segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Mensagem do mar



Hoje fui visitar o SEALIFE no Porto, local que já há muito queria ver. A minha filha faz hoje anos, de modo que juntámos o útil ao agradável e fomos ver o fundo do mar.
Entretanto, depois de passar vários momentos soberbos a admirar algumas espécies verdadeiramente fascinantes, cujos nomes infelizmente não apontei, crendo que os encontraria no catálogo que comprei à entrada, estivémos na varanda da cafetaria a gozar a brisa fresca das praias, que se desdobravam na nossa frente, ondas altas e propícias para o surf.
Realmente, este museu não podia estar melhor situado, vemos o mar dum lado e do outro. É como se estivéssemos a ver as duas faces da Lua.

As fotos foram todas tiradas por mim, sem flash, pois é proibido usá-lo. Fiz um pequeno vídeo, que tb podem ver. Penso que dão uma ideia do mundo maravilhoso que é o reino aquático.

Transcrevo, a propósito, um texto que fui buscar a um blogue brasileiro e que é bastante sugestivo sobre o tema. E um poema conhecido que já transcrevi em tempos.

O MAR COMO INSPIRAÇÃO

Você gosta de poesia? Eu gosto. E tenho lido os poetas brasileiros, contemporâneos e antigos, mas admiro, também, a poesia de outras paragens, como a portuguesa, notadamente Fernando Pessoa, sem dúvida um dos maiores poetas da língua portuguesa.
Pois foi em Portugal, onde estive há pouco tempo, que descobri uma poeta com uma temática muito interessante, o mar. E essa descoberta se deu por um acaso, em uma visita ao Oceanário, um prédio futurista onde a vida marinha é mostrada ao vivo. Nele, percebi que em algumas áreas havia versos, sempre sobre o mar. Fiquei curioso, mas não havia nenhuma informação sobre quem os havia escrito. No final, já próximo da saída, deparei-me, então, com um poema inteiro, o Fundo do Mar. E acabei, também, descobrindo o nome da poeta, Sophia de Mello Breyner Andersen. Anotei o nome e decidi que iria procurar alguma coisa por ela publicado.
Se gosto de poesia, também sou aficcionado por livros. E estando no berço onde o português e parte de nossa cultura nasceu, não poderia deixar de ir a mais do que uma, olhar, ver o que estava sendo publicado, comparando com o que temos aqui. E foi em uma dessas visitas – um descanso para as caminhadas por Lisboa – que acabei descobrindo uma antologia da Sophia. Advinhem sobre o que ela é? Exatamente sobre o mar. E nela, o poema que havia sido reproduzido no Oceanário. Um ótimo poema, no meu entender. E é por isso que o deixo, aqui, para a sua apreciação:


FUNDO DO MAR

No fundo do mar há brancos pavores,

Onde as plantas são animais

E os animais são flores

Mundo silencioso que não atinge

A agitação das ondas.

Abrem-se rindo conchas redondas,

Baloiça o cavalo-marinho.

Um polvo avança

No desalinho.

Dos seus mil braços,

Uma flor dança.

Sem ruído vibram os espaços.

Sobre a areia o tempo poisa

Leve como um lenço.

Mas por mais bela que seja cada coisa

Tem um monstro em si suspenso.


Esta e outras poesias sobre o mar estão em Mar, de Sophia de Mello Breyner Andersen. A antologia foi organizada pela filha dela, Maria Andersen de Souza Tavares, está na sétima edição e foi publicada pela Editorial Caminho, de Portugal. Se você gosta de poesia, é uma ótima leitura. Recomendo.