sábado, 28 de novembro de 2009
OVER THE RAINBOW
Hoje vi um arco-íris da janela do meu quarto. Já há muito que não via nenhum e foi uma alegria quando abri as persianas e deparei com este espectáculo. Fui logo buscar a minha máquina "para mais tarde recordar". Telefonei aos meus netos, que moram no prédio ao lado, e eles também estavam a vê-lo com a Mãe.
Passado algum tempo, fui a casa deles e o mais pequeno disse: Anda Avó, vamos ver o arco íris! Mas as nuvens tinham-se adensado e a miragem tinha desaparecido. O mais velho então explicou ao irmão: "Sabes, é preciso haver sol e chuva ao mesmo tempo!". A Física explica tudo. As Mães também.
E porque andamos numa de Poesia - e não só - vai aqui um poema brasileiro ( só podia) ao arco-íris.
ARCO ÍRIS
Choveu tanto esta tarde
Que as árvores estão pingando de contentes.
As crianças pobres, em grande alarde,
Molham os pés nas poças reluzentes.
A alegria da luz ainda não veio toda.
Mas há raios de sol brincando nos rosais.
As crianças cantam fazendo roda,
Fazendo roda como os tangarás:
"Chuva com sol!
Casa a raposa com o rouxinol."
De repente, no céu, desfraldado em bandeira,
Quase ao alcance da nossa mão,
O Arco-da-Velha abre na tarde brasileira
A cauda policroma de pavão.
Olegário Mariano, Canto da Minha Terra,
Pimenta de Melo, 1930
( in Praça da Poesia, blogspot)
sexta-feira, 27 de novembro de 2009
Revista BOMBART
Vi a revista em questão pela primeira vez há uns meses, quando ia a passear na Rua Miguel Bombarda - uma das rua com mais galerias de arte e lojas "in" aqui no Porto - precisamente numa dessas galerias em que se encontrava aberta uma exposição interessante.
Folheei as duas revistas que já tinham saído - a 01 e a 02 e gostei do toque.
Sou adepta do papel lustroso ( como o da National Geographic, que é a minha revista de eleição), aquele papel que se torna macio ao toque.
Já na editora para a qual trabalho, fiz grande pressão para que os manuais dos alunos oferecessem o mesmo papel que os dos professores, dado que os daqueles eram bastante inferiores aos dos últimos. Explicaram-me que os alunos têm de tirar notas nas margens e que o papel lustroso não é fácilmente aderente ao lápis. Acredito. Mas continuo a gostar de passar a mão pelo papel e sentir que ele é user friendly, macio e bonito.
A revista Bombart é bela, traz fotografias das exposições várias que se vão inaugurando no primeiro sábado do mês ( em princípio), divulgação de artistas velhos e novos, eventos em Lisboa e no resto do país, lista de sítios onde se dá à cultura um valor especial. Não é facilmente digerível, os textos são um pouco maçudos, a letra é pequena ( tenho de usar os óculos que detesto) e por vezes confusa. Não se percebe onde começa o artigo e onde acaba, mas a arte é mesmo assim, não pode obedecer aos canones formais. Aceito o aparente desalinho da revista, considero que o preço é acessível - 5 Euros - tendo em vista as magníficas fotos a cores e o design na sua generalidade, que são a mais valia do produto.
É uma revista que apetece comprar, não é um jornal, nem um catálogo. Apetece ter em cima da mesa de cabeceira e ir folheando. Ajuda a gostar de artes plásticas, o que é um valor em si mesmo.
O título é sui generis: Bomb+art ( arte explosiva?). Ou é a adaptação do apelido do médico Miguel Bombarda, que deu o nome à rua? Nome apelativo - como a revista.
Rómulo de Carvalho / António Gedeão - um site magnífico
Este blogue não pretende dar a conhecer tudo o que está na Internet, poupando aos cibernautas o voluptuoso prazer de descobrirem as respostas às suas inquietações, mas sente-se na obrigação de fazer referência a sites excepcionais, como este, descoberto por mero acaso. É espantoso como da Vieira da Silva se passa para Rómulo de Carvalho, numa mesma pagina de pesquisa, é este o milagre e a sina de quem por aqui passa.
http://purl.pt/12157/1/poesia/maquina-fogo/maquina-fogo.html
O site chama-se MÁQUINA DE FOGO e é editado pela Biblioteca Nacional. Apresenta uma biografia completa do professor-investigador-poeta e não só. Interessante saber que Rómulo de Carvalho tirou o curso de Física na Universidade do Porto, embora tenha leccionado anos e anos em Lisboa.
