sábado, 6 de agosto de 2011

Tempo de família

Os ingleses têm a expressão family quality time para definr aquelas horas, minutos ou dias dedicados à família, em que estamos presentes, ouvimos as crianças, não lemos jornais ou mails no laptop, brincamos com elas, damos-lhes atenção e carinho. Infelizmente os pais cada vez têm menos paciência para estar com os filhos e muitas vezes - não é o meu caso graças a Deus - empurram-nos para os Avós, tios ou amigos, de modo a poderem dedicar-se ao trabalho, mesmo em tempo de descanso.

Hoje fui com o meu flho , filha e netos à Foz, apenas por duas horas. Estava-se maravilhosamente na Praia da Luz, onde não costumo ir, por ser mais concorrida e demasiado perto da areia, vê-se o mar muito longe para meu gosto. A Praia dos Ingleses é mais interessante, pois me parece estar num barco,com as cordas mesmo junto ao mar, sobretudo quando a maré está cheia.
A escolha foi perfeita, pois enquanto nos sentávamos à mesa, os miudos saltaram para a areia e foram-se entretendo connosco a vigiar: apanharam pedrinhas, conchinhas,
jogaram beach ball, fizeram um castelo de pedregulhos, enfeitaram-no com algas grandes, correram, comeram meia tosta mista cada um e estiveram ali felizes durante aquele tempo.
Às tantas, saltei para a areia também e ali estive na brincadeira com o meu neto mais novo, que tem sido mais descurado por mim, por ter apenas dois anos
e estar muito apegado à Mãe. Fala imenso, ri-se com tudo e é um miudo encantador.
Assim se passou uma tarde simples e agradável, sem demasiado tempo a andar de automóvel,
que é uma coisa que não aprecio...os meninos vieram para casa mais bem dispostos e o pequenino quis que eu lhe desse a mão até à porta de sua casa. Fiquei feliz.

Dia em família

Gunther Grass II

sexta-feira, 5 de agosto de 2011

Angéle et Tony

Um filme francês.
Típico nas sua estrutura, ausência de informação prévia, factos lineares, histórias que se cruzam sem se saber bem como , nem porquê, personagens muito humanas interpretadas magnificamente por actores para nós quase anónimos, mas bem conhecidos do público francês. Um ambiente de mar e costa, uma vila piscatória na Normandia

com os problemas próprios do local e da actividade da pesca, manietada pelas leis da UE. Tudo muito lento, mas com densidade suficiente para não nos maçar demssiado...música de fundo muito sugestiva e repousante. Drama q.b.


Tarde bem passada com a minha filha que recebeu resultados muito satisfatórios dum trabalho que fez no mestrado sobre o ensino de gramática a estrangeiros. Estava feliz e fomos comemorar.

Arrábida shopping às moscas, cheio de lojas que não me atraem minimamente. De que vivem estas lojas e aqueles que lá trabalham?

Entrei num hipermercado após anos de jejum.
Detesto continentes, jumbos, carrefours e quejandos. Não encontro nada do que quero, perco-me e esqueço-me do que realmente preciso:) Desta feita eram cabides para pendurar as oito camisas do meu filho mais novo acabadas de lavar e passar. Não precisava mais nada, mas acabei por comprar copos, uma almofada, gel de banho, tira-gorduras, lubrificante para as dobradiças, um sabonete, etc.etc. É sempre assim quando entro num hiper....mais vale não ir lá!

Netos ao fim da tarde, mais amigos do Panda do que da Avó ( como eu digo....), meiguinhos, mas já distantes daquela intimidade que tínhemos no Algarve...já se passaram seis dias, em que mal os vi. É assim a vida e há que aceitar.

quinta-feira, 4 de agosto de 2011

E o mar....lá tão longe....

Foi a saudade, a nostalgia ou a ausência que me levaram hoje quase inconscientemente a pegar no pincel e nestas cores, azuis, verdes, amarelos, brancos, claros escuros, e a pintar

uma mancha que tanto pode ser o mar, como outra coisa qualquer....

