sexta-feira, 1 de julho de 2011

Os detalhes da minha rua

Numa cidade há milhares de detalhes que nos passam despercebidos, de tal modo é a azáfama em que andamos, sobretudo quem anda de carro ou transportes públicos.
Quem anda a pé, goza muito mais e melhor destes pormenores que a cidade nos oferece e que podem nem ser bonitos, mas são no mínimo curiosos.
Hoje à ida para o Solinca para mais uma tortura no ginásio ( já perdi 2kg neste dois meses, não é mau), diverti-me a tirar fotos com o meu Ipod a objectos ou coisas banais da minha rua: farois , farolins, simbolos de marcas, maçanetas velhas, caixas do correio antigas, portões, grades, muretes, um sem número de coisas que contam histórias....ou contariam se falassem. Olho para um farolim e pergunto-me: Quem usará este carro? Será velho, será novo, mulher, casado, solteiro??? A curiosidade matou o gato....mas eu ainda não morri.



Esta é uma rua com muito encanto e nunca acaba de me surpreender. Não consigo tirar fotos aos passarinhos - muitas espécies de aves canoras - que me deliciam com os seus chilreios. As flores já estão mais murchas devido ao calor e falta de rega, mas continuam a sobreviver no meio de tanta poluição. Às vezes pergunto-me como é que as árvores do Campo Alegre não morrem de fuligem, de patine ou de cansaço, passam centenas de autocarros por elas todos os dias....os escapes que são tudo menos escapes, deviam chamar-se ratoeiras...


É a cidade que temos....mas os meus netos desenham sempre paisagens de campo, com sol, flores, mar, árvores...é raro desenharem casas, muito menos automóveis e ainda menos autocarros...

quinta-feira, 30 de junho de 2011

Greves inuteis

Têm passado quase despercebidas as greves dos funcionários publicos organizados pelos sindicatos em Portugal. Os media mencionam-nos em rodapé, limitando-se a entrevistar as pessoas pacientes à espera dos transportes, nas filas dos hospitais, nas suas casas rurais, onde nada chega durante meses. Este Portugal paupérrimo não é hoje matéria de relevância maior porque há urgência em mudar e dar voz a outras ideias, outros programas e mais progresso para o país. Não adianta chorar sobre o leite derramado, mas temos de ir buscar leite a outro lado.

Os impostos vão subir, o subsidio de Natal vai ser reduzido, os transportes vão ser privatizados, a RTP, fonte de gastos inacreditáveis, vai finalmente ser reduzida a nada ou quase nada, a electricidade subirá, o gaz também....parece um panorama hediondo. Porém, eu acredito que é necessário modificar os hábitos dos portugueses , aliviar o Estado de compromissos incomportáveis, tomar medidas de emergência social, incluindo e chamando à colação tantas e tantas associações de beneficencia, Misericórdias, Igrejas,etc. fazendo-as participar activamente na reconstrução do tecido social mais desfavorecido. Com monitorização do governo, mas sem despesismo impensável.

Muitos funcionários públicos trabalham pouco, são excedentários...vai-se aos correios e vêem-se três funcionários à conversa, com ordenado garantido ao fim de mês, apesar de já comunicarmos há anos por e-mail, fax ou até FB. Não é possível manter este statu quo.

A minha filha vem hoje de Leeds. Ontem preocupei-me ao ver que hoje se preparavam greves da função pública em Inglaterra. Estive horas na internet a visitar os sites da British Rail e Stansted Airport. Tudo estava controlado. Os comboios são todos privados, não há greves, a minha filha partiu e chegou a horas ao aeroporto. A Ryanair solicitou às entidades responsáveis o pessoal necessário para controlar os passaportes dos passageiros para que nenhum avião se atrasasse. Tudo funciona, apesar das ditas greves. Isto é um país civilizado.

Não sou contra greves, só as fiz uma vez por altura dos exames de 12º ano para os quais nem sequer estava convocada. Perdi 200 euros nesse mês e a resultado foi nulo, não serviu mesmo para nada.

Não acredito nas manifestações de rua, mas no trabalho árduo e conversações a todos os níveis. Acredito em pessoas mandatadas para executar, dialogando quando necessário. Não acredito na anarquia.

