sábado, 26 de setembro de 2009

Fazer turismo



Veneza - Fevereiro de 2000

Amanhã, 27, é o Dia do TURISMO e, para mim, esta actividade é, também, uma forma de Arte, daí ter resolvido incluir aqui esta entrada que poderá parecer um pouco despropositada.

Estive praticamente 15 anos da minha vida,de 1975 a 1990, sem pôr um pé no estrangeiro e viajando apenas dentro do país, mais por necessidades profissionais e conjugais do que por decisão própria. Vivi fora das grandes cidades, no Minho ( Esposende), na Beira Baixa ( Sertã) e em Trás os Montes (Chaves) durante quase cinco anos. Não considero que a minha vida fosse propriamente "turismo", estava a trabalhar em escolas, tinha filhos pequenos e não havia dinheiro nem disponibilidade para me deslocar. Chaves ficava a 500 km de Lisboa e a estrada era indescritível. Levavam-se pelo menos umas sete horas para ir à capital, mas, apesar disso, considero que esses anos foram vitais para a minha personalidade e vivência humana.

Em 1991, fui à Irlanda - Dublin para um Congresso IATEFL ( Linguas) e senti-me uma pacóvia nos aeroportos e hoteis. O que vale é que fui com uma inglesa minha amiga que viajava todos os anos e sabia tudo (foi útil quando as malas ficaram em Londres e não apareceram em Dublin). A experiência foi espectacular e senti-me mais jovem.
Adorei a sensação de liberdade, que acho talvez seja a melhor coisa de quem viaja. Libertamo-nos do espaço físico, das pessoas com quem vivemos todos os dias, da rotina, das obrigações diárias, dos jornais e TV, etc. Nem tudo corre bem, mas aceitamos as coisas com bom grado porque sabemos que fazem parte da aventura de viajar e ver coisas novas.

Fiz, nos anos 90, algumas viagens inesquecíveis com o meu marido a países exóticos - em excursão, pois claro - e tenho aqui albuns que me lembram momentos maravilhosos: Tunísia, Turquia, Egipto, Israel e Jordânia, países de leste.



Egipto 1998



Egipto 1998



Tunísia - 1997



Oasis - Tunísia - 1997



Tunísia - 1997

Fui depois, sozinha, à Alemanha várias vezes para visitar o meu filho e família durante os sete anos em que ele lá viveu. Guardo recordações fantásticas de Munique, dos Alpes, da neve, dos castelos, dos lagos , dos concertos do Advento, das feiras, das galerias de Arte.

Landeshut - 2004



Englischer Garten - Munique - 2000


Também fui, durante esses anos, umas vezes ao norte de Inglaterra para visitar a minha filha e essas imagens estão guardadas em relicário porque é difícil voltar a sentir o mesmo, com a mesma leveza insustentável... adoro esse país e é o único onde gostaria de viver para além de Portugal.



The Watermill Inn - Lake District - 2004



Scarborough Beach - Northeast England - Dezembro 2008



Luisa em Leeds - Moore's Memorial 2004

Há uns anos que vou aos EUA. O meu filhos e família têm estado por lá. Conheci Cornell, universidade que fica em Ithaca, lá para os confins do estado de NY, local paradisíaco e gelado no inverno. Também fui a NY tres vezes com o meu filho e neto ( experiência inesquecível....a Broadway é mesmo outro mundo), e a Boston, nestes dois últimos anos.




Ground Zero - New York - Fevereiro 2003


Statue of Liberty - New York - Fevereiro 2003



Ithaca - colagem - Fevereiro 2003



NY skyline - Fevereiro 2003


Hancock Tower and Trinity Church - Boston 2009

Tenho sido uma privilegiada, eu sei, mas quero aproveitar todos os momentos em que ainda posso ver algo de belo e diferente...esquecer a velhice que se aproxima, andar enquanto posso, estar com os filhos em locais que eles adoram e sair desta cidade que para uma lisboeta que sou, tem algo de claustrofóbico, por muito romântica e bela que seja...e é.

Vão aqui algumas fotos dessas experiências a recordar para sempre. Não é para fazer inveja, mas para partilhar convosco algo que me trouxe muitas alegrias a mim e aos meus filhos.

Por favor, cliquem nas imagens para verem melhor. Vale a pena!


sexta-feira, 25 de setembro de 2009

Período de reflexão

Hoje entrei no periodo de reflexão...para me preparar melhor para a derrota no Domingo. Não estou muito preocupada, porque neste momento da vida, já nada me toca de perto, a não ser através dos filhos e netos. Pessoalmente, a Ministra da Educação já fez em mim as mossas que tinha a fazer e devo-lhe a ela uma reforma antecipada com forte penalização...mas há outros mundos onde podemos fazer valer os nossos méritos e não era na Escola que eu conseguia ver a Luz ao fundo do túnel.

