terça-feira, 6 de novembro de 2012

Outono







Ouço sem ver, e assim, entre o arvoredo,


Ouço sem ver, e assim, entre o arvoredo, 
Vejo ninfas e faunos entremear 
As árvores que fazem sombra ou medo 
E os ramos que sussurram de eu olhar.
Mas que foi que passou? Ninguém o sabe. 
Desperto, e ouço bater o coração - 
Aquele coração em que não cabe 
O que fica da perda da ilusão.

Eu quem sou, que não sou meu coração?



Fernando Pessoa