Tenho uma sobrinha de 11 anos, que nasceu com um problema de visão, não conseguindo ver nada dum dos olhos e muito pouco do outro. Já fez muitos exames e operações à córnea, mas os resultados não são ainda muito animadores. É uma miúda feliz, com pais devotos e corajosos, três irmãos mais novos que a ajudam e toda uma família unida, o que é uma mais valia preciosa. A Laurinha já aprendeu a ler e faz tudo o que os outros meninos da sua idade praticam, mas com um esforço muito maior, tendo que usar tecnologias avançadas para poder ver os livros em ecrans, aumentados por meio de lentes. Tem tido notas óptimas, apesar da sua deficiência. A minha sobrinha Catarina, que escreve neste blogue, é para mim, um exemplo de tenacidade e realização pessoal, pois renunciou a muitas outras coisas na sua carreira e na vida para poder acompanhar a filha mais velha e ainda se ocupa dos outros três filhos, dois dos quais gémeos de 5 anos.
A Laurinha fez há dias uma poesia à Primavera, que foi publicada no nosso blogue de família. Não resisto em publicá-la aqui, juntando-lhe um desenho feito pelo meu neto há umas semanas.
Olhei para uma branca e fria tela,
e resolvi pintar
a mais linda Primavera
Com borboletas a voar,
flores a desabrochar…
Há tanta coisa bonita…
Por onde hei-de começar?
Então no pincel peguei
e as planícies verdes pintei.
Não me esqueci das flores coloridas
que pintei com cores mortas e garridas.
Também desenhei os passarinhos,
uns grandes
e outros pequeninos.
Mas todos a planar,
no céu azul que acabei de pintar.
E assim eu vejo a Primavera,
pintada numa simples tela!
Laura
UM CRIME OITOCENTISTA
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