segunda-feira, 16 de maio de 2011

PINA - Maravilha em 3D



Fui ver "Pina" , o filme de Wim Wenders sobre o trabalho de Pina Bausch, coreógrafa alemã, que faleceu em 2009.
Tinha algumas reticências, pois não gosto muito de ver bailado no cinema ou na TV, já tinha ouvido dizer mal de alguns espectáculos que a coreógrafa realizou cá em Portugal, sentia algum receio de que o filme fosse um mero documentário pra-frentex, sem substância, esotérico ou para mentes intelectualoides.

Nada disso. Adorei. E pela primeira vez dei o devido valor as 3D. Não há dúvida que sem elas, este filme perderia 50% do impacto.

Ao ver este filme, diria que no princípio era a música. e o corpo...não o verbo. No dizer de Wenders, Pina não gostava de palavras e falava muito pouco com os seus alunos, pelo meio surgem frases que ela proferiu em dada altura a cada um dos bailarinos ou bailarinas durante anos. Mas, segundo eles, Pina exprimia-se pelo olhar, os seus olhos pareciam dizer tudo.

Transcrevo aqui as próprias palavras do realizador acerca da arte transmitida pela coreógrafa e sobre o significado do movimento:

MOVEMENT

Until now movement as such has never touched me.
I always regarded it as a given.
One just moves. Everything moves.
Only through Pina's Tanztheater have I learned to value
movements, gestures, attitudes, behaviour, body language,
and through her work learned to respect them.
And anew every time when, over the years I saw Pina's pieces, many times and again,
did I relearn, often like being struck by thunder,
that the simplest and most obvious is the most moving at all:
What treasure lies within our bodies, to be able to express itself without words,
and how many stories can be told without saying a single sentence.


Ao contemplar cenas coreografadas, no filme, senti uma leveza, uma sensação de liberdade total, a imagem do corpo como algo táctil, maleável , completamente desprovido de peso, capaz de se mover em todos os sentidos, gesticular, abraçar, empurrar, aguentar, suster, atirar, chapinhar e tudo o mais que com ele se queira fazer. Esta arte é um hino ao corpo, embora os bailarinos não sejam especialmente bonitos, nem escolhidos pela sua beleza física, talvez mais pela sua expressividade.

Mas para mim, ainda o melhor de tudo, é o soundtrack do filme. A música é absolutamente divinal do princípio ao fim, variando de estilos e terminando com uma balada de Coimbra, pela voz de Adriano Correia de Oliveira, que me fez estremecer de emoção.

Fica aqui o trailer: