sábado, 14 de maio de 2011

Sábado com sol



Hoje passei o sábado sozinha, para variar. Em geral, vejo alguém da família, mas hoje não calhou e também não estou deprimida por isso.
Está sol, mas não me apeteceu ir à Foz. Gosto mais dela no inverno, com pouca gente. Ando um pouco cansada do esforço que faço no ginásio - ontem estive lá cinco horas (!), espero que valha a pena, pois é muito tempo. O meu PT ( Personal Trainer) é encantador e embora exigente, não me obriga a fazer o que me é humanamente impossível. Penso que psicologicamente este foi um grande passo e exige persistência e coragem. Hoje apetecia-me descansar, de modo que me deixei dormir. Fui almoçar já pelas 3 horas e depois ao Botânico, onde havia muita gente, visitantes da Expo Darwin, famílias inteiras, amigos e até estudantes de botanica que estavam a fazer umas medições e a tirar fotos às plantas.

Descubro neste local um manancial de temas para fotografia artística, muito apreciada agora no facebook e no site Woophy Club or Color Photo. Entretem-me procurar ângulos, ver a luz, procurar flores originais e até dar nomes as fotografias. Nunca ma aborreço e hoje nem sequer ouvi música, como é meu costume....abstraí-me dos carros e da VCI ( criminoso cortarem este jardim ao meio para fazerem uma estrada destas, poluente em todos os aspectos. Há tempos prometeram pôr uns paineis para cortar o barulho, mas ficou na promessa...felizmente, os passarinhos continuam a chilrear como se nada fosse.
As estufas estavam completamente degradadas e são uma imagem quase gótica no meio dum paraíso. Fico-me a pensar como seriam elas no tempo em que os estudantes de botânica ali estudavam ou no tempo dos Andersen. Será que já existiam?
Tantas e tantas plantas que ali estão moribundas, sem água, com um calor abrasador que continua a passar por entre os vidros. Cena mesmo triste...

Já me conformei com a cor da casa....é fotogénica, to say the least. Enquanto estiver assim linda e restaurada, dá-nos uma sensação de conforto e cuidado. Já não é mau.

Ficam aqui fotos todas com sol.....e sombras. São as mais bonitas...

DIA MUNDIAL DOS MUSEUS


Festa dos Museus 2011 – Museu e Memória


O Instituto dos Museus e da Conservação (IMC) associa-se mais uma vez às comemorações da Noite dos Museus – sábado 14 de Maio – e Dia Internacional dos Museus – 18 de Maio. O tema das comemorações em 2011 é MUSEU E MEMÓRIA. Os objectos contam a vossa história. Os museus e palácios do IMC estarão abertos gratuitamente nestas ocasiões e proporcionarão a todos os visitantes um conjunto de iniciativas muito diversificadas. O IMC convida todos os espaços museológicos portugueses, nomeadamente os integrados na Rede Portuguesa de Museus (RPM), a participarem activamente na Festa dos Museus 2011.



No sábado, 14 de Maio, decorre em todo o país a 7ª edição da Noite dos Museus
Inauguração de exposições, visitas guiadas, ateliês, espectáculos de teatro, dança, música, projecções de vídeo e outras performances, são algumas das ofertas culturais que os visitantes dos Museus e Palácios do Instituto dos Museus e da Conservação (IMC) e de muitos espaços museológicos da Rede Portuguesa de Museus (RPM) podem encontrar.

quinta-feira, 12 de maio de 2011

NEW COLOR PHOTO OF THE DAY


Tenho andado descobrir o Facebook a pouco e pouco e confesso que ando entusiasmada. Encontrei amigas como a Clara Ferrand, que me escreveu, pessoas que admiro e que fizeram parte da minha juventude, família, curiosidades e sites especiais como ao Woophy Photo Club e o New Color Photo of the Day ou o Maravilhas da Nossa Gastronomia.
Dá-me muito gozo ir lá todos os dias, espreitar para os feeds ( notícias dos meus amigos) ou para os murais ( páginas pessoais) de cada um. Descobri assim que o meu filho mais novo sabe muito mais de música do que eu alguma vez sonhava e que um dos meus sobrinhos toca jazz em público amiúde. Também vi fotos do nosso encontro de Faro que não tinham sido postadas no site Woophy e comentários de todos os que lá foram. Hoje faz anos um dos "gigantes" da fotografia, o argentino Javier Martinez, vulgo Kambrosis, e posso enviar os parabéns com uma foto ou canção, apesar de estar a milhares de kms de distância.

Esta página do facebook acima citado é especialmente interessante para mim, pois colecciona fotos todos os dias - cada pessoa só pode fazer upload duma foto sua e obedece a regras que ponho aqui.


"ONLY ONE PHOTO FOR EACH COLOR OF THE DAY"

"Please, only publish photos of your own."

Daily I select the best photo day. Each member can only post a photo daily. The theme will be your choice.

Each day of the week will have a predominant color. All photos which do not meet the proposed theme, will be injunctions without notice.

... The winning photo of the day will profile image of this group.


O resultado é um mosaico fantastico de fotos, algumas delas verdadeiras obras de arte.

Vale a pena visitar o site:

https://www.facebook.com/pages/New-Color-Photo-of-the-Day/

Hoje , dia do amarelo, coloquei lá esta foto.

quarta-feira, 11 de maio de 2011

Azuis e verdes



São cores frias, aparentemente, mas talvez aquelas com que gosto mais de trabalhar. Já tinha feito este quadro há tempos, mas hoje retoquei-o, envernizei-o e ficou pronto. É em MDF grosso, pode-se pôr assim na parede sem necessidade de moldura. Esta existe apenas na foto. É um abstracto, sem nome.

E como há muito não coloco aqui nenhum poema, desta vez vai este:

HORIZONTE

Ó mar anterior a nós, teus medos
Tinham coral e praias e arvoredos.
Desvendadas a noite e a cerração,
As tormentas passadas e o mysterio,
Abria em flor o Longe, e o Sul siderio
'Splendia sobre as naus da iniciação.


Linha severa da longínqua costa -
Quando a nau se approxima ergue-se a encosta
Em árvores onde o Longe nada tinha;
Mais perto abre-se a terra em sons e cores:
E, no desembarcar, há aves, flores,
Onde era só, de longe, a abstracta linha.


O sonho é ver as formas invisíveis
Da distancia imprecisa, e, com sensiveis
Movimentos da esp'rança e da vontade,
Buscar na linha fria do horizonte
A árvore, a praia, a flor, a ave, a fonte-
Os beijos merecidos da Verdade.


FERNANDO PESSOA

terça-feira, 10 de maio de 2011

Clara Ferrand



Conheci a Clara em 1975 quando vivia na Sertã e passava fins de semana em Coimbra.
Num desses fins de semana, descobri pelo meu médico que teria de ficar em Coimbra durante uns meses, dado que a minha gravidez - que já era a 4ª em dois anos - estava em risco, tendo que ser controlada num local onde houvesse hospital, o que não acontecia na Sertã. Passei dois meses em Coimbra, nas casas das minhas irmãs, estando em repouso relativo.
Foi uma época de stand-by, não pude dar aulas e tinha de estar deitada durante parte do tempo. Fazia muitos trabalhos de mãos para as minhas sobrinhas, que eram tres de 3, 5 e 7 anos e gostavam muito de bonecas, como a Nancy e a Barbie. Fiz muitos vestidinhos , camisolas , chapéus, etc para estas bonequinhas a quem chamávamos as Nancinhas
, assim como tricots para os nossos filhos.
A Clara era muito amiga da minha irmã que ficara viúva em 1974. Pertenciam ao mesmo grupo de casais e davam muito apoio uns aos outros. Passei alguns Domingos em casa dela, nesse periodo em que estive na Sertã e a proximidade com pessoas como ela fizeram-me muito bem à moral e preencheram os vazios que a saída de Lisboa para a Beira Baixa tinha provocado.
Sempre tive uma admiração enorme por esta rapariga, - que considero como família, uma prima, uma tia dos meus sobrinhos - cheia de alegria, criatividade, animada e amiga nas horas difíceis. Os lanchinhos ajantarados em sua casa eram uma alegria, contribuindo nós com alguma comida feita em casa - ainda me lembro de fazer croquetes com restos do cozido - acompanhados da algaraviada dos pequeninos que se juntavam lá todos, nove ao todo. A Clara entretinha-se a fazer bonecos - ofereceu dois aos meus filhos que anda estão guardados na minha casa anterior - com tecidos, plásticos, couros, rendas, crochets, sedas, lãs e fios etc, que ela guardava em caixas e caixinhas, um verdadeiro tesouro para quem gosta de artesanato. Também fazia patchwork que eu admirava profundamente pois exigia muita paciência e faziam um efeito espectacular na parede.. Sei que entretanto lhe encomendaram vários murais para a Universidade e edifícios de Coimbra.
Ontem descobri este site dedicado à minha amiga Clara Ferrand http://www.claraferrand.com/galeria.html e não resisti a falar dela no meu blogue, pois, embora só a veja em festas da família em Coimbra, continuo a recordar os momentos maravilhosos que passei em sua casa naqueles anos difíceis da minha vida de casada. O meu filho nasceu em Coimbra em Agosto e no ano seguinte, fomos várias vezes a sua casa passar os domingos à tarde, sendo o João mais um dos pequeninos a encher de alegria aquelas casa.

