quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Richard Galliano - o acordeon mágico




O meu ex-marido tinha um acordeão. Não tocava, tinha aprendido em criança, mas repudiou o instrumento mal o obrigaram a ter lições com professor. O belo acordeão Hohner que a minha sogra pagara por bom preço esteve sempre em nossa casa, encostado a uma parede, dentro duma mala tipo cofre forte de metal, muito feio. Por fora ninguém suspeitaria que lá dentro se encontrava uma bela peça, quase de museu... até que um dia o meu filho mais velho que é incapaz de ver um instrumento sem tentar fazer música com ele, resolveu abrir a caixa de Pandora. O meu ex- ficou um pouco petrificado como se o filho estivesse a cometer um sacrilégio, tirando uma relíquia do seu santuário e pior, atrevendo-se a tocar nas teclas sagradas.
O meu filho habituado a tocar piano e flauta no conservatório, nunca tivera a chance de tocar tal instrumento. Sentou-se e começou a tocar. Lembro-me que foi uma sensação estranha, o acordeão lembrava-me Paris, as chansonettes, os meus vinte anos, o tempo de namoro em que a música francesa estava no auge, havia os Charles Aznavours, os Gilbert Bécauds, os Adamos.....Paris tinha sido o local onde nos tínhamos conhecido numa viagem de universitários. O meu filho tinha despoletado em nós os dois recordações, que ele coitado ignorava. Daí até às valsas alemãs foi um pulinho. Por fim todos as festas de anos metiam acordeão e um Parabens a Você improvisado.

Lembrei-me deste episódio porque estou há cerca de uma hora a ouvir um concerto fenomenal - é o termo - no MEZZO. O solista é o acordeonista Richard Galliano, que desde Bach até Piazzola, jazz, modinhas brasileiras, tudo ele toca com a sua banda de violino, violoncelo e contrabaixo. Um verdadeiro hino à música, com magia, salero , ritmo e paixão.

Vai aqui uma pequena nota sobre este músico francês: RICHARD GALLIANO

Musicien compositeur

Né le 12 décembre 1950 à Cannes (France).


Alors que l'accordéon semblait n'avoir jamais vraiment connu de soliste majeur et que, par les connotations qui l'entourent, il paraissait irrémédiablement éloigné du swing, Richard Galliano est parvenu, avec une détermination sans pareille, à imposer l'idée que son instrument était digne de figurer aux côtés des saxophones et trompettes qui sont au coeur de la musique de jazz. Inspiré par son admiration pour son ami Astor Piazzolla, inventeur du « Tango Nuevo », l'accordéoniste a réussi, en outre, avec son « new musette », à revitaliser une tradition bien française qui semblait ne jamais devoir connaître de renouveau.
D'une rare polyvalence, Richard Galliano possède ainsi les moyens de s'exprimer avec musicalité dans n'importe quel contexte, du solo (tel le « Paris Concert » au Châtelet, paru en 2009) jusqu'au big band (avec le Brussels Jazz Orchestra en 2008). Désormais reconnu comme un soliste exceptionnel, il continue d'explorer un large éventail de musiques, sans se défaire de ce lyrisme qui irrigue son jeu lorsqu'il enregistre les ballades de « Love Day » avec Gonzalo Rubalcaba, Charlie Haden et Mino Cinelu, ni se départir de cette « French Touch » qui lui permet d'établir avec le trompettiste Wynton Marsalis le trait d'union qui relie Billie Holiday et Edith Piaf.


Um vídeo delicioso: