quarta-feira, 29 de junho de 2011

Morangos amargos


Quando dava aulas - já há uns sete anos ou ainda antes - comecei a ver a série juvenil para acompanhar os interesses dos meus alunos, que eram fãs incondicionais deste programa. Os primeiros eram engraçados e havia na novela alguns jovens prometedores, quer como actores, quer como pessoas.
As histórias continham uma certa ética ou moral nos comportamentos expressos, os professores eram credíveis, embora a escola fosse muito virtual e diferente da maioria das escolas que eu conhecia. Os jovens eram muito activos e indisciplinados, um pouco como na série Fame que foi um sucesso mundial e levou muitos jovens a querer seguir ou praticar as artes, a dança, a música, o teatro, etc. Deve ter sido uma das séries que mais artistas potenciais criou nos países onde a série passou.
Os meus filhos adoravam ver aquelas personagens do Fame, a música era entusiasmante, as pessoas eram palpáveis e existiam a sério. Lembro-me da morte dum dos actores mais brilhante, de seu nome Leroy, alegadamente com Sida. Fiquei triste na altura.
O mesmo aconteceu com Morangos com Açucar, muitos dos actores de telenovelas hoje começaram os seus passos nessas histórias fantasistas, retrato pouco fiel da sociedade de hoje, mundo retocado de modo a agradar cada vez mais aos adolescentes cada vez mais novos.
Há já uns cinco anos que não vejo essa série, deixou de me interessar e parece-me muito fútil, inverosímil e até pouco educativa.
A morte de Angélico Vieira, porém, não me deixou indiferente. Penso que era melhor actor do que cantor, o que oiço dele não me entusiasma, nem sequer acho que tivesse grande voz. Era porém um jovem de 28 anos, bonito e sorridente, com a vida toda pela frente. Todos os acidentes são estúpidos. Este foi mais um. Será lembrado como Kurt Cobain, Carlos Paião, Jimmy Hendrix, Janis Joplin, James Dean....apenas porque morreu na flor da idade.
O que não lembra ao diabo.