Era uma tarde religiosa. Muito mais importante do que a 6ª ou o sábado. Nela se celebrava a Ultima Ceia e a Paixão de Cristo. Assisti a muitas celebrações na igreja dos Jerónimos, a minha paróquia, cantei no coro lá em cima e cá em baixo, ouvia ler as Escrituras, emocionava-me com as palavras de Jesus e sobretudo com o seu sofrimento. Vibrava com a liturgia como se eu própria vivesse nesse tempo. Fui sempre sensível à doutrina de Jesus e na faculdade segui a cadeira de História do Cristianismo, apaixonante e muito bem dirigida pelo P. Honorato Rosa, uma pessoa que me marcou e que infelizmente, faleceu ainda eu andava na faculdade. Ao ver os Manuscritos do Mar Morto em Jerusalém, lembrei-me do entusiasmo com que ele falava de tudo isso e como nos empolgava a nós também. Fiquei a conhecer muito melhor as raízes do Cristianismo e o background em que tudo se desenrolou.
Paradoxalmente estar em Jerusalem, no Jardim das oliveiras, em Nazaré, na Galileia, onde tomei banho de mar, no Mar Morto, ver o deserto e os Montes Golan não me entusiasmou tanto como esperava.
Gostei mais de Petra na Jordânia, que nada tem a ver com os cristãos.
Hoje choca-me um pouco a indiferença das pessoas pela Semana Santa. Parece que só serve para a diversão, férias, e futilidades como as amêndoas e o desgraçado pão de ló. Não sou praticante, mas a tradição é bela.
Fica aqui parte do Requiem de Mozart, uma das mais tristes árias que ele à beira da morte, ditou ao seu escrivão, segundo conta o filme Amadeus.