O site contém a sua biografia, trabalhos nas áreas da escultura, artesanato e tapeçaria.. No Facebook também poderão encontrar mais pormenores sobre a artista.

Obrigada, Clara, pela tua Amizade que já tem mais de trinta e cinco anos. Parabéns pelo site e trabalhos lindos que continuas a fazer. Há recordações que nunca se apagam na nossa memória e que mais valor adquirem à medida que os anos passam.

segunda-feira, 9 de maio de 2011

Beethoven e o meu Avô



Em geral, quando se fala dos concertos de Beethoven, cingimo-nos aos de piano, do 1º ao 5º todos são muito populares, sobretudo os 3,4 e 5. Já gostei mais duns que outros, mas ouvi-los faz-me sempre go down memory lane, ou seja, voltar ao bau de memórias, à casa dos meus Avós , na Rua Vale do Pereiro em Lisboa.

O escritório do meu Avô era um pequeno mundo de coisas insólitas para mim, em criança. Tinha estantes escuras a toda a volta, estantes essas que ainda estão em casa da minha irmã, já bastante carcomidas.No meio dos livros havia de tudo, caveiras dos mais variados materiais e feitios, mas sempre com os dentes de fora e olhos metidos para dentro, assustadoras q.b., Mefistófeles com expressões maléficas e corninhos, um dos quais foi oferecido ao meu ex- pela minha Avó, esculturas de compositores clássicos trazidos religiosamente das suas viagens, recordações, postais e fotografias. Era um manancial dele, só dele. A secretária era uma delícia para o olhar, com lápis dos mais diversos tamanhos, muitos pequeninos, que ele aparava com uma faquinha especial, tinteiros e penas, com as quais escreveu alguns dos seus livros sobre História de Portugal, mata-borrões cor de rosa com pega de prata, facas de cortar papel, gavetas e gavetinhas, moedas, recortes dos jornais, etc. As lombadas dos livros eram muitas vezes feitas por ele e gravadas com tinta dourada. As fotografias a preto e branco eram pintadas a cores e as nossas carinhas levavam make-up que ele carinhosamente aplicava para que parecêssemos mais saudáveis:). Tinha também esculturas de crianças,por todo o lado; uma com a pauta do-re-mi-fa-sol que nós adorávamos.
E porquê falar de Beethoven neste contexto? Porque oiço o concerto de violino opus 61 interpretado maravilhosamente no Mezzo por um violinista que desconheço e percorro o caminho até aos meus dez anos, em 1956, quando os meus pais me levaram a um concerto pela primeira vez. Tocava o David Oistrack, um monstro do violino, russo, gordinho, com os dedos ágeis dum jovem. Sempre adorei este concerto que se inicia com o suave batuque do tambor.
O meu avô costumava deitar-se numa chaise longue forrada de veludo e cujos braços acabavam em forma de mãos. Escolhia a Emissora 2 e ouvia todos os concertos que transmitiam durante o dia - os que ele gostava e não considerava "palha".
Ouvi este e muitos outros concertos sentada ao colo dele ou então já na minha caminha, com a porta aberta, não muito longe do escritório. Beethoven era o seu compositor de eleição, a par de Verdi.