Em especial para a minha Amiga Regina, esta página, quase tão imperceptível como ela quando fala depressa :).
NOTA que se pode ler na página abaixo:
Este poema foi publicado no jornal dos estudantes do Liceu Camões, em 1967, que foi apreendido pelo reitor da instituição.. Sabendo o que sei sobre o dito reitor, compreendo o "perigo" que tal jornal representava.
quinta-feira, 26 de novembro de 2009
Há coisas belas no nosso pequeno mundo
Hoje foi dia de atelier. Estive a olhar para os quadros expostos, embora já os tivesse visto muitas vezes, e enamorei-me deste. Já o tinha contemplado longamente na 3ª feira e havia algo que me atraía enormemente naqueles traços aparentemente abstractos.
Foi pintado pela pintora/artista que montou a "Utopia", Teresa Vieira. Ela e o marido são os promotores da iniciativa e o seu entusiasmo é contagiante. Cada vez há mais pessoas interessadas em aprender a trabalhar com as mãos e a fazer Arte.
É fantástico entrar num local onde só se vêem quadros, uns melhores que outros, uns mais apelativos, outros mais berrantes, alguns muito vistosos ( para meu gosto), outros extremamente originais. Todos temos o nosso espaço, conversa-se de tudo, comentam-se os quadros dos outros, faz-se "porcaria" com as tintas, pinceis, paletas, cavaletes, frascos, etc. E ouve-se música.
Achei este quadro fabuloso. Não só porque é uma "biblioteca" no seu conjunto, mas também porque cada quadrado de estante encerra uma série de figuras, riscos, números e cores infindáveis. Tudo numa toada quente, luminosa e atraente. Nem sei onde vou pôr o quadro, mas não resisti.
A autora explicou-me que se tinha baseado numa fotografia que ela própria tirou na Biblioteca de Hannover pois tinha ficado impressionada com a riqueza e beleza dos livros antigos ali expostos. Depois a Arte e o talento dela fizeram o resto ( comentário meu).
Foi pintado pela pintora/artista que montou a "Utopia", Teresa Vieira. Ela e o marido são os promotores da iniciativa e o seu entusiasmo é contagiante. Cada vez há mais pessoas interessadas em aprender a trabalhar com as mãos e a fazer Arte.
É fantástico entrar num local onde só se vêem quadros, uns melhores que outros, uns mais apelativos, outros mais berrantes, alguns muito vistosos ( para meu gosto), outros extremamente originais. Todos temos o nosso espaço, conversa-se de tudo, comentam-se os quadros dos outros, faz-se "porcaria" com as tintas, pinceis, paletas, cavaletes, frascos, etc. E ouve-se música.
Achei este quadro fabuloso. Não só porque é uma "biblioteca" no seu conjunto, mas também porque cada quadrado de estante encerra uma série de figuras, riscos, números e cores infindáveis. Tudo numa toada quente, luminosa e atraente. Nem sei onde vou pôr o quadro, mas não resisti.
A autora explicou-me que se tinha baseado numa fotografia que ela própria tirou na Biblioteca de Hannover pois tinha ficado impressionada com a riqueza e beleza dos livros antigos ali expostos. Depois a Arte e o talento dela fizeram o resto ( comentário meu).
Ainda Gedeão - Pedra Filosofal - música de Manuel Freire
Para os que gostam de sonhar, aqui fica o poema genial, a canção transcendental na voz inesquecível de Manuel Freire, fotos lindissimas - versão de Crissyblueeyes, youtube.
PEDRA FILOSOFAL
E que o SONHO continue....
PEDRA FILOSOFAL
E que o SONHO continue....
terça-feira, 24 de novembro de 2009
António Gedeão - aniversário- 24/11/1906
Faria hoje 103 anos, se tivesse a longevidade do nosso Manoel de Oliveira. Mas faz/fará anos sempre...e não faz/fará anos nunca, já que a sua poesia é presente, sempre.
Foi meu colega no Liceu Pedro Nunes, era eu uma catraia de 24 anos e ele teria já os seus 60. Olhava para nós com um sorriso altivo e nós corávamos, sabendo QUEM ele era, aquele professor, metodólogo, Rómulo de Carvalho. Foi professor do meu irmão mais novo durante cinco anos.
Os seus poemas são uma mistura de realidade, beleza e ciência em quantidades perfeitas.
Deixo aqui um poema e uma pintura minha que lhe dedico:
Tempo de Poesia
Todo o tempo é de poesia
Desde a névoa da manhã
à névoa do outro dia.
Desde a quentura do ventre
à frigidez da agonia
Todo o tempo é de poesia
Entre bombas que deflagram.
Corolas que se desdobram.
Corpos que em sangue soçobram.
Vidas que a amar se consagram.
Sob a cúpula sombria
das mãos que pedem vingança.
Sob o arco da aliança
da celeste alegoria.
Todo o tempo é de poesia.
Desde a arrumação ao caos
à confusão da harmonia.
FOREVER, GEDEÃO!
E já agora para os "poéticos e literatos" do Porto fica aqui o anuncio de mais uma actividade a não perder:
( clicar para ler)
segunda-feira, 23 de novembro de 2009
Requiem para uma árvore
“…Era uma vez um jardim maravilhoso, cheio de grandes tílias, bétulas, carvalhos, magnólias e plátanos. Havia nele roseirais, jardins de buxo e pomares…”, Sophia de Mello Breyner in “O Rapaz de Bronze”
É assim que começa o conto de Sophia.
Hoje uma parte deste jardim - será uma ínfima parte, mas era tão bela - foi decepada duma vez só. Cortaram a grande tília que se erguia mesmo junto à entrada e ao portão. Era linda, ainda nem sequer tinham caído as folhas doiradas, a sua abóbada via-se quase desde a Av. da Boavista, quando se vai pela Rua António Cardoso em direcção ao Campo Alegre. Enamorada que sou por árvores, disse muitas vezes aos meus filhos: Olhem para esta maravilha, parece desenhada no céu por um pintor, tal é a simetria da sua abóbada. Gostava daquela tília como se fosse da minha família. No chão ficou um cepo de um metro ou mais, sobre o qual brincava um miudita toda feliz. Nem sequer quis ver melhor, a entrada parece vazia e triste.
Fui à procura de referências a este belo exemplar arbóreo online e emcontrei este extracto interessante:
Não é, por isso, de estranhar que, logo nos bosquetes de entrada seja possível ler extractos de obras de Sophia e Ruben que descrevem a quinta, um dos quais refere as tílias existentes na frente da casa. Da mesma forma, é possível admirar a árvore de papel, cuja casca - que se desprende como folhas de papel - era utilizada pelas crianças para construir o que diziam ser as casas dos anões, no local onde hoje existe o Jardim dos Anões.
“Este jardim tinha um grande carvalho e um conjunto de faias, que estão descritos nas histórias de Sophia. Sabemos que era o local onde as crianças brincavam e faziam as casas dos anões, sendo o cenário do conto ‘A Floresta’, escrito por Sophia”, salientou Teresa Andresen. A poucos metros de distância encontra-se o Jardim do Rapaz de Bronze, outra referência importante na obra de Sophia de Mello Breyner Andresen, dominado por um pequeno lago com uma estátua de onde jorra água.
“O ‘Rapaz de Bronze’, outra história de Sofia, também cá está, só que nunca foi um rapaz, sempre foi uma senhora, que ela ficcionou como sendo um rapaz”, frisou a directora do Jardim Botânico. “Num lugar sombrio, solitário e verde, havia um pequeno jardim rodeado de árvores altíssimas. No meio desse jardim havia um lago redondo sempre cheio de folhas. No centro do lago havia uma ilha muito pequena onde cresciam fetos e no centro estava uma estátua que era um rapaz de bronze”, pode-se ler numa placa junto ao lago, que cita um trecho da obra ‘O Rapaz de Bronze’. Os denominados jardins literários, pela sua ligação com as vivências de Sophia e Ruben, estão situados em volta da casa principal, sendo possível ao visitante sentar-se no banco de azulejos descrito pela escritora,observar a glicínia de que fala na sua obra e mesmo o bucho que entra num dos seus contos. “A opção de manter as vivências de Sophia foi uma coincidência.
( in Porto XXI)
(Fotos minhas tiradas em várias estações do ano)
domingo, 22 de novembro de 2009
Domingo com Mozart
Escrevo-vos ao bater das 2 da manhã. Não sei como vai estar o Domingo, se fará sol, se será de chuva.
Seja ele como for, quero aqui deixar-vos uma peça lindíssima e talvez menos conhecida de Mozart, tocada pelo celebérrimo Gillels.
A pintura é minha, pastel seco sobre papel e tem a ver com esta música inspiradora.É leve como Mozart.
Seja ele como for, quero aqui deixar-vos uma peça lindíssima e talvez menos conhecida de Mozart, tocada pelo celebérrimo Gillels.
A pintura é minha, pastel seco sobre papel e tem a ver com esta música inspiradora.É leve como Mozart.
Subscrever:
Mensagens (Atom)