, senhoras com a pele cor de rosbife, cranças a tomar banho numa água gelada. Felizes que não têm artroses e aguentam bem a temperatura inóspita. O café estava meio cheio, sem música, de modo que ali estive a ler uma revista e a ouvir o mar com a sua melopeia repetitiva que acalma e até embala.

Quando cheguei a casa li o depoimento que o meu irmão escreveu sobre a nossa palmeira da Luz e fiquei cheia de nostalgia a pensar nos meus Avós e Pais, nos momentos que passámos juntos naquela praia, nas memórias que deles tenho e das saudades que partilho com os meus irmãos. É mesmo o Círculo da Vida, que aqui deixo numa das mais belas canções do musical Lion King, que vi com os meus netos em NY.