sábado, 4 de fevereiro de 2012

O espectáculo do inverno

Há dias um amigo meu do Woophy, Stewart Scott, que escreve por vezes aqui, fez um comentário a uma foto minha de árvores em contra-luz, dizendo que é miraculoso como basta erguer os olhos para podemos ver tais maravilhas. Acrescentou uma frase de Oscar Wilde : Podemos viver na sarjeta, mas conseguimos ver as estrelas lá em cima ( tradução minha)

Palavras dele:

Miraculous, we can see such wonders just by looking up ("We may be living in the gutter, but we can look up at the stars", Os. Wilde?).

Hoje resolvi ir ao botânico, depois de ter estado aqui em bate-papo com o meu neto durante duas horas.
Experimentei olhar para cima durante o percurso que fiz lentamente por entre os jardins e muros deste belo local, a que chamo cada vez mais meu. O que se vê em cima é diferente do que está mesmo à nossa beira. Tem magia, sobretudo no inverno, que é quando gosto mais de contra-luzes.




Tirei várias fotografias e não posso pô-las todas aqui, mas coloquei as que gosto mais.

Leonard Cohen - Old Ideas

Penso que nunca nenhum cantor de música não-erudita, alternativa, pop-rock, indie ou folk, me apaixonou , emocionou, comoveu, espantou e inspirou tanto como Leonard Cohen, desde que comecei a ouvi-lo nos anos 60 - lembram-se de Joan of Arc? - até 2012,
em que surge com um novo album, que as críticas têm deitado abaixo injustamente, chamado OLD IDEAS ( ideias antigas ou velhas).
As ideias de Cohen não estão minimamente ultrapassadas - temos aliás um exemplo português que o imita um pouquinho, de seu nome Abrunhosa e que tem um sucesso fantástico - porque as suas letras ou poemas , embrulhados em instrumentais extraordinários e acompanhados de vozes femininas embalatórias, continuam a ser lindíssimos, emotivos e mesmo dilacerantes.
Ouvi Cohen praticamente durante quarenta anos, comprei os seus discos em vinil, depois em CD e agora uso o Ipod , onde possuo um folder especial com o seu nome e mais de cinquenta versões das suas canções, umas ao vivo, outras muito antigas e voz juvenil, sempre bem orquestradas e interessantes. Também tinha um vídeo ou dois com entrevistas e concertos ao vivo, mas agora já não uso vídeo e o Youtube substitui bem esse aparelho anacrónico.
Usei os seus poemas, as suas músicas e até as suas entrevistas nas aulas sempre com bom feedback dos alunos, que se comoviam ou vibravam comigo, mesmo quando, aparentemente, este tipo de música não era aquele que mais apreciavam.

O que é divinal encanta todos. E Leonard Cohen é genial.





Coloco aqui duas canções , uma antiga outra actual. A diferença na voz é incrível, mas comparando as duas, não sei de qual eu gosto mais, como diria o Marco Paulo:)).

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

It's a kind of magic

É o nome duma canção célebre dos Queen, de que não gosto especialmente, mas que tem o seu quê de magia.

A minha filha descobriu um site sobre este tema e partilhou o que se segue na sua página do Facebook. Coloco-o aqui por me parecer absolutamente deslumbrante, sobretudo para quem gosta de fotografia ....e do luar.


O site do Facebook chama-se White Magick Alchemy.

Há magia em certos sites

Gustav Leonhardt

Faleceu há dias o maestro, musicólogo e intérprete holandês Gustav Leonhardt.
Encontrei na Wikipedia esta informação, que é muito mais completa na versão inglesa.


Gustav Leonhardt - 30 de maio de 1928-Amesterdão, 16 de janeiro de 2012 - foi um consagrado tecladista, maestro, musicólogo, professor e editor holandês.
Leonhardt foi um dos líderes do movimento que prega a execução da música clássica em instrumentos de época.
Entre os instrumento de teclado nos quais ele se celebrizou estão o cravo, o órgão, o claviorganum, o clavicórdio e o fortepiano.
Em Portugal, era uma presença regular, da Casa Mateus, em Vila Real, à Gulbenkian, em Lisboa, passando pelo Festival Internacional de Música da Póvoa de Varzim.


Infelizmente nunca tive ocasião de o ouvir, mas a discografia que deixou é imensa. Vai aqui uma listagem só para exemplo:

The art of fugue, Bach's last harpsichord work (Nijhoff, 1952)
In Praise of Flemish Virginals (in Keyboard instruments, par Edwin Ripin and all., Edinburgh University Press, 1971)
Amsterdams Onvoltooid Verleden [Amsterdam's unachieved past], Architectura & Natura, Amsterdam, November 1996
« Glanz des alten Klavierklanges » (sleeve text for « Gustav Leonhardt an historischen Cembali », BMG)
About l'The art of fugue (sleeve text for recording Deutsche Harmonia Mundi, 1969)
« Introduction », in Early Music, vol. 7, No. 4, Keyboard Issue 1 (oct. 1979)
« Points d’interrogation dans Froberger », in Hommage à F.L. Tagliavini (Patrone Editore, Bologna, 1995
Het huis Bartolotti en zijn bewoners [Bartolotti's house and its inhabitants], (Amsterdam, Meulenhoff, 1979)


Vale a pena comprar CDs destes, pois são verdadeiras obras de arte! Fica aqui uma das peças mais lindas que conheço e que existe para todos os instrumentos: Chaconne BWV1004 , tocada no címbalo por este portentoso artista.


quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

Art Nouveau ao som de Elgar

Há tempos fiz um quadro em tons de lilás e azul, que ficou muito especial. Tinha um misto de futurista e de gótico e o efeito com a moldura era lindo. Ofereci-o no Natal a uma pessoa que me é muito querida e ela, segundo me disse, pintou uma parte da parede da sala a combinar com o quadro, tal foi a alegria de o receber.

