A minha Amiga Regina colocou no seu blogue vários cartoons, criticando a situação política e a burguesia - daqueles que há mais de um ano nos enxameiam os mails, os jornais, as revistas e a net.
Lemo-los com um sorriso nos lábios, às vezes têm pinta, outras vezes cansam de repetitivos. É como os Gatos Fedorentos, com muita graça, mas que já cansam.
Cá em Portugal, o paleio é muito e rotativo, a ignorância atrevida, as bocas enormes e o desejo de trabalhar muito pouco.
Trabalhei sempre muito - fui uma workaholic , mesmo quando as aulas na Escola Profissional de Música ou no ISAI eram miseravelmente pagas e tinha de ir para lá as 8.30 da manhã no meu dia livre. Houve um ano em que fiz três manuais escolares para a editora, tendo que trabalhar no meu quarto de cama, pois não tinha escritório. Sempre fiz o que podia para conseguir dar aos filhos uma educação de alto nível, como eu própria tinha tido, instrumentos musicais, CDs e vídeos. Nunca tiveram coisas luxuosas ou de marca e trabalharam no estrangeiro para lá estudarem. Ainda me lembro do meu filho a trabalhar na informática duma fábrica da Volkswagen em Munique e da minha filha a fazer sandes num snack bar Panini em Leeds, já bastante doente nessa altura.
Considero-me burguesa porque vivo bem, num apartamento duma zona chique - as razões por que vim para aqui são muitas e têm uma explicação simples: a minha filha tinha de viver perto de árvores, num andar baixo por razões de saúde e segurança, foi um sacrifício que fiz por ela e para estar perto do filho casado, pois a minha antiga casa era num 8º andar, sem verdes à volta. Este apartamento é menos bom em certos aspectos do que o outro, mas tem o jardim botânico ao pé e isso é benéfico para ela. Olha em volta e pensa que está em Inglaterra....no seu Yorkshire.
Estou cansada de ouvir dizer que temos de dar aos menos afortunados o nosso contributo, a minha reforma vai perder quase 200 euros em 2013 e já baixou outro tanto desde que me reformei.
Pergunto-me se é justo que sejamos nós a pagar o Estado Social quando, para termos saúde, nos deslocamos sempre a médicos privados, pagamos escolas privadas aos nossos filhos e netos sem pedir nem um tostão ao Estado, trabalhamos como todos - e como tolos - para o bem geral e mereceríamos um reforma decente ao fim de 37 anos de trabalho público... Sim, é justo?
Sou burguesa...como o são 90% dos que andam nas ruas a reclamar contra o governo.
Vivem em casas boas, pagam rendas irrisórias muitos deles, servem-se do SNS a torto e a direito. As minhas empregadas, a anterior e a de agora fizeram ambas operações nos hospitais públicos à nossa custa, têm baixas a toda a hora, consultas, remédios sem pagar quase nada. A actual frequenta a universidade sem pagar propinas, tem viagens para Angola oferecidas e mesmo assim chora-se constantemente por falta de meios. Só trabalha quando lhe apetece, falta mais do que vem.
Sim, sou burguesa, porque tive uma educação de elite, de que muito me orgulho e com a qual espero poder viver decentemente até desaparecer. Isso não me podem tirar.
Gosto de ter dinheiro. Não pelo dinheiro. Mas porque, com ele, posso ajudar a minha filha quando ela tem uma crise, posso apoiar os meus netos a aprender música, pude pagar ao meu filho um curso de Direito na Católica, posso ter um Mac para escrever o meu blogue, posso tirar fotografias com uma Lumix, posso ver séries boas na TV, comprar materiais de pintura... ser um bocadinho feliz e sonhar mais alto.
É pecado ser burguês?
E os que aí andam a reclamar depois de terem recebido benesses do Estado durante seis anos que dizimaram as contas públicas, esses não são burgueses???
Mostrem-me as suas casas, as suas TVs, as suas viagens, as suas roupas, as suas atividades de lazer, as suas refeições, os seus perfis no facebook, as suas máquinas fotográficas, os seus carros, as suas casas de campo....sim, provem-me que não são burgueses.... e depois protestem!!
Desculpem, mas isto é um desabafo....que não consegui abafar.
É que às vezes a rolha salta!
Lemo-los com um sorriso nos lábios, às vezes têm pinta, outras vezes cansam de repetitivos. É como os Gatos Fedorentos, com muita graça, mas que já cansam.
Cá em Portugal, o paleio é muito e rotativo, a ignorância atrevida, as bocas enormes e o desejo de trabalhar muito pouco.
Considero-me burguesa porque vivo bem, num apartamento duma zona chique - as razões por que vim para aqui são muitas e têm uma explicação simples: a minha filha tinha de viver perto de árvores, num andar baixo por razões de saúde e segurança, foi um sacrifício que fiz por ela e para estar perto do filho casado, pois a minha antiga casa era num 8º andar, sem verdes à volta. Este apartamento é menos bom em certos aspectos do que o outro, mas tem o jardim botânico ao pé e isso é benéfico para ela. Olha em volta e pensa que está em Inglaterra....no seu Yorkshire.
Estou cansada de ouvir dizer que temos de dar aos menos afortunados o nosso contributo, a minha reforma vai perder quase 200 euros em 2013 e já baixou outro tanto desde que me reformei.
Pergunto-me se é justo que sejamos nós a pagar o Estado Social quando, para termos saúde, nos deslocamos sempre a médicos privados, pagamos escolas privadas aos nossos filhos e netos sem pedir nem um tostão ao Estado, trabalhamos como todos - e como tolos - para o bem geral e mereceríamos um reforma decente ao fim de 37 anos de trabalho público... Sim, é justo?
Sou burguesa...como o são 90% dos que andam nas ruas a reclamar contra o governo.
Vivem em casas boas, pagam rendas irrisórias muitos deles, servem-se do SNS a torto e a direito. As minhas empregadas, a anterior e a de agora fizeram ambas operações nos hospitais públicos à nossa custa, têm baixas a toda a hora, consultas, remédios sem pagar quase nada. A actual frequenta a universidade sem pagar propinas, tem viagens para Angola oferecidas e mesmo assim chora-se constantemente por falta de meios. Só trabalha quando lhe apetece, falta mais do que vem.
Sim, sou burguesa, porque tive uma educação de elite, de que muito me orgulho e com a qual espero poder viver decentemente até desaparecer. Isso não me podem tirar.
Gosto de ter dinheiro. Não pelo dinheiro. Mas porque, com ele, posso ajudar a minha filha quando ela tem uma crise, posso apoiar os meus netos a aprender música, pude pagar ao meu filho um curso de Direito na Católica, posso ter um Mac para escrever o meu blogue, posso tirar fotografias com uma Lumix, posso ver séries boas na TV, comprar materiais de pintura... ser um bocadinho feliz e sonhar mais alto.
É pecado ser burguês?
E os que aí andam a reclamar depois de terem recebido benesses do Estado durante seis anos que dizimaram as contas públicas, esses não são burgueses???
Mostrem-me as suas casas, as suas TVs, as suas viagens, as suas roupas, as suas atividades de lazer, as suas refeições, os seus perfis no facebook, as suas máquinas fotográficas, os seus carros, as suas casas de campo....sim, provem-me que não são burgueses.... e depois protestem!!
Desculpem, mas isto é um desabafo....que não consegui abafar.
É que às vezes a rolha salta!