Fui a Lisboa neste fim de semana. Era a festa da família alargada e encontrámo-nos na Messe dos Altos Estudos Militares, onde moram uns dez pavões civilizados, perto da casa das minhas irmãs e da antiga da minha Mãe. Não gosto muito de lá voltar e recordar os vinte anos, que lá vivi, dos 5 aos 25, precisamente. Tenho muito boas e más recordações daquela zona, lembro-me das intermináveis viagens até ao liceu e depois à FLUL. Lisboa, a linda capital - sobretudo à noite - que nos suga grande parte do PIB para as suas fantasias, esquecendo o resto do país, que só respira para trabalhar. Mas que é linda, é.
A família reuniu-se mais uma vez e é espantoso verificar a harmonia que existe entre as 2ª e 3ª gerações, que brincam, riem, falam, sem qualquer espécie de ciumeira, nem disputa de carinhos. Mal se conhecem entre si, mas dão um belo exemplo aos avós e tios, que por vezes, fazem lembrar as personagens do Woody Allen, aparentemente muito amigos, mas com alguns "traumas" da infância ou adolescência em famílias numerosas. Enfim, todas as famílias felizes são iguais, alguém dizia.O almoço não foi grande coisa, na minha opinião de nortenha inveterada, mas o ambiente excelente, ainda que não nos deixassem tocar instrumentos musicais. Também não haveria tempo para isso.
Voltei à Portugália, à noite, com os meus dois filhos, a comer um bife com molho, mas desiludiu-me, é igual ao do Porto, já sem a mágica de outrora. A sala é que continua igual, com plasmas a dar futebol em todos os cantos. Felizmente era o FCP e ganhou por 4-1:)). O hotel Holiday Inn onde dormi no sábado é excelente e tem uma óptima localização, recomendo, se forem a Lx.
Recebi muitas prendas giras e como todas as crianças, ainda aprecio a cerimónia de desembrulhar e ver o que é. Agora os sobrinhos tb dão aos tios, de modo que se recebem uma quantidade de pequenas preciosidades. Gostei, em especial, dum livro de aguarelas de Gunter Grass que o meu irmão mais novo me ofereceu. É lindo e muito inspirador. Recebi muitos livros, o que é bom. Também ofereci objectos feitos por mim, quadrinhos com paisagem de mar e caixinhas de lenços pintadas em acrílico.
À vinda, no comboio, senti uma paz imensa, estava uma tarde lindissima, com as cheias a brilhar ao sol, o país parecia um enorme lago iluminado. Vim em duas horas e meia a pensar como é bom regressar a casa depois duma experiência curta na capital. A cidade continua bonita, os bairros chiques, a luz especial, mas tudo me parece tão distante , como se tivesse sido noutra encarnação que lá estive e vivi uma outra vida completamente diferente daquela que hoje tenho. É bom manter raízes, mas ainda melhor, sermos independentes e escolhermos por nós aquilo que queremos.