Pintei um guache na mesa da cozinha. Tem luz, é espaçosa e nem sempre está a ser usada. Além disso, vêem-se árvores por todo o lado. O Jardim Botânico fica mesmo em frente. É como se estivesse a pintar ao ar livre.
Fiz esta obra. Diferente. O guache permite uma leveza inesperada, efeitos tardios e um resultado que , nem sempre, é o que se pretendia. O papel nem sequer é próprio, é para acrílico, mas gosto dele.
Hoje saiu mais bonito do que esperava. Dedico-o a todos os que têm tido a paciência de visitar o meu blogue e que silenciosamente (?) o vão acompanhando. Obrigada.
Vai aqui um poema a propósito:
Espelho
E eis que do tronco
rompem-se os brotos:
um verde mais novo da relva
que o coração acalma:
o tronco parecia já morto,
vergado no barranco.
E tudo me sabe a milagre;
e eu sou aquela água de nuvens
que hoje reflecte nas poças
mais azul seu pedaço de céu,
aquele verde que se racha da casca
e que tampouco ontem à noite existia.
Salvatore Quasimodo