O violino é um instrumento lindíssimo. Estou a ver o meu neto a tocar daqui a uns anos um concerto destes. Deus queira.

É assim a evolução das gerações, o milagre das famílias e o que nos anima a viver o nosso dia-dia, com os anos a correr cada vez mais depressa.

E do concerto de violino - interceptado por uma chamada no skype do meu filho que está em San Francisco - passámos para a 5ª Sinfonia de Beethoven. E agora relembro as tardes em que eu tentava tocar o Andante no piano, simplificado, com o meu Avô a dirigi-lo com o braço, dando enfase aos FF - fortíssimos - para que a peça fosse tocada com expressão. Eu obedecia e vibrava.

E com esta oferta musical da TV....como aguentar os debates políticos e pensar em eleições? Não se pode votar em Beethoven, infelizmente.

Inquietude



Tenho andado um pouco depressiva....acho que é a ausência dos meus filhos - um nos EU, outra na Inglaterra, o mais novo em Lisboa....sinto-lhes a falta sempre, mas há alturas em que me parece que nada tem cor, o mundo fica a preto e branco, baço, sem sentido. Os netos são amigos, mas são pequenos seres independentes de mim e, ou vêm todos a minha casa...ou não vem nenhum, acabo por não criar uma relação profunda com eles, como desejaria. Tém uma VIda, exigente demais na minha opinião e de que não faço parte por moto próprio. Gosto muito deles, mas nunca quis substituir-me aos Pais, acho que já sacrifiquei muito pelos filhos e não tenho coragem de me sacrificar do mesmo modo pelos netos, mesmo que pague esse preço com uma relativa solidão. Levo tempo a recuperar quando o meu filho mais novo vem ao fim de semana e parte ao domingo à tarde. Ele só vem de tres em tres semanas e o tempo que estamos juntos é escasso.

Hoje fui ao Solinca health club, onde me inscrevi há duas semanas. Aproveitei tudo, ginásio, piscina, jacuzzi, sauna, etc. Saí de lá como se tivesse levado uma tareia, com dores no joelho de bicicletar e até me custou a andar até casa. Estou com sono, mas renitente em dormir a esta hora, vou aguentar-me até à noite. Dói-me o corpo todo, não sei se abusei, se esttive muitos dias sem fazer os exercícios e o corpo agora ressente-se. Não estou confortável comigo própria.

Acabei ontem de ler um livro: Histórias do Fim da Rua de Mário Zambujal . Não escreve mal, observa bem, cria personagens patuscas, revela algum sentido de humor...mas tudo espremido é uma croniqueta sem grande conteúdo, pintando uma sociedade mais que medíocre, onde não me revejo. É deprimente q.b. Como muitos livros de autores portugueses.

Ontem revi o filme O Leitor,, cujo livro já tinha lido. Que diferença"! Personagens com profundidade, com densidade psicológica, com dramas interiores, apaixonantes. Foi um filme que me deixou marcas e que ainda hoje me impressiona por se debruçar sobre o problema da culpa e da responsabilidade em tempos de guerra, aqui durante o nazismo. A actriz , Kate Winslet é colossal, confrangedora na sua sinceridade quase pueril. Ralph Fiennes, sempre o mesmo perfil, belo e generoso. Em 2008 gostei muito do filme. Li o livro e adorei a história, ficção ou não, tem muito de verídico.

Está uma tarde lindíssima, céu azul...algum vento, o barulho dos carros na minha rua...a empregada saiu há pouco e deixou tudo limpinho, é só uma vez por semana, mas sabe bem. Tenho tudo para ser feliz....