Não sei o que vai acontecer...prevejo mais quatro anos de farsa e gastos tão inuteis quanto faustosos. TGV significa para mim Tantos Gastos em Vão e é a imagem deste modo de governar o país que temos.

Resolvi pintar , para não entrar em depressão:))..o quadro descreve o que sinto. O professor tinha razão quando disse que as minhas pinturas revelam emoção. Este , sim.



Chama-se Purple reflection .

William Turner


Turner- portrait

Já que falei de Turner, gostaria de colocar aqui umas notas sobre este grande pintor, um dos meus preferidos da pintura britância, não só porque foi um precursor do impressionismo, como porque tornou a aguarela um material popular, numa altura em que o óleo era muito mais usado pelos grandes pintores.


Approach to Venice

Joseph Mallord William Turner (Londres, 23 de Abril de 1775 - Chelsea, 19 de Dezembro de 1851), foi pintor romântico londrino. É considerado por alguns um dos percursores do Impressionismo, em função dos seus estudos sobre cor e luz.

Antes de completar 10 anos, Turner, filho de um barbeiro de Londres, ganhou o primeiro dinheiro como pintor colorindo uma gravura. Quatro anos mais tarde, entrou para a Real Academia de Londres. Começou como pintor topográfico e pouco a pouco foi se inclinando para as paisagens, principalmente as marinhas. Em 1802 foi admitido como membro da Academia de Londres. Algum tempo depois, fez sua primeira viagem ao continente. Ficou entusiasmado com a pintura dos grandes mestres no Museu do Louvre, então enriquecido com os saques de Napoleão. Lorrain e Poussin eram seus pintores preferidos.

Turner dedicou-se à pintura da paisagem com paixão, energia, força, interpretando seus temas de forma épica. Seus trabalhos transmitiam uma emoção extrema e foi considerado o ponto culminante da paisagem romântica. Turner foi extremamente precoce, brilhante e bem sucedido. Iniciou na arte aos 13 anos com seus desenhos e com 15 anos atingiu sua reputação. Era um homem solitário, sem amigos e quando pintava não permitia a presença de pessoas, mesmo que fossem outros artistas.

Uma de suas preocupações principais foi a aplicação da luz e sua incidência sobre as cores da maneira mais natural possível. Para tanto, dedicou-se intensamente ao estudo dos paisagistas holandeses do século XVIII, muito em voga naquela época na Europa. Em sua obra os motivos eram em geral paisagens, e o mar era uma constante nos quadros do pintor inglês.

O modo como Turner trata a água, o céu e a atmosfera, em geral se afasta de todo o realismo natural e se transforma no reflexo anímico da situação. As pinceladas soltas e difusas dão forma a um torvelinho de nuvens e ondas, a uma desesperança interior que se transmite à natureza, uma das características básicas do romantismo.

A sua última exposição foi em 1850. No ano seguinte veio a falecer doente e solitário como sempre viveu. Após meses desaparecido, foi descoberto muito doente por sua empregada. Morreu em Chelsea em dezembro, de 1851. Suas obras mais importantes estão na National Gallery e na Tate Gallery, ambas em Londres.
Índice


Wikipedia



Yacht approaching coast


Norham Castle



Mortlake Terrace

Para acompanhar esta entrada proponho-vos ouvir a abertura da ópera Dido and Aeneas de Purcell, um dos mais consagrados compositores britânicos.



Espero que gostem.

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

4000



Eis como me sinto em relação a este mundo do ciberespaço:)) ( Foto tirada ao meu neto, há dois anos)



Fui eu própria a visitante 4000 desta vez!!

Foi em homenagem ao meu novo professor, que espero tenha muito sucesso e me ensine muito do que ainda tenho a aprender.

Obrigada pelas visitas....

Deixem um comentário, sempre que vos seja possível, pois decerto responderei.

Cheerio!

Domingos Loureiro - o meu novo professor de pintura







Conforme tinha prometido, eis aqui o que consegui saber sobre o meu novo professor através da net. Alguns dos seus trabalhos vão aqui também para revelar aos leitores do meu blogue o seu talento e capacidades. Alguns dos seus trabalhos mais originais são esculpidos em madeira e pintados depois, sendo o efeito final extraordinariamente belo, como já pude constatar no atelier. Para mais pormenores, podem ir ao seu site.

http://www.domingosloureiro.com/


Domingos Loureiro
Nasceu em 1977, em Valongo.

Licenciado em Belas Artes - Pintura, pela Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto-1996/2001
Efectuou estudos na Kunst Akademie em Karlsruhe, na Alemanha, ao abrigo do programa Erasmus -2001
Frequenta o mestrado em pintura na Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto.

