Hoje fui visitar o SEALIFE no Porto, local que já há muito queria ver. A minha filha faz hoje anos, de modo que juntámos o útil ao agradável e fomos ver o fundo do mar. Entretanto, depois de passar vários momentos soberbos a admirar algumas espécies verdadeiramente fascinantes, cujos nomes infelizmente não apontei, crendo que os encontraria no catálogo que comprei à entrada, estivémos na varanda da cafetaria a gozar a brisa fresca das praias, que se desdobravam na nossa frente, ondas altas e propícias para o surf. Realmente, este museu não podia estar melhor situado, vemos o mar dum lado e do outro. É como se estivéssemos a ver as duas faces da Lua.
As fotos foram todas tiradas por mim, sem flash, pois é proibido usá-lo. Fiz um pequeno vídeo, que tb podem ver. Penso que dão uma ideia do mundo maravilhoso que é o reino aquático.
Transcrevo, a propósito, um texto que fui buscar a um blogue brasileiro e que é bastante sugestivo sobre o tema. E um poema conhecido que já transcrevi em tempos.
O MAR COMO INSPIRAÇÃO
Você gosta de poesia? Eu gosto. E tenho lido os poetas brasileiros, contemporâneos e antigos, mas admiro, também, a poesia de outras paragens, como a portuguesa, notadamente Fernando Pessoa, sem dúvida um dos maiores poetas da língua portuguesa. Pois foi em Portugal, onde estive há pouco tempo, que descobri uma poeta com uma temática muito interessante, o mar. E essa descoberta se deu por um acaso, em uma visita ao Oceanário, um prédio futurista onde a vida marinha é mostrada ao vivo. Nele, percebi que em algumas áreas havia versos, sempre sobre o mar. Fiquei curioso, mas não havia nenhuma informação sobre quem os havia escrito. No final, já próximo da saída, deparei-me, então, com um poema inteiro, o Fundo do Mar. E acabei, também, descobrindo o nome da poeta, Sophia de Mello Breyner Andersen. Anotei o nome e decidi que iria procurar alguma coisa por ela publicado. Se gosto de poesia, também sou aficcionado por livros. E estando no berço onde o português e parte de nossa cultura nasceu, não poderia deixar de ir a mais do que uma, olhar, ver o que estava sendo publicado, comparando com o que temos aqui. E foi em uma dessas visitas – um descanso para as caminhadas por Lisboa – que acabei descobrindo uma antologia da Sophia. Advinhem sobre o que ela é? Exatamente sobre o mar. E nela, o poema que havia sido reproduzido no Oceanário. Um ótimo poema, no meu entender. E é por isso que o deixo, aqui, para a sua apreciação:
FUNDO DO MAR No fundo do mar há brancos pavores,
Onde as plantas são animais
E os animais são flores
Mundo silencioso que não atinge
A agitação das ondas.
Abrem-se rindo conchas redondas,
Baloiça o cavalo-marinho.
Um polvo avança
No desalinho.
Dos seus mil braços,
Uma flor dança.
Sem ruído vibram os espaços.
Sobre a areia o tempo poisa
Leve como um lenço.
Mas por mais bela que seja cada coisa
Tem um monstro em si suspenso.
Esta e outras poesias sobre o mar estão em Mar, de Sophia de Mello Breyner Andersen. A antologia foi organizada pela filha dela, Maria Andersen de Souza Tavares, está na sétima edição e foi publicada pela Editorial Caminho, de Portugal. Se você gosta de poesia, é uma ótima leitura. Recomendo.