terça-feira, 8 de março de 2011

O PIANO

A palavra piano, derivada de pianoforte em italiano, tem um som adocicado, que soa bem e é igual em todas as línguas - excepto na alemã, que como sempre tinha de nos contradizer, chamando-lhe Klavier -
Também assume significados diferentes, podendo referir-se ao modo de tocar, mais suave ( pianissimo- muito suave).
Mas o que é um piano?

O som é produzido quando os batentes, cobertos por um material (geralmente feltro) macio e designados martelos, e sendo ativados através de um teclado, tocam nas cordas esticadas e presas numa estrutura rígida de madeira ou metal. As cordas vibram e produzem o som. Pintura de Claudia Barbican
Praticamente todos os pianos modernos têm 88 teclas. As teclas das notas naturais (dó, ré, mi, fá, sol, lá e si) são brancas, e as teclas dos acidentes (dó #, ré #, fá #, sol # e lá # na ordem dos sustenidos e as correspondentes ré b, mi b, sol b, lá b e si b na ordem dos bemóis) são da cor preta. Todas são feitas em madeira, sendo as pretas revestidas geralmente por ébano e as brancas de marfim ou material plástico.
É de referir que um piano normalmente fica ligeiramente desafinado quando é transportado ou quando é sujeito a fortes correntes de ar.

- Wikipedia

Comecei a tocar piano aos seis anos, creio eu, assim como os meus irmãos todos. Não sei como é que os meus pais conseguiam pagar as lições - 50 escudos cada na altura - pois era uma fortuna, mas todos nós nos sentámos no banco em frente às teclas, com maior ou menor apetência para as fazer vibrar. A nossa professora, a quem chamávamos Fernandoca na intimidade era uma senhora reboluda com caracois ruivos, que se gabava de conhecer meio mundo - ela e o meu Pai conheciam o mundo inteiro! - e nos contava histórias do meio musical, as competições e a dificuldade de vencer e ser pianista. Nada disso me interessava muito, devo dizer, pois não tencionava ser uma intérprete famosa e nem sequer fiz os exames do 3º ano no Conservatório, como duas das minhas irmãs, mais dotadas, segundo se dizia na família.
Lembro-me que as "minhas" peças mais famosas eram A Marcha da Aida, que o meu Avô dirigia, por vezes, assinalando os fortíssimos que eu atacava com toda a garra e a Dança Húngara nº5 de Brahms, muito mais melodiosa e com um ritmo infernal, que me apetecia mais dançar do que tocar. Para alem disso tocávamos os Czerny, os Bach e os Schmoll, como todos os meninos que começam. Deixei de tocar na adolescência porque já não era obrigada a isso, estava numa fase rebelde e achava que escrever histórias, ler ou fazer tricot tinham muito mais interesse do que passar horas a toquipar, que era o que eu fazia. Mais tarde fiquei com pena e ainda recomecei sozinha a tocar Clayderman quando comprámos um piano digital para o meu filho. Esse toca bem, mesmo improvisado, e acompanha o meu neto no violino sempre que vou lá a casa. O seu talento para a música é algo que não herdou nem de mim, nem do Pai, faz parte dele e sempre foi uma das suas paixões.

Um dos filmes que mais me impressionou na vida e que vi aqui na saudosa Casa das Artes duas vezes na mesma semana tal foi o meu entusiasmo, chama-se O Piano. Não vou falar aqui do filme, mas da música de Michael Nyman, que é transcendente, uma das criações para cinema mais belas que conheço. As imagens do filme assentam como uma luva na música - ou vice-versa - o filme é a música, a alma, a viagem, a tortura, a paixão de dois seres que se revêem naquelas teclas.

Aqui fica o vídeo para recordar. Ainda agora esta melodia me faz arrepios.