sábado, 23 de abril de 2011

23de Abril - DIA INTERNACIONAL DO LIVRO E DOS DIREITOS DE AUTOR



Não sabia que se festejava hoje este dia, que, na minha opinião, deveria ser comemorado em todo o mundo com eventos, festas, feiras e homenagens ao mais precioso objecto que alguma vez foi inventado.

Não exagero, não!

Sem livros, o que seria de nós?
E se não soubéssemos ler?
E se ninguém soubesse escrever?
E se não houvesse editoras que publicassem livros?
E se não existissem bibliotecas, onde as pessoas podem ler sem pagar nada, trazer livros para casa e devolvê-los mais tarde?
E se as crianças não tivessem nenhum livro em casa?
E se nas nossas salas não houvesse estantes, nem lugares onde os livros assumem o lugar preponderante?
E se abolissem os livros e implantassem a obrigatoriedade das tecnologias para o ensino?
E se desaparecessem os manuais escolares?
E se....


Escolhi propositadamente um quadro da minha amiga Teresa Vieira, que está na minha sala, para celebrar este dia.
Os livros sempre fizeram parte da minha vida, desde que me deram o primeiro - devia ter uns dois anos, lembro-me que era de pano e ficava molhado, quando chovia. Ontem estive a ler ao serão um dos livros que mais me apaixonou na minha juventude: Jane Eyre. Fui ver a nova versão 2011 com a minha filha, ontem, e como sempre acontece com estes filmes extraídos de livros ingleses, fiquei extasiada com a atmosfera, a solidão, a natureza e os sentimentos em uníssono, a sobriedade das personagens, os silêncios que falam, a pintura da época. Nos romances, tudo é descrito com enorme pormenor..mas nos filmes essas palavras são substituídas pela música - o soundtrack é do maravilhoso Dario Marinelli - e pelos cenários tão verosímeis que até estranhamos quando saímos da sala no fim do filme e damos de cara com as pipocas, as famílias dos shoppings, as lojas berrantes, as escadas rolantes, as luzes e o barulho.

Há livros que nos marcam e eu poderia aqui citar mais de dez que nunca mais esquecerei. Também há livros que se lêem e depressa desaparecem da nossa memória. Fiz uma tese de licenciatura que focava a construção do romance e se centrava no autor Graham Greene. Tem 400 páginas e para a escrever li treze romances do autor e não sei quantos livros de referencia. Estive em Londres a pesquisar durante mês e meio, passando os dias na biblioteca da Universidade a copiar á mão passagens de livros e revistas ....não, não havia fotocópias em 1970! - e depois escondida num quarto que dava para o jardim da minha casa, onde tinha algum sossego e podia mergulhar no mundo greeninano. Sei de cor algumas partes desses romances, foi uma experiência inesquecível, ainda que não servisse para nada em termos de carreira, pois a tese foi abolida a seguir ao 25 de Abril e todos os licenciandos passaram a licenciados automaticamente.

Neste momento leio tres livros ao mesmo tempo. Gosto de variar e já não me contento com ler livros de fio a pavio. Nem consigo concentrar-me como dantes. Já oiço mais musica do que leio, fruto do tempo. Mas não há nada como passar uma tarde esquecida, no sofá, a ler um bom livro. Ainda bem que ainda há quem escreva...

E aqui fica o trailer do filme que aqui citei...para os romanticos como eu, que já viram n versões do mesmo, mas nunca se cansam dos clássicos.