quinta-feira, 1 de setembro de 2011

À espera do pior

As perspectivas financeiras nos próximos anos são catastróficas, sobretudo para a função pública. Sei, por experiência, que depois do 25/4, se conseguiram muitos benefícios, alguns deles mais do que justos, outras que não se justificavam, sobretudo porque não havia qualquer avaliação do trabalho dos trabalhadores e sabemos que muitos trabalhavam pouco, mal e sem eficiência de espécie nenhuma.
Bastava ir aos serviços, quaiquer que fossem, para verificar a ignorância e a ineficácia total. Ainda me lembro de estar em filas durante tres horas para pagar o imposto profissional numa escada que era um buraco em Cedofeita....e ainda há pouco tempo, verifiquei quase o mesmo na Loja do Cidadão. Gostaria que os funcionários fossem bem pagos e eficientes, mas cá há muitos trabalhadores que são maus e nunca vão para rua, como devia ser.
O mesmo acontecia na secretaria da minha escola, quando lá trabalhava, quase nunca estavam as funcionárias todas a trabalhar, havia os cafezinhos e os pequenos almoços a toda a hora, as baixas constantes, faltas, saídas mais cedo, etc. O mesmo acontecia com professores, que tinham horários zero, ou reduzidos e podiam acumular outras funçoes noutras escolas, dar explicações, sempre a pretexto de terem ordenados baixos. Muitos de nós pedimos reformas antecipadas com receio do que estava para vir e ainda porque não aguentámos o regime imposto por MLR, com exigências de horário muito mais apertado do que os anteriores.

Assusta-me muito esta redução drástica nos nossos proventos - a que chamam solidariedade - será justo que todos fiquem pobres porque uns enriqueceram ilicitamente ou adquiriram bens por empréstimos? Sempre consegui viver bem porque trabalhei trinta anos nos manuais escolares, trabalho que fazia com gosto e bastante exito, tendo conseguido fazer parte de equipas excelentes. A editora também ajudou com a sua eficiência e nome.

Nunca fiz vida de luxos, não frequento clubes, nem discotecas, não tenho carro, ando de transportes publicos ou a pé, não gasto em artigos de beleza, a não ser no essencial, nem em roupas ou joias caras. A minha loucura dantes eram os elecrodomesticos, as tecnologias, etc., mas mesmo isso já  faz parte do passado. Gasto bastante em restaurantes, onde vou regularmente com os meus filhos....mas nunca exorbitamos e eles estão habituados a moderar-se. 

Porquê esta inquietação? É mais por eles, pelo futuro dos que começam agora, pela minha filha, que ainda não encontrou um lugar certo, pelos meus netos que vão ter de sair muito provavelmente, como os meus sairam...é toda esta incerteza que me faz ir para o Botânico e não levar música, andar dum lado para o outro, a pensar....

Ontem estava um dia cinzento, mas mesmo assim consegui tirar algumas fotos bonitas...