EXPOSIÇÕES INDIVIDUAIS
2008 ‘Get Real’ Galeria Plumba, Porto; 2008 ‘Na Pele’ Fórum da Maia; 2008 ‘Dadas as circunstâncias’ Centro Cultural são Mamede, Guimarães; 2008 ‘Considered my self as part of you’ Volta Show, Nova Iorque; 2007 ‘em contacto’ Transfer_ arte contemporânea, Maia; 2007 ‘Diz-me por onde andas’ Galeria 24B_ Oeiras; 2006 ‘Erased’Galeria Plumba _ Porto; 2005 ‘Retrospective’ Galeria Plumba _ Porto; 2005 ‘Scratching’ Velha-a-Branca, estaleiro cultural _ Braga; 2005 ‘Digging’ Espaço Cultural Casal de S. Domingos _ Sintra; 2004 ‘Arranha Céus’ Forum Cultural de Ermesinde


Prémios: Prémio Sousa Pinto – Artvallis, 1999 e 2001; Prémio de Revelação D. Fernando II, 2003; Prémio de Pintura D. Fernando II, 2004.

Realiza trabalhos de grande dimensão, em Mdf escavado, que funcionam como “grandes matrizes de xilogravura” com “um aspecto próximo de objectos cerâmicos e de design relegando para segundo plano a imagem”, permitindo o contacto táctil do público com a obra de arte.






terça-feira, 22 de setembro de 2009

Uma canção em homenagem ao meu atelier de pintura- UTOPIA

Utopia


Comecei hoje a mnha nova experiência no mundo das artes. Entrei para o atelier da Escola Utopia, cuja foto podem ver ao lado. É uma escola familiar, extremamente acolhedora e mais frequentada por pessoas maiores de 50 anos, pelo menos àquela hora. Há mais novos a outras horas, provavelmente.
Senti-me bem, como se já conhecesse o local e as pessoas há longo tempo. É curioso como certos locais nos parecem estranhos, mesmo depois de lá irmos muitas vezes outros surgem de repente na nossa vida como se lá tivessem estado sempre.

Já aprendi coisas novas,uma delas um método usado por Turner,o grande pintor inglês, para tingir os seus quadros de uma nebulosidade que atenua as cores naturais e dá-lhes um patine leve e subtil.Usei-a neste quadro que fiz para o meu irmão ( se gostar dele...)

Também aprendi que os meus quadros são um pouco unidimensionais -pelas fotos que levei - falta-lhes profundidade e perspectiva, mas por outro lado, estão repletos de "emoção",:=} segundo o meu novo professor, Domingos Loureiro, que apresentarei noutra entrada. Fiquei contente com a crítica e vou estudar um pouco mais de perspectiva, coisa que nunca fiz a sério.

Falámos bastante de Paula Rego e da dimensão internacional de alguns pintores portugueses, muitissimo conhecidos lá fora e só tardiamente reconhecidos cá dentro.
Lembro-me que há uns dez anos fui a Londres com a minha filha e resolvemos ir à cafeteria almoçar depois de calcorrear kms a ver pintura. Eis o meu espanto quando olhei para o fundo da sala e vejo uma enorme parede circular pintada de alto a baixo com um mural de Paula Rego. Aquelas figuras grotescas entravam-nos pelos olhos e não era possível desfitá-las a não ser de costas....:),perdi um pouco avontade de comer, mas só nessa altura compreendi como ela é famosa em Inglaterra e como adoram os seus contos para crianças - as nursery rhymes - tão espectaculares quanto horrorosas. Ela é única,goste-se ou não.



A minha pintura de hoje não tem nada de grotesco,mas tem algo de atmosférico...não sei se vai chover...ou trovejar,mas o céu não augura nada de bom.

Aqui vai sem nome ainda...

domingo, 20 de setembro de 2009

Inquietações

Há dias que ando nervosa. Acho que é por causa de todo este alvoroço mediático, da campanha eleitoral, do compra-vende votos, em que tudo é permitido - menos tirar olhos - como se dizia no meu tempo de criança.
Hoje deveria ter ido à Foz ver o mar, pois o barulho das ondas acalma-me sempre e só umas horas a contemplá-lo e a ouvir música clássica baixinho, já me enchiam o dia.

Não fui.

Fiquei em casa, a fazer um bolo de maçã, que não ficou mau... e a pintar. Encomendaram-me um quadro e só isso já me inquieta um pouco. Resolvi fazer experiências e gosto do que saiu. É um quadro clássico talvez, embora não tanto como possa parecer em foto, usando acrílico em papel. Acabei o bloco, amanhã vou ter de comprar outro, pois não consigo estar sem materiais...

Eis a minha pintura de hoje. Gosto dela.



E um poema de Sophia para rematar neste Domingo já outonal.

Bebido o luar, ébrios de horizontes,
Julgámos que viver era abraçar
O rumor dos pinhais, o azul dos montes
E todos os jardins verdes do mar.

Mas solitários somos e passamos,
Não são nossos os frutos nem as flores,
O céu e o mar apagam-se exteriores
E tornam-se os fantasmas que sonhamos.

Por quê jardins que nós não colheremos,
Límpidos nas auroras a nascer,
Por quê o céu e o mar se não seremos
Nunca os deuses capazes de os viver?


As Tormentas