sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

O silêncio

Há quem esteja preocupado com a minha situação de solitária empedernida, insistindo em que devo sair mais, conviver, dar-me com pessoas, ser mais social, ir a eventos, a vernissages, a exposições, a conferencias, juntar-me a grupos Zen, Pilates, Ioga, eu sei lá...há quem não compreenda que não somos todos iguais e que há momentos em que nos sabe bem o silêncio.

Hoje senti-o bem debaixo de água na piscina. Percorri a piscina dum lado ao outro por baixo. Não se ouve mesmo nada,a não ser o motor a bombar a água quente, os ruídos de fora desaparecem...uma calma fantástica invade-nos, uma sensação de libertação da poluição sonora que nos rodeia e asfixia tantas vezes. Se as pessoas só falassem quando é mesmo útil dizer alguma coisa...mas não: debitam-se opiniões, discutem-se banalidades, diz-se mal, critica-se sem se saber, 50% do diálogo poderia ser omitido sem prejuizo para ninguém....e há pessoas que não permitem nem admitem o silêncio.

Resolvi inscrever-me de novo no ginásio do Ipanema Park,

David Hockney - Water

um local quase privativo para quem vai de tarde, à hora a que vou. Não havia vivalma nem no ginásio, nem na piscina, nem na sauna....sendo perto da minha casa, é o local ideal para fazer exercício. experimentei a passadeira, onde andei durante 15 minutos e a bicicleta, que consegui pedalar durante outros 15m. Findos estes fui para a piscina onde fiz hidro-ginastica sozinha, durante meia hora e nadei outro tanto. Um bálsamo para o corpo, acredito na terapia da água, é melhor maneira de afastar as artroses e reumatismos que nos afligem. Senti-me outra.

Passei o resto da tarde com os meus netos em casa deles e jantei lá, contei-lhes a história antes de adormecerem e ainda deu para ouvir o meu filho tocar piano. A minha vida realmente pode apelidar-se de paradisíaca. Não preciso de muito mais para ser feliz. E só quero este silêncio!