Hoje encontrei, por acaso, a fotografia do mesmo aqui nos arquivos e tive vontade de usar as mesmas cores num quadro diferente.

Usei impasto para dar a textura que desejava e ainda os tais vidrinhos minúsculos que dão à tela um efeito magnético.

Antes de ir para a fisioterapia, dediquei-me a lançar a tinta muito líquida sobre a tela, em cores muito enigmáticas e frias: branco, azul, violeta, que misturados criaram outros tantos tons maravilhosos.

Quando vim da fisioterapia, olhei para o quadro e gostei, mas precisava de mais branco, estava um pouco escuro demais, apliquei branco diluído e mais violeta. Deixei secar e só agora duas horas mais tarde o fotografei ainda sem verniz que dará o toque final.

Parece Art Nouveau, faz-me lembrar livros que havia em casa da minha Avó cujos inícios de capítulo eram decorados com ilustração muito rebuscada a negro.

Entretanto, pus-me a ouvir um concerto que adoro desde há muito: Concerto para violoncelo de Elgar, que já aqui mencionei a propósito de Jacqueline Du Pré, a violoncelista inglesa que morreu muito nova , mas deixou um legado imortal.

Ficam aqui os dois quadros e o concerto em questão:





terça-feira, 31 de janeiro de 2012

Os nenúfares

Hoje voltei ao Botânico. Necessitava de ar puro e apetecia-me andar, ver algo bonito como as camélias ainda em botão que se preparam para desabrochar na Primavera.
O jardim está desolado, sem flores de espécie nenhuma, as árvores sequiosas, mesmo sem folhas, nota-se nos ramos esguios a secura que tem assolado o país.
Os lagos de nenúfares pareciam sarcófagos gigantes e redondos. Se não foram os reflexos das árvores e arbustos na água lodosa, até julgaria que estavam vazios. Que desolação...

Sei bem que é inverno. Ainda não há nenufares.
Só há raízes que estão no fundo dos lagos. As sementes ainda não germinaram, as folhas estão escondidas e flores virão mais tarde ainda. É assim o ciclo da vida das plantas e se gostamos delas, temos de as respeitar. As estufas permitem outras veleidades, mas gosto de ver as plantas desenvolverem-se naturalmente, sem habitats artificiais.
Para "matar saudades" coloco aqui algumas fotos que tirei
em diversas épocas do ano e umas pinturas de Monet, o pintor que mais tempo dedicou a esta bela flor.
Já não falta muito para a Primavera, é o que vale. Em breve veremos flores nas camélias japónicas que inundam o jardim...não custa esperar.

segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

Floresta impressionista

Ontem resolvi destruir uma pintura que tinha feito há semanas sem grande sucesso. A textura é espectacular, mas o quadro ficou monótono e desinteressante.
Peguei num pincel e tapei tudo com acrilico branco não muito espesso, só o suficiente para atenuar a cor do fundo.A partir daí, escolhi um dos meus motivos favoritos, bem real, árvores, folhas, floresta, tudo com acrílico aguarelado, em cores pastel, muito líquido, de modo a que as cores se misturaressem entre si. Gosto do resultado. Nunca tinha feito nada assim. A textura é diferente.

É mesmo impressionista...pelo menos aos meus olhos.

Os Descendentes

Não escrevi nada no fim de semana. Não estava para aqui virada.

Fui ver o filme "Os Descendentes".
Interessante. Relações humanas numa família que sofre um desaire súbito quando menos o espera. Surpresa, choque, adaptação à nova situação, fragilidades das relações conjugais, cumplicidade pais-filhos, conflito de gerações, tudo isto aparentemente antagónico tratado com delicadeza, mas sem grande profundidade,
numa toada um pouco cor de rosa, mas não demasiado lamechas.
O meu ex- costumava dizer ironicamente que os americanos sofrem muito, mas sempre com grande conforto!! Foi o meu comentário silencioso no fim do filme.
Fui sozinha e gostei da experiência. Mas não é filme que veja outra vez, não me fez vibrar muito, nem chorar.George Clooney, que interpreta bem o papel, só me lembra o Nespresso, que uso todos os dias. É pena, mas para mim, que tenho uma memória visual quase doentia, ficou mesmo queimado , como aquelas peças musicais lindíssimas que as orquestras de música ligeira tipo James Last ou pianistas como Clayderman transformam em clichés banais, sem falar de "cantoras" como a Ana Faria que ganhou balúrdios cantando leitmotifs de música clássica com letras ridículas para crianças e assassinando muitas peças carismáticas como O Lago dos Cisnes ou a Barcarola de Oberon. Os meus filhos adoravam....mas eu achava um sacrilégio.
A paisagem é a parte mais bonita do filme, o Hawai espectacular e acolhedor, uma mensagem ecológica que passa bem.
Ando um pouco blasée de filmes americanos, tenho visto poucos filmes de que goste muito este ano, ficam sempre aquém do que espero. Devo esperar demais.