Foi uma das canções que mais impacto teve em mim e nos meus alunos nos 80s. Resolvi pôr a canção no meu manual Work it Out, no tema Música e os alunos aderiam sempre à tarefa de cantarmos em côro - ou rapazes / raparigas - tornando aquele pedacinho da aula num hino ao mar e à vela.
Ontem remodelei este quadro de que não gostava e tinha composto há 3 anos logo no primeiro ano da minha experiência artística. Ele até já tinha sido exposto em Lisboa, mas eu embirrava com ele. Assim está muito mais harmonioso e visto de longe é repousante.
Vai aqui com a canção do Rod Stewart, uma voz única e uma canção para a eternidade.
Oiço a 4ª Sinfonia de Mahler no MEZZO, tocada pela Sinfónica de Viena, dirigida por Claudio Abbado, um ícone do século passado, um senhor. As cordas tocam adstringentes por vezes, os sopros murmuram ou avançam audazes, os violinos cantam uma melodia harmónica e nostálgica, a atmosfera é indefinida quase religiosa, como se estivéssemos no espaço a olhar para uma infinidade de estrelas numa noite escura. De repente os sopros irrompem pela sala adentro como que a anunciar a chegada do astro-rei, mas os violinos continuam a sua melopeia inquietante....a harpa acorda...o som é cada vez mais ténue, mais fugaz....
Lindo...sempre gostei de ouvir Mahler ao vivo, é diferente do CD.
Quase toda a gente associa este compositor ao filme Morte em Veneza de Luchino Visconti, um dos mais belos filmes que jamais vi, com a música do compositor e a cidade envelhecida em pano de fundo. Local onde o escritor na obra de Thomas Mann decide acabar os seus dias e se apaixona por um jovem lindissimo na praia do Lido. Amor platónico, limitado a olhares e breves trocas de palavras. Um filme muito triste como o Adagietto da Sinfonia nº5, que acompanha os sentimentos do escritor, interpretado magnificamente por Dirk Bogarde.
Fica aqui uma pintura que fiz no ano passado, inspirada numa fotografia que tirei há dez anos. A fotografia foi digitalizada, mas manteve as cores do original. A pintura é quase igual...
Encontrei este vídeo com poemas de poetas brasileiros e portugueses e imagens de Veneza acompanhadas da música plangente de Gustav Mahler.
O meu Pai adorava este movimento da sinfonia e este filme....muitas vezes ouvimos esta peça juntos.
Hoje fiz este quadro já para o fim da tarde. Já tinha um nesta tela, mas não gostava dela. Puz bastante impasto e textura e usei cores quentes - excepto o verde, que se confunde com o amarelo -. Há uma sugestão de árvore, ainda que pálida. Foi feito em MDF - madeira - fino. É o material em que mais gosto de pintar, parece que as cores ficam mais brilhantes e a água não é absorvida pelo fundo.
Vai aqui um poema de Pablo Neruda que me parece identificar-se com este abstracto sem legendas.
“Eu pertenço à fecundidade e crescerei enquanto crescem as vidas: sou jovem com a juventude da água, sou lento com a lentidão do tempo, sou puro com a pureza do ar, escuro com o vinho da noite e só estarei imóvel quando seja tão mineral que não veja nem escute, nem participe do que nasce e cresce.
Quando escolhi a selva para aprender a ser, folha por folha, estendi as minhas lições e aprendi a ser raiz, barro profundo, terra calada, noite cristalina, e pouco a pouco mais, toda a selva.”
(NERUDA, Pablo.O Caçador de raízes. Antologia Poética, José Olympio, 1994, p. 232.)
Não sou muito deste tipo de encontros virtuais - gosto mais do email, que em princípio fica em privado - não concebo o que é ler tudo o que outros escrevem a um amigo meu e haver quem leia o que os meus amigos me escrevem.
Mas há uma virtualidade que não é desperdiçável e que consiste em encontrarmos pessoas que julgávamos perdidas. Há anos descobri um amigo do meu filho e nosso, Carlos del Castillo, um rapaz americano, que se começou a corresponder tinha o meu filho 15 anos e ele 25. Só descobriram a diferença de idades mais tarde, escreveram-se através do hotmail durante meses e a ligação foi tal que o convidámos a vir até ao Porto passar 15 dias. Foi o que fez. A partir daí criou-se uma amizade fortíssima entre nós todos. Convidei-o para ir à minha Escola, onde ele foi centro de algumas aulas. Sendo professor, sabia como cativar os alunos. Algum tempo depois, o meu filho foi a Virginia Beach nos EU , onde conviveu com a família do Carlos, ouviu a banda dele, Beyond, trabalhou num restaurante, visitou NY e teve uma experiência interessante. Uma das coisas que o Carlos me disse mais vezes foi que não compreendia como é que eu e o meu marido tínhamos arriscado a receber em casa alguém que não conheciam de parte nenhuma, um americano hispânico, encontrado por acaso nas redes sociais. Nunca mais esquecerei as conversas que tivémos na Praia da Luz, onde ele passou cinco dias. Inteligente, seguro de si, apesar de vir duma família com muitos problemas, cheio de drive, super musical e com um enorme charme. Hoje é pai de uma família de tres, continua a trabalhar, mas já noutros ramos, sempre simpático e tipicamente americano; tínhamos perdido o endereço dele, mas encontrámo-nos no Facebook e já não há possibilidade de nos perdermos outra vez.
Esta é uma história comovente da minha vida. Ainda agora, quando oiço os Counting Crows, a sua banda preferida e que ele imitava com a guitarra, imediatamente me vem à mente a pessoa do Carlos, um americano do Hotmail que nunca esquecerei.
Em memória desta amizade aqui vão os Counting Crows e uma das minhas canções preferidas: A Long December