Oiço um programa em que se fala de velhice, do apoio aos idosos ( palavra que detesto), de call centers para onde eles possam ligar em caso de necessidade, visitas domiciliárias para os que estão sós e outra medidas de cuidados paliativos organizados pela paróquia de Arroios em Lisboa.É sempre louvável ver que há quem se preocupe com isso.
Terá sido coincidência, ainda hoje estava na cama, no rescaldo da minha curta doença em que cheguei aos 39,7 de febre, coisa que não me acontecia há anos, e pensei em escrever algo sobre a velhice, vindo-me à memória a minha casa de família, onde a velhice dos meus avós era algo respeitável, doce e indispensável para que todos nos sentíssemos bem. Nós adorávamos os nossos Avós. E não falo só de mim.
O meu Avô faleceu em 1963 e a minha Avó em 1992. Ela sobreviveu-lhe trinta anos, pois ele era 17 anos mais velho.
Eram um par fantástico, ainda que houvesse da parte dela submissão e respeito por um homem que tinha estado na 1ªGG, viajado por todo o mundo, médico da Marinha, antropólogo e Secretário-Geral da Sociedade de Geografia de Lisboa. A sua personalidade era fortíssima e muito especial. A minha Avó era doce e inteligente, a pessoa mais paciente que conheci na minha vida, mesmo nos últimos anos de vida, em que devia sofrer bastante, nunca perdeu o sorriso, o olhar meigo.
A minha Mãe tinha um quadrinho na saleta escrito em francês que começava assim: