quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

Cisnes em movimento


Já aqui há tempos escrevi um post sobre o Lago dos Cisnes de Tchaikowsky e a influência que a sua música exerceu em mim quando criança. Vi várias vezes partes do bailado, em especial o Acto II, que é o mais lírico e romântico, aquele em que o Principe dança o Pas de Deux com a bela princesa Odete transformada em cisne por maldição dum feiticeiro.
Hoje fui ver " Cisne Negro" sozinha, como gosto, no Norte shopping, onde me fazem desconto do cartão ZON. Estavam umas dez pessoas na sala e do princípio ao fim, sentia-se o peso do silêncio , do suspense, do espanto e talvez algum horror. O filme é tudo menos aquilo que a música do compositor russo nos faria crer, é uma mistura de thriller e romance com uma enorme carga ou tensão psicológica e física. Natalie Portman desempenha um papel difícil - candidato a òscar de Melhor Actriz - e consegue passar duma beleza pura e ingénua à fealdade de alguém que se quer libertar dessa pureza para melhor poder interpretar o mal incarnado em Odile, a sensual irmã gémea de Odete e seduzir o Principe.

Há alturas em que sentimos na pele um certo mal estar, pois alucinação e realidade misturam-se no filme, deixando-nos numa penumbra inquietante e incerta. Sabemos que este não é filme americano, com happy end. Prevemos um fim trágico, como no bailado...mas não sabemos o que vai acontecer desde a primeira à última cena.

Há muito que não via um filme assim. Tem a intensidade que falta ao de Clint Eastwood, que fui ver há tempos. Tem o defeito talvez de se concentrar demasiado numa só personagem, mas como ela sofre evoluções constantes, não há monotonia nem pausas.

Vale a pena ver!