...em que só fazemos aquilo que nos apetece com vagar e todo o tempo do mundo. Sem pressão, sem dores demasiadas, sem grandes preocupações, com uns pozinhos de futilidade ou de consumismo, como queiramos chamar-lhe, acompanhados de gente anónima e de gente que nos atende com um sorriso quase conivente no cabeleireiro, no supermercado, na Leitura e até na Zara.
A crise forçou sorrisos aos empregados portugueses, habitualmente fechados e mal dispostos; dá-se-lhes emprego em troca dum sorriso permanente e dum trato user friendly dos clientes.
Dá gosto ser atendido por pessoas simpáticas e que "precisam" de nós para viver. Até aqui, ficava muitas vezes na dúvida se os empregados nas lojas queriam realmente vender alguma coisa ou se estavam mortos por que nós nos pirássemos ( é o termo!). Faziam sorrisos enjoados, diziam " não temos" e quase acrescentavam um " temos pena" doentio.
Hoje passeei-me pelo Cidade do Porto, arranjei o cabelo pois tenho de ir bonita para Leeds e ver a minha filha, não vejo a hora de a abraçar. Comprei uma malinha linda, pequena , só para documentos, dinheiro e pouco mais, não consigo transportar carteiras pesadas hoje em dia. É bom ter coisas novas de vez em quando!
Sentei-me no bar da Livraria Leitura e enquanto bebia um carioca de limão ( a bebida favorita do meu neto quando vem cá a casa!!) e comia um pecaminoso bolo de nóz , folheei o livro de Helena Sacadura Cabral, que é quase um blogue em papel com considerações sobre o que a autora valoriza na vida. Não fiquei interessada em o comprar, embora saiba que é uma pessoa com classe a todos os níveis. Já há muitos livros com cogitações íntimas e na era da Internet, em que tudo isso pode ser transmitido num blogue, num facebook ou twitter, onde é lido por centenas de pessoas, parece-me irrelevante que fique registado para a posteridade. Não censuro que se publiquem, as editoras lá sabem o que é que vende, mas há tantos escritores, poetas e historiadores que não arranjam editores para as suas obras originais e interessantes, que este tipo de livro - há-os às dezenas, neste momento - não me desperta nenhuma vontade de gastar dinheiro para o ler em casa.
Talvez um dia me arrependa de ter escrito isto e resolva publicar este blogue.....mas ainda muita água correrá debaixo da ponte. O livro em questão está no Top dos livros mais vendidos esta semana. As pessoas são curiosas ou bizarras, como diria o Principezinho.
O dia estava soalheiro, quente e radioso mesmo. Vim no autocarro a ouvir uns miudos das escolas a conversar naquela linguagem grosseira que agora se usa. Chocam-me cada vez mais as conversas que oiço casualmente, não há um fio à meada, não é português, é uma algaraviada boçal e sem pinga de humor.
Ontem li um artigo na net que dizia isto, que traduzo do inglês:
Há algo de errado numa sociedade em que as pessoas são incapazes de manter uma conversa com qualidade cara a cara.
O artigo é todo ele interessante e dá que pensar. As pessoas hoje em dia falam por cabo, por fibra óptica, sem fios, por satélite....mas não olhos nos olhos.
Já ninguém ouve ninguém.. todos falam muito e muito alto.
Relembro com saudades tantas conversas que tive com os meus Pais, com o meu ex- e com os meus filhos durante anos e anos. Fazem-me tanta falta!
Fica aqui a canção maravilhosa dos saudosos Simon & Garfunkel, cuja letra tem muito a ver com o que acabo de escrever.
A crise forçou sorrisos aos empregados portugueses, habitualmente fechados e mal dispostos; dá-se-lhes emprego em troca dum sorriso permanente e dum trato user friendly dos clientes.
Dá gosto ser atendido por pessoas simpáticas e que "precisam" de nós para viver. Até aqui, ficava muitas vezes na dúvida se os empregados nas lojas queriam realmente vender alguma coisa ou se estavam mortos por que nós nos pirássemos ( é o termo!). Faziam sorrisos enjoados, diziam " não temos" e quase acrescentavam um " temos pena" doentio.
Hoje passeei-me pelo Cidade do Porto, arranjei o cabelo pois tenho de ir bonita para Leeds e ver a minha filha, não vejo a hora de a abraçar. Comprei uma malinha linda, pequena , só para documentos, dinheiro e pouco mais, não consigo transportar carteiras pesadas hoje em dia. É bom ter coisas novas de vez em quando!
Sentei-me no bar da Livraria Leitura e enquanto bebia um carioca de limão ( a bebida favorita do meu neto quando vem cá a casa!!) e comia um pecaminoso bolo de nóz , folheei o livro de Helena Sacadura Cabral, que é quase um blogue em papel com considerações sobre o que a autora valoriza na vida. Não fiquei interessada em o comprar, embora saiba que é uma pessoa com classe a todos os níveis. Já há muitos livros com cogitações íntimas e na era da Internet, em que tudo isso pode ser transmitido num blogue, num facebook ou twitter, onde é lido por centenas de pessoas, parece-me irrelevante que fique registado para a posteridade. Não censuro que se publiquem, as editoras lá sabem o que é que vende, mas há tantos escritores, poetas e historiadores que não arranjam editores para as suas obras originais e interessantes, que este tipo de livro - há-os às dezenas, neste momento - não me desperta nenhuma vontade de gastar dinheiro para o ler em casa.
Talvez um dia me arrependa de ter escrito isto e resolva publicar este blogue.....mas ainda muita água correrá debaixo da ponte. O livro em questão está no Top dos livros mais vendidos esta semana. As pessoas são curiosas ou bizarras, como diria o Principezinho.
O dia estava soalheiro, quente e radioso mesmo. Vim no autocarro a ouvir uns miudos das escolas a conversar naquela linguagem grosseira que agora se usa. Chocam-me cada vez mais as conversas que oiço casualmente, não há um fio à meada, não é português, é uma algaraviada boçal e sem pinga de humor.
Ontem li um artigo na net que dizia isto, que traduzo do inglês:
Há algo de errado numa sociedade em que as pessoas são incapazes de manter uma conversa com qualidade cara a cara.
O artigo é todo ele interessante e dá que pensar. As pessoas hoje em dia falam por cabo, por fibra óptica, sem fios, por satélite....mas não olhos nos olhos.
Já ninguém ouve ninguém.. todos falam muito e muito alto.
Relembro com saudades tantas conversas que tive com os meus Pais, com o meu ex- e com os meus filhos durante anos e anos. Fazem-me tanta falta!
Fica aqui a canção maravilhosa dos saudosos Simon & Garfunkel, cuja letra tem muito a ver com o que acabo de escrever.