quinta-feira, 24 de março de 2011

Tempo de crise


Há quanto tempo andamos nós em crise?
Dantes a minha Avó, quando uma das netas se mostrava especialmente irritável ou tinha comportamentos menos recomendáveis, - desculpava-a dizendo. Coitadinha da .., está a atravessar uma crise. Todas nós, éramos seis, tivémos periodos desses nas nossas vidas e por vezes, é difícil perceber o que se passa, encontrar soluções, abrir caminhos e confiar nos outros que nos podem ajudar. Passei por várias crises em adolescente, e depois na minha vida de casada, parece que saltitava de crise em crise. Aguento mal a discussão, a intimidação, o clima que se gera, fico nervosa, não durmo, a tensão sobe-me logo.

Hoje fui ao ginásio e senti que ai encontrava a paz tão necessária nestes momentos. Não havia ninguém , lá fiz a minha bicicleta, 30 minutos a pedalar e a ouvir música, imaginando-me numa longa estrada à beira mar. Fecho sempre os olhos, deixo-me impregnar pela música e parece que os membros inferiores não fazem parte de mim, giram, giram, automaticamente sem parar. O mesmo acontece quando estou a andar na passadeira. Meia hora a 4km /h, o que não é muito , mas chega para queimar 100 calorias ou mais. As vezes o suor cai-me por todos os poros e fico com a T-shirt encharcada, mas parece que vejo a minha silhueta a adelgaçar-se no espelho que rodeia o ginásio.Também tenho feito remo, que era um dos meus desportos favoritos quando era jovem. Tínhamos uma barco grande de borracha Pirelli, com dois remos e eu adorava remar e afastar-me um pouco da costa , sentir aquela brisa marítima e ver o fundo do mar, mesmo já ao longe. Foram férias felizes, as dos meus vinte anos, numa praia que era praticamente nossa, pois ficava em frente das nossas casas e ainda não tinha sido descoberta pelos turistas.

Tudo isto para dizer que sempre procurei evadir-me das crises, mas elas aí estão, e já não consigo ouvir os media, na sua melopeia repetitiva: FMI, PEC, medidas de austeridade, defice, sacrifícios, povo, pais....para onde foi a esperança?

Gostava de viver naqueles países onde a democracia é vivida com civismo e os politicos são controlados pelo povo e pelos valores com que todos são educados. Não acredito muito na nossa, nem nos nossos políticos, não por falta de competência, mas porque os seus objectivos estão longe de favorecer o país e são cada vez mais em proveito próprio.

Vamos a ver o que vai acontecer agora que o governo caiu....por enquanto, tento emagrecer eu, já que os gastos públicos, pelos vistos, não emagrecem e Portugal está à beira do abismo...