quarta-feira, 29 de junho de 2011

Morangos amargos


Quando dava aulas - já há uns sete anos ou ainda antes - comecei a ver a série juvenil para acompanhar os interesses dos meus alunos, que eram fãs incondicionais deste programa. Os primeiros eram engraçados e havia na novela alguns jovens prometedores, quer como actores, quer como pessoas.
As histórias continham uma certa ética ou moral nos comportamentos expressos, os professores eram credíveis, embora a escola fosse muito virtual e diferente da maioria das escolas que eu conhecia. Os jovens eram muito activos e indisciplinados, um pouco como na série Fame que foi um sucesso mundial e levou muitos jovens a querer seguir ou praticar as artes, a dança, a música, o teatro, etc. Deve ter sido uma das séries que mais artistas potenciais criou nos países onde a série passou.
Os meus filhos adoravam ver aquelas personagens do Fame, a música era entusiasmante, as pessoas eram palpáveis e existiam a sério. Lembro-me da morte dum dos actores mais brilhante, de seu nome Leroy, alegadamente com Sida. Fiquei triste na altura.
O mesmo aconteceu com Morangos com Açucar, muitos dos actores de telenovelas hoje começaram os seus passos nessas histórias fantasistas, retrato pouco fiel da sociedade de hoje, mundo retocado de modo a agradar cada vez mais aos adolescentes cada vez mais novos.
Há já uns cinco anos que não vejo essa série, deixou de me interessar e parece-me muito fútil, inverosímil e até pouco educativa.
A morte de Angélico Vieira, porém, não me deixou indiferente. Penso que era melhor actor do que cantor, o que oiço dele não me entusiasma, nem sequer acho que tivesse grande voz. Era porém um jovem de 28 anos, bonito e sorridente, com a vida toda pela frente. Todos os acidentes são estúpidos. Este foi mais um. Será lembrado como Kurt Cobain, Carlos Paião, Jimmy Hendrix, Janis Joplin, James Dean....apenas porque morreu na flor da idade.
O que não lembra ao diabo.

terça-feira, 28 de junho de 2011

segunda-feira, 27 de junho de 2011

Back to painting

Ontem, Domingo, tive cá os meus dois homenzinhos, de 5 e 7 anos. Era expressamente proibido ver TV durante uma hora e meia. As actividades que se perspectivavam não eram muitas: ler, recortar e colar ( já houve tempo em que adoravam fazer isto), jogar jogos, pintar....optaram pela última e, entusiasmados, escolheram as telas que queriam das que havia aqui em casa. Estiveram entretidos durante uma hora, cada um com um avental e T-shirt velha, pinceis e bisnagas de cores diferentes.
Os quadros ficaram bonitos, um abstracto , o outro mais concreto, mas foram ainda húmidos para casa...para mostrar a obra feita aos pais e provar que não tinha havido TV, a não ser no resto do tempo que sobrou.
Para uma criança não tem TV em casa, esta exerce uma atracção fatal em casa dos Avós e é muito mais difícil para nós contermos esse ímpeto . Desta vez e já na véspera, consegui demovê-los do Panda Biggs, que é agora a coqueluche dos miudos, com os seus personagens esquisitos.
Todos passámos pelo mesmo. O fruto proibido é o mais apetecido....

Hoje fui eu que resolvi não ver noticiários, embora esteja interessada em saber a composição do governo. No Mezzo estavam a dar jazz e não me apetecia ouvir. Fui para a cozinha com a uma ideia e acabei por me sentar a pintar sobre uma tela que já tinha sido pintada anteriormene. Saiu isto.



Tenho o quadro aqui na estante em frente. Parece quase uma aguarela, mas é acrílico com bastante água.
Cada vez que olho para ele, à medida que seca, fica diferente.

Evado-me pelos campos e campinas dum país lá longe que nem sei qual é.Gosto do céu, dos montes, do espaço infinito...respiro nele e ganho alma.

domingo, 26 de junho de 2011

7 da manhã


Acordei muito cedo e não me apeteceu ficar na cama, doem-me s costas, o que é uma constante, hoje em dia. Só espero não ter nenhuma doença grave que provoque este tipo de dor, atribuo-a sempre a artrose, má posição, almofada pouco recomendável ou velhice. Infelizmente lembro-me sempre duma amiga que faleceu aos 50 anos com um cancro dos pulmões e que apenas se queixava de dores nas costas meses antes de tudo acontecer. Segundo a minha médica o cancro é uma doença terrível porque não dá sinais assustadores, a não ser quando já está muito adiantado.
Bom,mas falemos de coisas mais alegres.

Silêncio total aqui na rua, não se ouvem sequer os autocarros, que constumam descer o Campo Alegre a uma velocidade grande. Rua vazia. Domingo de manhã. Há menos gaivotas agora, já não piam....será que encontram comida na Foz, finalmente? noutros lados? As árvores estão mudas e quedas como cadáveres, nem uma folhinha se move. Verde claro, muito verde escuro, tons um pouco iguais no Verão...céu azul claro, alguma neblina vinda do rio.

Gosto muito das manhãs, do cheiro das plantas que aqui abundam, desde o alecrim à alfazema, rosas,lantana e madressilva há-as todas por aqui.Graças a Deus.

Fica aqui uma canção das mais poéticas que conheço em louvor da natureza. Um bom domingo para todos: