domingo, 19 de fevereiro de 2012

Sonhos e leituras

Hoje sonhei com um lugar magnífico e pela primeira vez, desde há muito, eu era feliz no sonho...estava acompanhada, não me lembro de pormenores, mas sentia-me calma e em paz.
Nos sonhos é raro sentir-me assim, encontro-me sempre em situações difíceis com pessoas da minha família ou da escola, que me exigem algo que não consigo dar. Acordo sempre com alívio por saber que nada daquilo é real e que , estando sozinha, nada me pode acontecer e ninguém me pode exigir nada...Freud teria certamente uma resposta para isto.
Hoje à hora de almoço estive na varanda ao sol...
ouvi música e olhei em volta o arvoredo nu, contra o céu tão azul que até parece de porcelana. Não ouvi o telemóvel, o meu filho mais novo queria ir almoçar comigo, mas quando dei por ela, já ele estava em sua casa e queria trabalhar...:(

Fiquei triste e resolvi ler poesia. Ontem li praticamente um romance inteiro. Comecei a lê-lo por curiosidade e depois interessou-me saber mais, acabei por lê-lo de fio a pavio, o que me não acontecia há meses, desde que li o Na kontra Ka kontra de Fernando Gouveia ou o Jesusalém de Mia Couto. O romance que li ontem está mal escrito e é demasiado leve, mas acabou por me interessar por se passar nas décadas em que mais vivi a Vida - 60 e 70 - e descrever episódios da sociedade de então que bem conheci. É de Julio Magalhães, o da TVI
e chama-se Um Amor
em Tempo de Guerra
( nome duma série inglesa que era fantástica). Acaba bem e deixa uma sensação de feel good que talvez me tenha animado, daí ter sonhado com algo tão belo.

Hoje encontrei um site só com poesia de Sophia.É um livro electrónico.
Registando-nos no site temos acesso a mais e-books. Nunca tinha experimentado nada no género e achei fantástico com uma pintura muito sugestiva.

Destaco um poema dela que me diz bastante, embora já não sinta esta angústia há muito:

CIDADE

Cidade, rumor e vaivém sem paz das ruas,
Ó vida suja, hostil, inutilmente gasta,
Saber que existe o mar e as praias nuas,
Montanhas sem nome e planícies mais vastas
Que o mais vasto desejo,
E eu estou em ti fechada e apenas vejo
Os muros e as paredes, e não vejo
Nem o crescer do mar, nem o mudar das luas.

Saber que tomas em ti a minha vida
E que arrastas pela sombra das paredes
A minha alma que fora prometida
Às ondas brancas e às florestas verdes.


Sophia de Mello Breyner Andresen