O que era uma brincadeira tornou-se uma necessidade, uma alegria, uma missão, um diário e uma confissão. Adoro chegar aqui e ver que alguém escreveu algum comentário sobre um momento , pessoa, obra de arte, evento que me despertou especial interesse. No blogue nunca estou sozinha e mesmo assim, não conheço nem um décimo das pessoas que o lêem...
A minha vida antes do blogue - Agosto de 2009 - era diferente, a ligação à net muito mais convencional e nada criativa, a não ser quando a usava para os meus manuais escolares, o que já não acontece há dois anos. Nunca pensei em ter um local só meu , embora durante algum tempo frequentasse foruns de programas que me deliciavam e onde escrevia o que me vinha à mente, mais em tom de crítica , às vezes agressiva, do que em diálogo.
Este blogue não pretende criar conflito, apenas levar a apreciar o que há de belo neste país e lá fora, no mundo das Artes, nas literaturas, no cinema, na música, nas paisagens, nas pessoas e dentro de nós.
Todas as semanas acontece alguma coisa bela....é para isso que aqui estou...para contar. Obrigada pela vossa presença.
Uma foto tirada há dias no Jardim Botânico e uma das canções mais belas que conheço: The Divine Comedy - Tonight we fly
TONIGHT WE FLY
Over the houses The streets and the trees Over the dogs down below They'll bark at our shadows As we float by on the breeze
Tonight we fly Over the chimney tops Skylights and slates - Looking into all your lives And wondering why Happiness is so hard to find
Over the doctor, over the soldier Over the farmer, over the poacher Over the preacher, over the gambler Over the teacher, over the rambler Over the lawyer, over the dancer Over the voyeur,over the builder and the destroyer, Over the hills and far away
Tonight we fly Over the mountains The beach and the sea Over the friends that we've known And those that we now know And those who we've yet to meet
And when we die Oh, will we be That disappointed Or sad If heaven doesn't exist What will we have missed This life is the best we've ever had
(Tradução livre)
ESTA NOITE VOAREMOS SOBRE AS MONTANHAS A PRAIA E O MAR... SOBRE OS AMIGOS QUE CONHECEMOS EM TEMPOS AQUELES QUE TEMOS AGORA E AINDA AQUELES QUE VIERMOS A ENCONTRAR.
E QUANDO UM DIA MORRERES SE FICARES FRUSTRADO OU TRISTE PORQUE O PARAÍSO AFINAL NÃO EXISTE, NÃO TERÁS PERDIDO O CÉU POIS A TUA VIDA, SIM, A TUA VIDA FOI A MELHOR COISA QUE TE ACONTECEU!
Inaugurou-se hoje a exposição PORTO GRAFIA, que não é, como diz o seu autor, uma exposição de fotografia,nem de textos, mas uma simbiose entre ambos; eu acrescentaria que é como se estivéssemos a ler um livro sobre a cidade com fotografias belíssimas dos seus cantos e recantos em tamanho ampliado. Esta inauguração coincidiu com o 1º aniversário do Espaço Vivacidade, realizando-se um cocktail bem servido à moda do Porto, após a sessão cultural.
Estive presente na apresentação do evento, que foi muito emotivo e socialmente concorrido. Pedro Freire de Almeida falou do seu amor à história da cidade do Porto e ao lado menos turístico, às suas tonalidades e charme granítico.
O cantor José Silva puxou da guitarra e cantou baladas de Zeca Afonso, em especial, que trouxeram lágrimas aos olhos, tal a emoção posta no seu canto.
A poetisa e "diseuse" Maria Lourdes Anjos recitou vários poemas e por fim um longo texto de sua autoria com memórias da cidade e referencias inimitáveis aos vários pregões e falares do povo dos bairros onde cresceu e viveu. Foi um momento muito intenso e com grande performance da autora.
Por fim a actriz e encenadora VeraCunha , uma rapariguinha com aspecto frágil, transformou a sala num palco, personificando uma actriz introspeccionando-se e tentando explicar à audiência a dificuldade de fazer escolhas. Foi muito ovacionada e augurado um grande futuro.
As fotografias que aqui incluo foram extraídas do blogue Imago Mundi. Vai aqui também um vídeo do PORTO Canal com o "Porto grafo" Pedro Freire de Almeida. A entrevista fala por si. E também apresenta algumas fotografias acompanhadas do texto , tal qual como na exposição.
Mas não consigo deixar de anunciar aqui o lançamento de mais um romance do meu irmão Mário, que entretanto, também lançou outro livro mais dedicado às mães ( de filhos que dormem menos bem...:)
Li este romance há meses e acho-o especial, mas não vou fazer nenhuma crítica, nem positiva, nem negativa, dado que o li em privado e talvez nem seja igual à versão final. Gosto muito da ideia, que partiu da sua própria experiência da vida na Praça Pasteur em Lisboa, microcosmos da grande cidade e do Mundo.
Vai aqui a capa com fotografia tirada pelo autor, quanto a mim, muito feliz. Parabéns!
Já falei deste evento religioso e místico há uns meses, quando nos propuseram integrar uma exposição itinerante num intercâmbio entre o centro cultural de o Grove e a Escola Utopia. Na altura não me parecia talhada para fazer um quadro desse tipo,mas alinhei com outros colegas e a verdade é que os nossos quadros têm sido apreciados por esse Minho fora, tendo sido expostos em Ponte de Lima, Arcos de Valdevez e Valença, donde se deslocarão agora para Tuy. Todas as vezes que os quadros são mudados de cidade, alguns alunos da Escola, os seus dirigentes e o Professor Domingos Loureiro vão acompanhá-los de camioneta ou de carro, aproveitando-se a ocasião para confraternizar, almoçar, ver a nova exposição e a paisagem maravilhosa do Minho primaveril. Tendo a exposição de Valença que terminar a 15 de Maio, os promotores locais pediram à Utopia que substituíssem esses quadros por outros relacionados com o mesmo tema, de modo que o local não ficasse tão despido. O professor propôs-nos fazer novos quadros, sobretudo àqueles alunos que não tinham participado na primeira mostra; eu não alinhei, dado que não me sentia inspirada para trabalhar em algo figurativo e estava mais numa maré de abstractos. Ontem ao ver tantos colegas entusiasmados, mesmo no fim da aula, perguntei ao professor se ainda havia hipóteses de entrar. A resposta foi positiva. Escolhi uma fotocópia sobre o tema que a minha colega Eugénia tinha levado para a escola e vim para casa com vontade de experimentar um novo estilo.
Fui buscar mais informação à net - essa fonte inesgotável - e descobri que esta fotocópia reproduz a capa da Credencial do Peregrino, obrigatória para todos os que querem participar a pé, a cavalo ou de bicicleta na Peregrinação a Santiago de Compostela, partam eles donde quer que seja. A Credencial é um livrinho em forma de acordeão, com directivas, mapas, percursos, moradas de albergues, centros de saúde, etc. e onde se vai registando e carimbando todos os paradeiros onde o Peregrino se acolhe. É obrigatório possuir a credencial, que se obtém em Portugal apenas através da Universidade Católica de Braga.
Eis o quadro feito por mim ontem e hoje, ainda sem aval do profesor e com algumas letras escritas no Picasa, mas que serão pintadas na Escola amanhã. Gosto muito das cores escolhidas sobre o impasto que foi todo trabalhado ontem ao fim da tarde, de modo a dar relevo aos simbolos principais: a cabaça, que srve para transportar a água, a concha por onde se bebe a água das fontes, o cajado ou bordão e a chave que ainda não compreendi para que serve, mas que amanhã já saberei. Posto isto, gostaria de confessar, que se fosse mais nova e não tivesse tantos problemas de artrose num joelho, seria tentada a fazer uma caminhada por esses montes e vales, meditando e encontrando pasto espiritual, tão necessário nos nosso dias.
O escritor britânico Alan Sillitoe, uma figura importante da ficção dos últimos 50 anos criador de obras neo-realistas como Saturday Night and Sunday Morning, morreu no dia 25 de Abril de 2010 aos 82 anos no hospital Charing Cross de Londres.
Nascido na cidade de Nottingham, norte da Inglaterra,onde passei tres semanas num curso para professores de Inglês e que é conhecida por ser o berço de Robin Hood e do malvado Sheriff, Sillitoe publicou obras de poesia, livros infantis e peças de teatro, além de ser crítico sobre temas sociais.
A sua obra Saturday Night and Sunday Morning, cujos textos usei muitas vezes em aulas do 11º ano, a propósito do tema trabalho, revolução industrial, desemprego, etc., foi transformada em filme com a performance do grande actor Albert Finney; o seu romance The Loneliness Of The Long Distance Runner, também foi levado ao cinema, tendo como figura central o actor Tom Courtenay..
Curiosamente tive a sorte de ver os dois actores contracenarem juntos, em Londres, na peça ART de Yasmina Reza e pergunto-me qual deles seria o mais portentoso. Muito diferentes, mas ambos tão talentosos!
As duas obras são consideradas dramas clássicos da realidade britânica de meados do século 20 e ficaram na memória de muitos leitores, que falam delas no link abaixo:
http://news.bbc.co.uk/2/hi/uk_news/8642912.stm site da BBC que aconselho a quem gostar de ler em inglês.
Há quem diga que é preciso estudar muito para se ser escritor....já há dias li uma outra biografia extraordinária dum escritor que não fez mais do que a 4ª classe. Nascido a 4 de Março de 1928, Sillitoe abandonou a escola aos 14 anos e foi trabalhar para uma fábrica de bicicletas, antes de entrar para a Real Força Aérea (RAF),como operador de rádio.Filho de um trabalhador analfabeto, o escritor relatou numa certa ocasião as penúrias de sua infância.
"Vivíamos em um quarto em Talbot Street (Nottingham) cujas quatro paredes cheiravam a gás, gordura e camadas de papel cheio de mofo", disse uma vez o escritor.O seu primeiro relato de ficção, sobre a vida duns primos foi escrito ainda na infância, mas a mãe queimou-o porque achava o texto demasiado revelador. Enquanto servia para a RAF contraiu tuberculose, o que o obrigou a passar 16 meses num hospital da Força Aérea antes de receber uma pensão, após o qual decidiu dedicar-se à literatura. No total, Sillitoe, que se considerava poeta mais que romancista, escreveu mais de 50 livros, entre estes a sua autobiografia, publicada em 1995 com o nome de Life Without Armour."
Tinha posto aqui um poema em inglês, mas resolvi modificar a entrada e oferecer-vos um video extraído do filme " The loneliness of the long-distance runner", com legendas em espanhol. Não preciso de explicar o tema do filme. Isto diz tudo. Vale a pena ver, apesar de ser a preto e branco.
Pudesse eu, soubesse eu, escrever poemas à minha Mãe, como faz a minha amiga Regina ou o meu irmão Mário, se eu conseguisse traduzir em palavras tudo aquilo que sinto ao pensar nela, ficaria aqui até ao romper da aurora, que não tarda, e mesmo assim não bastaria.
Faz-me tanta falta a minha Mãe. Fez-me falta logo no dia em que saí de casa para me casar em 1973, e depois quando deixei Lisboa em 1975, mais tarde em Chaves durante dois longos anos sem telefone em casa a 500km de distância, mais os vinte e cinco no Porto,cidade de que ela parecia não gostar e que só visitou duas ou tres vezes. Fez-me muita falta no casamento do meu filho e essa ausencia custou-me muito a perdoar.
Faz-me falta a minha Mãe desde que deixei de lhe telefonar a pedir conselhos, a dar-lhe novidades, a transmitir-lhe boas novas dos filhos, de mim e da nossa vida. Ficava feliz com cada vitória minha, com cada êxito dos meus filhos, elogiava-me e aumentava a minha auto-estima só de a ouvir.
Faz-me falta a minha Mãe desde esse dia - que é hoje o 7º aniversário, 2 de Maio de 2003, quando, pelo telefone, me anunciaram a sua morte aos 84 anos. De repente, o coração falhou. Ainda no Natal em sua casa, fizera um pequeno discurso para toda a família reunida, um discurso demasiado solene e que nos causou calafrios na espinha. Parecia que adivinhava...
Tudo o que sou aprendi ,em parte, com a minha Mãe. Ela adorava ensinar: a coser, a tricotar, a bordar, a passar a ferro com esmero, a cozinhar, a ler romances ou poesia, a interpretar e a apreciar filmes romanticos ou dramáticos, a tocar piano, a ouvir Chopin, a olhar para o mar, a sentir a areia, a cheirar a maresia, a fazer pausas para apreciar e respirar fundo, a viajar em paz e harmonia, a inventar, a imaginar, a sonhar e sobretudo a viver cada minuto da Vida...ela adorava VIVER.
Não fui a filha ideal. Sei-o bem. Distanciei-me muito para quebrar o cordão umbilical que me impedia de ser feliz longe dela. Estive tempos infindos sem lhe dizer quanto a amava, embora ela o soubesse. Tenho saudades dos telefonemas infindáveis a falar dos meus projectos e dos dela - tinha sempre algo para fazer...quanto mais não fosse a modificar a sua casa, que mudava de fisionomia todos os dias.
Tenho aqui a sua fotografia, com as rosinhas de s. Teresinha, que me ofereceram há dias. Penso nela. E, sem querer, vem-me uma lágrima aos olhos...só sabemos o que perdemos quando deixamos de o ter...
Uma pintura feita há meses para ela que nunca viu nenhuma minha. Nunca pintei antes de ela falecer.
E uma peça de música o Arabesque de Debussy, que ela própria tocava no piano, depois de almoço, quando nos sentávamos na sala todos juntos, sobretudo ao Domingo.Quando o meu filho toca esta peça agora, vem-me uma miríade de sensações e emoções.
Obrigada, Mãe. Pois é, ainda estou acordada a estas horas, mas já vou dormir....os passarinhos já cantam e o céu já está claro...pode ser que a insonia já tenha passado.