Cidade morta

Tenho a sensação de viver numa cidade morta...

Agosto, mês quente, tem sido apenas cálido e por vezes aé fresco. Não há bulício, apitadelas, travagens bruscas aqui na rua, o que é óptimo. Mas sente-se que a vida parou, as pessoas andam tristonhas, os cafés meio cheios, o ar pesado.

Ontem fui ao Cidade do Porto
e a rapariga da caixa no Froiz disse-me com ar triste que numa semana fecharam três lojas...é possível que abram outras, parte do edifício está em renovação, a praça da alimentação do piso de baixo está fechada para obras. A Leitura continua convidativa, mas é curioso que não me apeteceu ler nenhum dos livros expostos, nem mesmo A Viagem à India, de Gonçalo M Tavares, que tão falado tem sido. É um romance em Cantos, como os dos Lusíadas, e deve ser interessante, mas é caro e pesado, não me apeteceu comprar mais um livro para encher as prateleiras, que já estão demasiado cheias. Ontem passei muita roupa a ferro, porque me apetecia fazer algo, cosi cinco pares de calças do meu filho, cujas bainhas estavam meias rotas de roçar no chão, lavei roupa, andei numa dobadoira por pura adrenalina e necessidade de me sentir viva.
É raro passar Agosto no Porto, no ano passado fui à Madeira, onde passei uns dias de sonho, há dois anos estive em Boston e em Porto Santo...

Tenho um projecto em mãos neste momento que tem a ver com o meu apartamento da Ramada Alta, onde o meu filho mais novo irá provavelmente viver, a partir de Setembro.
Vivi lá quatro anos e gosto muito daquela casa, não só porque representou a minha independência em 2002, mas também porque é ampla, tem uma vista esplendorosa sobre a parte ocidental do Porto, até ao mar, que se vê desde a Afurada até a Matosinhos e Leça nos dias claros. Tem muito mais sol que este apartamento, tristonho no verão. Pode-se mesmo ver o por do sol sobre o mar todos os dias, se não houver nevoeiro.
Hoje vou lá voltar para ver como está, pois tem estado á venda e não sei se as visitas o trataram bem. Aproveitarei para matar saudades dum tempo que foi belo e dramático simultaneamente. Mudei para fcar perto dos filhos e netos, mas não esqueci aquela sala, onde passei tantas horas de liberdade recente.

Para a semana volto ao Solinca, ando com dores nas costas e não me apetece muito fazer esforço físico continuado, mas quero continuar o meu plano de fitness, que não descurei na Luz, apesar da alimentação menos ortodoxa que lá se faz.:)

terça-feira, 2 de agosto de 2011

PARABÉNS , COR EM MOVIMENTO



Há 2 anos escrevia isto:

O meu lema foi sempre " HAPPINESS IS LOOKING FORWARD TO" - ou seja, a felicidade reside no anseio por alguma coisa. Este blogue é, ainda, apenas o anseio, a expectativa. E o gosto pela Arte.

Hoje posso dizer que este blogue é muito mais que um anseio, já é um "must" na minha vida. Todos os dias aqui escrevo ou coloco uma foto, uma pintura, uma notícia, uma opinião, uma sugestão, um entusiasmo...

Hoje resolvi pintar o meu blogue: Cor em movimento

Está aqui. Para todos vós que me lêem!


E em homenagem ao meu irmão que incentivou esta iniciativa, fica aqui um poema dele:

Que fazer
com a réstia de luar
que se acolhe no mar
no regaço da noite?

Transportá-la
nas mãos em concha?
Conservá-la
numa redoma?

Ou deixá-la
simplesmente
a cintilar
com o desejo ardente
de ser eu
o mar?



Mário Cordeiro

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

2 anos já !

Faz amanhã dois anos que iniciei este blogue.

