
Aprendi a gostar dos sopros com o meu filho e nora que tiraram o curso de flauta transversal no conservatório do Porto até ao fim, a par dos seus cursos de engenharia. O meu filho sempre tocou piano simultaneamente, mas dedicou-se mais à flauta em dada altura, pois podia transportá-la para qualquer lado e tocar sempre que lhe apetecesse com amigos ou colegas do conservatório.

Quando pego numa flauta não consigo produzir nenhum som, só sai ar, de modo que acho espantoso como é que se consegue só com a respiração fazer vibrar aquele tubo de prata ou de ouro, manipulando apenas com os dedos a entrada de mais ou menos ar. Parece um autêntico milagre. Inacessível para muitos.
Em tempos fui a um concerto no Rivoli em que o ensemble barroco consistia apenas de violinos e violoncelos. Confesso que foi uma desilusão, o som naquela sala perdia-se, faltava qualquer coisa, o canto dos sopros, a melodia, a voz.

Hoje resolvi homenagear aqui a flauta, que tantos momentos de prazer me tem dado, sobretudo quando os meus filhos tocam em conjunto, nas minhas exposições, em pequenos concertos ou em casa. Até no dia do seu casamento o fizeram para grande surpresa dos convidados.
Fica aqui uma das peças mais bonitas que eles tocam...e me dedicam muitas vezes: O Canto de Orfeu de Gluck.