Daí ter decidido mudar-lhe o visual...já estava m pouco cansada da mesma pintura e, embora goste dela, também aprecio outras que em tempos fiz.
Esta foi das primeiras que pintei pelo processo da mistura de tintas líquidas. Pintei-a numa noite, sozinha em casa. Está no meu quarto e quando entro vejo-a logo, pois ocupa grande parte da parede. Tem movimento e tem cor, muita cor e luz.

Espero que este blogue também irradie alguma luz e não se torne demasiado subjectivo e intimista. Sei que há quem considere os blogues todos um mero exercício de narcisismo e introspecção que não interessam a ninguém....:).

Continuarei enquanto gostar de escrever e fotografar o que me rodeia. Os leitores julgarão por si se vale a pena ler ou não.

Fica aqui um texto conhecido de Fernando Pessoa sobre o mistério da ARTE.

O Objectivo da Arte não é Ser Compreensível Toda a arte é expressão de qualquer fenómeno psíquico. A arte, portanto, consiste na adequação, tão exacta quanto caiba na competência artística do fautor, da expressão à cousa que quer exprimir. De onde se deduz que todos os estilos são admissíveis, e que não há estilo simples nem complexo, nem estilo estranho nem vulgar.
Há ideias vulgares e ideias elevadas, há sensações simples e sensações complexas; e há criaturas que só têm ideias vulgares, e criaturas que muitas vezes têm ideias elevadas. Conforme a ideia, o estilo, a expressão. Não há para a arte critério exterior. O fim da arte não é ser compreensível, porque a arte não é a propaganda política ou imoral.


Fernando Pessoa, in 'Sobre «Orpheu», Sensacionismo e Paùlismo'

Farukh Ruzimatov

Hoje voltei ao Mezzo.

Neste momento estão a transmitir Fado, género que não é dos meus favoritos, mas que gosto de ouvir, por vezes, quando se adequa ao meu mood, o sentir no momento.É um concerto no estrangeiro e a audiência está a gostar, ainda que os aplausos não sejam entusiásticos...canção em tom menor...para pessoas tristes...

Antes deste programa vi outro excepcional: um filme sobre a Companhia de Bailado Mikhailovsky e o seu Director Artístico Farukh Ruzimatov, um bailarino que me pareceu completamente acima de tudo o que tenho visto ultimamente. Um espírito a dançar...música de Mahler, Bizet,Purcell, etc., com entrevistas pelo meio, sempre interessantes, sobreposições de imagens de bailado e orquestra, com efeitos mágicos. Espectacular...ultimamente tenho vindo a apreciar a dança cada vez mais, desde que vi o filme Pina, que me despertou para essa arte.

Encontrei alguma informação sobre o bailarino russo Ruzimatov em Inglês:

Born in Tashkent on June 26, 1963, he graduated from the Vaganova Academy of Russian Ballet (Gennady Selyutsky’s class). In 1981, Ruzimatov joined the Mariinsky (Kirov) Theatre (in 1986 became a soloist). In 1990-1991, Ruzimatov performed as Principal Guest Artist with American Ballet Theatre. His professional awards include the Russia’s highest theatre award Golden Mask and the St Petersburg’s highest theatre award Golden Soffit, in 2000 he was awarded the title of the Honoured Artist of the Russian Federation.

In 2007-2009, Farukh Ruzimatov was of Artistic Director of the Mikhailovsky Ballet Company. Under his directorship there premiered seven new ballet productions: Giselle, Cipollino, Spartacus, Romeo and Juliet, The Moor’s Pavane, Le Corsiare, and Swan Lake. At his invitation some of Europe’s leading ballet teachers have taught master classes at the Mikhailovsky Theatre. In 2009, he took the post of the Artistic Advisor to the Mikhailovsky Ballet.


Um corpo elástico, coreografias sensuais, beleza artística,ritmo tudo se encontra aqui.

Nostalgia



.Já chegámos..mas ainda estou lá...abro a janela do meu quarto e só consigo ver azul infinito, ouvir vozes de crianças, pássaros cantadeiros...nada mais. O mar ficou, assim como as rochas amareladas, onde já pousámos os pés com ou sem sandálias, centenas de vezes. Ficaram as pocinhas cheias de mistério, onde se escondem milhares de seres , ondulam milhares de algas fininhas e multicolores, se cravam mexilhões e lapas empedernidas, como a que defender o seu território. Ficou o horizonte sem fim, que é o que mais falta me faz aqui, onde as árvores altas me escondem o céu e o mar.

Estou triste...o meu neto voltou a casa, um longo abraço uniu a Mãe ao filho mais velho, que já há 15 dias privava comigo todos os dias, brincava, ria, nadava, comia, andava, pintava, ouvia, perguntava ( sem fim) mil e umas coisas sobre a nossa casa e tudo o que o rodeava. Lia o seu Harry Potter e quase o acabou...

Só me disse : adorei, quando lhe perguntei se tinha gostado. Eu também. Adorei estar com ele e com o irmão por uns dias, adorei mostrar-lhes aquilo de que gosto, aquilo que sou, afinal, revelar-lhes um pouco mais do que os antecedeu, donde vêm e o que devem estimar e preservar.

A Praia da Luz é um local banal...se a olharmos como mais uma praia em Portugal. Mas tem um cunho muito especial independentemente de ser nossa a casa há precisamente 45 anos - faz no dia 6 de Agosto que atravessámos a ponte Salazar pela primeira vez e fomos pela estrada velha em direcção a Lagos.
É uma praia internacional, onde se tem a sensação de estar no estrangeiro...de tal modo é a presença de famílias inteiras que para lá vão, aí passam férias relaxadas, encontram-se, jogam à bola, passeiam na praia, enchem cafés e restaurantes. Também é o local escolhido por muitos para terminar as suas vidas, já que, aposentados, nada os prende à sua terra natal e o clima ºe excelente para velhos. Muitos eventos da vila estão relacionados com as vivencias destes britânicos, que até editam um jornal.

Não há quase portugueses em Julho. Este mês virão muitos mais, sobretudo para o Parque de Campismo Valverde que fica a 3km da praia se é que ainda existe, nem reparei. Desta vez fiquei-me mesmo pelo lado ocidental da vila e não saí, a não ser ontem.


Só para o ano voltarei....embora a casa no inverno tb seja agradável, com a lareira acesa...acredito que o espírito dos meus Pais paira por lá, vejo-os constantemente a sorrir.

domingo, 31 de julho de 2011

Manhã de despedida....

Manhã, tão bonita manhã...é assim que começa uma das canções mais tristes que conheço: Manhã de Carnaval.

Antes de ir à praia, fui tirar umas fotos à casa do meu amigo Paulo, as palmeiras dele estão viçosas, bem mais bonitas do que a nossa, que morreu definitivamente. Já lhas mandei para o sossegar.

Hoje o meu neto acordou com vontade de experimentar uma coisa, que lhe disse ser tradicional aqui. Todos os anos como um pequeno almoço à inglesa no bar Lazuli, geralmente no dia em que parto. Lá fomos, eu e ele todo contente com a ideia de ser inglesinho por uns minutos. Não gostou do feijão a saber a tomate e depois achou que o bacon sabia ao feijão....de modo que só comeu os ovos e as torradas e pouco mais. Eu comi o resto, pois já sabia o que a casa gastava....:)))

Viémos a conversar sobre a vida na praia da Luz nos meus tempos, mostrei-lhe a "piscina", local junto às rochas donde se davam saltos mirabolantes para o mar, numa espécie de baiazinha sem rochas. Na fortaleza, um par de velhinhos contemplava o mar, mas depois de ver o meu neto a gritar para a tia que estava na prainha, afastou-se...

A prainha estava linda como sempre, água transparente, e convidativa, apetece mesmo ir despedir-me, mas estou a fazer a digestão do que comi ao pequeno almoço:))). Não perde pela demora. Já ontem arrumei tudo, hoje é só gozar os últimos momentos de lazer antes de partir de boleia para Faro e daí para o Porto em 50m. Bendita Ryanair!